O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de pimenta-do-reino, com estimativa de produção de 33.000 t em 2008. É um importante produto agrícola da pauta de exportação do Estado do Pará, contribuindo com quase 90% da produção nacional. A doença fusariose causada pelo fungo Fusarium solani f. sp.piperis é a principal causa de redução do ciclo produtivo e elevação dos custos de produção. Detectada a doença, em menos de dois anos a área está totalmente dizimada. Estima-se que mais de 20 milhões de plantas morreram devido a essa doença, a qual reduz em 10% as áreas cultivadas, correspondendo a uma perda de 5 milhões de dólares por ano. A forma de propagação comercial por propagação vegetativa favoreceu a disseminação da doença associada à vulnerabilidade genética. O combate por tecnologias de manejo da cultura mantém em nível economicamente viável o cultivo, mas a forma de solucionar este problema será por meio de cultivares que sejam resistentes e/ou tolerantes a doença e produtivas. Outras doenças têm reflexos na produção como a murcha amarela ( Fusarium oxysporum) e viroses (CMV e PYMoV). Atualmente, sete cultivares são recomendadas para o cultivo, as quais se diferenciam pelo tamanho da espiga, resistência à murcha amarela, período de frutificação, capacidade de enraizamento das estacas, precocidade, forma das folhas, coloração dos brotos, tamanho e densidade dos grãos, produtividade. Há ausência de fonte de resistência dentro da espécie, mas há espécies de Pipers nativas da Amazônia que são resistentes à doença fusariose no BAG da Embrapa Amazônia Oriental. Nesse sentido, uma alternativa para o melhoramento é a introgressão de genes das plantas nativas. Há interesse dos produtores em cultivares com boa produtividade, espiga longa, resistência à murcha amarela, grão graúdos e alta densidade, boa capacidade de enraizamento das estacas, ciclo precoce, e mais adaptados às condições de cultivo. O objetivo deste projeto é gerar variabilidade genética para resistência à doença fusariose por meio da introgressão de genes de plantas nativas nas plantas cultivadas; produzir híbridos intraespecíficos resistentes à murcha amarela e demais características agronômicas almejadas; e desenvolver as ferramentas de biologia celular e molecular para dar suporte ao programa de melhoramento. Cruzamentos controlados inter e intraespecíficos serão realizados; as técnicas in vitro serão aplicadas para desenvolvimento e/ou adaptação do processo de micropropagação para clonagem das cultivares e produção de mudas livres de doenças, e clonagem dos genótipos selecionados; desenvolvimento de marcadores moleculares do tipo microssatélite específico para pimenteira-do-reino para estudo da diversidade genética e genotipagem; microenxertos utilizando Piper nativas e cultivares; e caracterização citogenética das cultivares e espécies de Pipers nativas. Envolverá uma rede de pesquisa participando a Embrapa Amazônia Oriental, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP (Piracicaba-SP), Universidade Federal do Pará - UFPA (Campus Bragança-PA), e Universidade Federal de Viçosa (viçosa-MG), estudantes de graduação e pós-graduação das instituições envolvidas, e parcerias com organizações sociais de produtores na seleção dos híbridos intraespecíficos. Será um passo fundamental na tentativa de solucionar o problema da fusariose em pimenteira-do-reino, além de consolidar um grupo de pesquisa em formação em biologia avançada envolvidos com a cultura da pimenteira-do-reino. Os impactos serão visualizados com o aumento do ciclo produtivo da cultura e da produtividade advindo das novas cultivares geradas e propagação de mudas livres de doenças, concorrendo para maior geração de renda e empregos, e menores danos ao meio ambiente pela redução do uso de defensivos agrícolas e tutores mortos provenientes do desmatamento da floresta.