Dia de Campo aborda cultura do café no Acre
Dia de Campo aborda cultura do café no Acre
Apresentar resultados de pesquisa, divulgar tecnologias para fortalecimento da cultura do café e discutir demandas tecnológicas da produção familiar. Com esta finalidade a Embrapa e o governo do Acre realizaram Dia de Campo, no dia 10 de junho. Mais de 200 pessoas, entre agricultores, técnicos da extensão rural, pesquisadores, estudantes e profissionais de empresas torrefadoras participaram da atividade, no campo experimental da instituição, localizado no quilômetro 14 da BR-364 (sentido Rio Branco/Porto velho), a partir das 8h.
A programação incluiu palestras com pesquisadores da Embrapa Acre (Rio Branco) e Rondônia (Porto Velho) e visitas a experimentos no campo. O evento, realizado em parceria com a Secretaria de Agropecuária do Acre (Seap), o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae/AC) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/AC), teve o apoio da prefeitura de Acrelândia e do Instituto de Desenvolvimento da Educação Profissional Dom Moacyr.
As distintas estações abordaram o cultivo por semente e clonal, controle de doenças e pragas do cafeeiro, diferencial da lavoura de café irrigado e não irrigado, colheita, secagem de grãos e dados econômicos do cultivo de café no Acre. Além destes fatores, o público pode conhecer resultados de pesquisas com novas variedades para o Estado.
A Embrapa Acre desenvolve pesquisas com café desde a década de 1980. Segundo a pesquisadora Aureny Lunz, entre os principais resultados desse trabalho está a recomendação de três cultivares para o Estado, duas da espécie Coffea arabica (grupo Catuaí e Icatu) e uma da espécie Coffea canephora. Atualmente, os estudos contam com a parceria da Embrapa Rondônia e têm como foco o café conilon. "Durante o Dia de Campo vamos apresentar dados de pesquisas para desenvolvimento de variedades mais resistentes a doenças e mais produtivas", explica.
Potencial para a cultura
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Claudenor Sá, o Acre tem potencial para a cultura do café pois existem condições de clima e solo favoráveis para o cultivo do grão. "Há uma forte demanda de mercado, mas boa parte do café consumido aqui vem de outros estados. Com a adoção de tecnologias e recomendações da pesquisa para o cultivo, a cultura pode ser bastante viável", afirma.
Por demandar muita mão de obra, a cafeicultura representa uma alternativa para gerar renda e ajudar a fixar as famílias no campo. Entretanto, problemas como incidência de pragas e doenças e ausência de conhecimentos relacionados às boas práticas no manejo da cultura limitam a produção.
Foram apresentados resultados de experimentos com melhoramento genético do café, envolvendo aspectos como adaptação de clones às condições locais de clima e solo, produtividade e grau de resistência a pragas e doenças. Já em relação à viabilidade econômica da cultura no Acre, o evento divulgou dados relativos aos coeficientes técnicos e custo de produção, resultantes de estudos realizados com agricultores de quatro municípios acreanos: Brasileia, Assis Brasil, Acrelândia e Plácido de Castro.
Livro Café na Amazônia
Além de conhecimentos técnicos que foram compartilhados pelos pesquisadores, os participantes tiveram acesso a publicações diversas sobre a cultura, incluindo o livro "Café na Amazônia", que foi lançado durante o evento. Publicada pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Usina Hidrelétrica de Jirau, com apoio do Consórcio Pesquisa Café e da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri/RO), a obra reúne e atualiza conhecimentos gerados pela pesquisa, nos últimos 40 anos, nos estados amazônicos.
De acordo com o pesquisador Marcelo Curitiba, especialista na cultura do café, a publicação busca contemplar um público variado, oferecendo informações de caráter científico, técnico e acadêmico, que mostram como é a produção do grão na Amazônia e destacam aspectos relevantes para o seu cultivo na região. "A ideia é que esse rico acervo possa chegar a agricultores plantadores de café, agentes financeiros responsáveis pelo financiamento da produção, extensionistas envolvidos com a orientação técnica da cafeicultura, além de estudantes em formação entre outros atores que pretendem cultivar ou participar dos esforços para ampliar os cultivos, melhorar a produção e fortalecer o setor cafeeiro amazônico", destaca. O livro pode ser adquirido pelo público do Dia de Campo, ao preço promocional de 50 reais.
Produção nacional
A cafeicultura é uma importante atividade agrícola para o Brasil e uma das commodities mais negociadas do agronegócio nacional. De acordo com levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área total ocupada com café no país é de 1,94 milhão de hectares e a produtividade média nacional é de 25,58 sacas de 60kg/hectare. A produção de café arábica e conilon, estimada para 2016, é de 49,67 milhões de sacas do produto beneficiado, 14,9% a mais que o total produzido ano passado, de 43,24 milhões de sacas.
Ainda de acordo com estimativas do órgão, o café arábica deverá responder por 81% da produção nacional e o conilon, por 19%. A produção de café arábica se concentra em Minas Gerais e São Paulo, enquanto de café conilon está mais concentrada no Espírito Santo, Bahia e Rondônia. No ranking nacional, o maior produtor é Minas Gerais (28,5 milhões de sacas), seguido do Espírito Santo (9,5 milhões de sacas), São Paulo (5,5 milhões de sacas) Bahia (2,6 milhões de sacas), Rondônia (1,6 milhão de sacas) e Paraná (1,1 milhão de sacas). Estes estados respondem por 98% da produção nacional.
No Acre, a área cultivada é cerca de 2 mil hectares e 90% deste total são ocupados por café conilon e as lavouras são predominantes entre agricultores familiares, com pequenos plantios de até três hectares. Segundo dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (Seap), a produção de café estimada para a safra deste ano é de 28 mil sacas do grão, correspondente a 1,4 mil toneladas de grão. Os principais produtores são os municípios de Acrelândia, Plácido de Castro e Manoel Urbano e os cultivos mais expressivos não ultrapassam 50 hectares.
Com o objetivo de fortalecer a produção local, nos últimos anos, o governo do Estado, em parceria com a Embrapa, Sebrae e outras instituições de apoio ao setor produtivo tem investido em capacitação dos agricultores e mecanização de áreas para cultivo de café em diversos municípios, bem como em iniciativas para facilitar o acesso a mudas de qualidade e investimentos em equipamentos como secadores e descascadores para beneficiamento do produto.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre
Contatos para a imprensa
acre.imprensa@embrapa.br
Telefone: (68) 3212-3250
Colaboração: Ana Flávia Soares
Embrapa Acre
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/