O contrato foi celebrado em janeiro último entre a Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) e a empresa Proteios, com o objetivo de ampliar a adoção de um sistema de produção de plantio adensado com podas sucessivas, com foco no manejo para aumento da produtividade, em áreas de cultivo com ora-pro-nóbis no município de Palmeira, no Paraná. O interesse da Proteios sobre o uso do sistema de produção com a ora-pro-nóbis, do grupo das hortaliças tradicionais, decorreu dos resultados alcançados em ensaios realizados pela Embrapa Hortaliças. Em algumas áreas onde é usado esse sistema, objeto do contrato, a colheita já ocorre pela terceira vez consecutiva. Empresa voltada para a área de nutrição funcional, a Proteios desenvolve para a indústria de alimentos funcionais e nutracêuticos o Complemento Nutricional Funcional (CNF), proteína vegetal em pó produzida com folhas de ora-pro-nóbis. A hortaliça apresenta em sua composição nutricional uma elevada concentração de proteína, cerca de 28% de matéria seca, que é apresentada em forma de farinha para ser utilizada para enriquecer alimentos e bebidas. O desempenho da hortaliça tradicional nos campos do Paraná surpreendeu o pesquisador Nuno Madeira, da área de Fitotecnia, e que vem acompanhando o cultivo da ora-pro-nóbis na região. "Esperávamos colher uma vez ou duas no primeiro ano de plantio, e uma colheita a mais é uma prova de que o sistema de produção que foi adotado para a cultura funciona muito bem", avalia o pesquisador, que registrou a performance da ora-pro-nóbis durante dia de campo realizado em Palmeira no dia seis de abril, quando foi exposta a parte agronômica do processo. A proposta de trabalho como um todo, envolvendo a parceria com a Proteios, foi exposta em seminário naquele município, no dia oito de abril, e que reuniu produtores, extensionistas, pesquisadores e representantes da empresa de nutrição funcional. "A grande contribuição da Embrapa Hortaliças nessa parceria refere-se ao sistema de produção em plantio adensado com podas sucessivas, o que confere um certo domínio sobre a planta que, por ser muito robusta e vigorosa, cresce demais, o que dificulta o manuseio por causa dos espinhos", acentua Madeira. Segundo o pesquisador, são implantadas cerca de 4.700 plantas por hectare, enquanto anteriormente eram por volta de 1500 a 2000 plantas por hectare. Esse manejo e o consequente incremento produtivo tem estimulado produtores da região a assinar contrato com a Proteios, que já firmou acordo com mais de 300 produtores, interessados em produzir para a empresa. "Alguns desses produtores plantavam a ora-pro-nóbis no quintal, não para consumo ou comercialização, mas para usar como cerca viva – diferentemente de Minas Gerais, no Sul do Brasil não existe tradição de comer a planta", assinala Madeira. "Com a comercialização da ora-pro-nóbis, os produtores agregaram mais valor ao seu produto". Metodologia Além do cultivo da hortaliça, e antes da entrega para a indústria, os produtores executam algumas tarefas relacionadas à etapa de processamento: após a colheita, é feita a desfolha no barracão, quando as folhas são picadas, e em seguida colocadas em uma estufa para serem desidratadas. Só após a desidratação, o produto segue para o processo industrial para moagem, padronização e embalamento.