Workshop "Nichos de mercado para o setor agroindustrial" acontece em setembro, em Campinas (SP) Apesar de ser um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, com cerca de 12 mil espécies de plantas já catalogadas, o Cerrado ainda é pouco explorado pelo setor agroindustrial brasileiro. Por isso, o potencial de uso de suas espécies nativas será um dos assuntos abordados no workshop "Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial", que acontece nos dias 21 e 22 de setembro em Campinas (SP). Organizado pela Embrapa com apoio institucional da Unicamp, o evento terá mais de 20 palestras e debates sobre o potencial de utilização de frutas e plantas típicas do Brasil em diversos ramos da agroindústria. O potencial de uso de espécies nativas aromáticas do Cerrado será tema da palestra "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em óleos essenciais de espécies nativas do Cerrado Brasileiro", a ser ministrada pelo pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos Humberto R. Bizzo. "Segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado tem 12 mil espécies vegetais já classificadas, mas poucas foram estudadas do ponto de vista de possíveis usos", explica Bizzo. Há quatro anos, ele e o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Roberto Vieira se uniram com o objetivo de colocar os aromas do Cerrado pela primeira vez na paleta internacional de aromas e perfumes. E descobriram que a paleta utilizada por perfumistas de todo o mundo conta com aproximadamente três mil ingredientes, mas nenhum inclui matérias-primas desse bioma. A partir desta constatação, teve início o projeto "Espécies Aromáticas do Cerrado", em que os pesquisadores saíram a campo para buscar aromas e óleos essenciais em plantas do Cerrado. Para facilitar a avaliação, os cientistas montaram estruturas para a extração e caracterização de óleos no próprio campo, com equipamentos que permitiam a rápida análise do material coletado. Em dois anos, entre 2012 e 2014, foram coletadas 118 amostras de espécies representativas de 50 famílias. O projeto está agora na sua segunda fase, que se estenderá até 2018 e cujo foco será a avaliação olfativa e caracterização química das amostras coletadas. Para esta fase, foi firmado um contrato de cooperação técnica com a multinacional de essências Givaudan, que fará a avaliação olfativa das espécies coletas para identificar ingredientes que tenham aplicação potencial na indústria de fragrâncias e cosméticos. No workshop, o farmacêutico Maurício Cella ministrará a palestra "Givaudan e o potencial de desenvolvimento de fragrâncias com espécies nativas brasileiras". Cerrado também é berço de sabores Pequi, maracujá do mato e coquinho azedo são apenas três das diversas frutas cujo berço de origem é o bioma Cerrado. O Brasil ocupa hoje a terceira posição no quesito produção mundial de frutas frescas, e quase tudo o que é colhido é destinado ao abastecimento interno. A maioria das plantas e árvores frutíferas é explorada principalmente em pequenas e médias propriedades, incluindo a agricultura familiar. Esse cenário indica a possibilidade de expansão do mercado de frutas produzidas no País. Algumas frutas tem até quatro aptidões ao mesmo tempo: consumo in natura, processamento industrial, ornamental e funcional (referente à qualidade da polpa). É o caso da BRS Pérola do Cerrado, primeira cultivar de maracujá silvestre lançada pela Embrapa em 2015 e que já está na mesa dos consumidores de algumas regiões do País. Essas características têm despertado o interesse de muitos fruticultores e consumidores, com uma perspectiva de fortalecimento e crescimento da cadeia produtiva. O tema fruticultura será abordado em dois momentos durante o workshop "Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial": na palestra "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em frutas nativas brasileiras", que será ministrada pelo pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Rodrigo Franzon e no estudo de caso "Sítio do Bello: uma experiência de produção de frutas de espécies nativas brasileiras". O foco da palestra de Rodrigo será as frutíferas nativas do Sul do Brasil, já que o pesquisador trabalha atualmente com o melhoramento genético do pessegueiro. Já o estudo de caso será apresentado pelo fruticultor Douglas Bello, que há 14 anos fundou o Sítio do Bello para pesquisar, desenvolver produtos e divulgar as frutas nativas do Brasil como um caminho para a preservação de espécies muitas vezes em risco de extinção. Manejo e extrativismo sustentável de espécies do Cerrado serão tema de palestra Conhecer melhor e agregar valor ao bioma Cerrado sempre foi prioridade para a Embrapa. Atualmente, a empresa conta diversos projetos em execução que visam não apenas à descoberta, mas também ao manejo e extrativismo sustentável de espécies de frutas, plantas medicinais, madeireiras, entre outras. Um deles, o Bem Diverso, realizado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), será apresentado durante o workshop pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Aldicir Scariot. Na palestra "Agroextrativismo: potencial socioeconômico e conservação da biodiversidade", a mensagem principal será mostrar que a conservação e o uso sustentável da biodiversidade local são as formas mais eficientes de vincular o desenvolvimento econômico à conservação da diversidade biológica e cultural. "Além dos aspectos ambientais, o nosso objetivo é contribuir para a inserção produtiva das muitas populações que sobrevivem dos recursos naturais extraídos em seus biomas, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos e outros povos que compõem o patrimônio histórico e cultura do País", adianta Scariot. Com o tema "Espécies nativas do Brasil: Conhecimentos e Tecnologias", o workshop "Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial" é voltado para profissionais da indústria, da produção rural, dos setores de alimentos, recursos florestais e cosméticos, pesquisadores e representantes do governo, visando fomentar a diversificação de produtos e insumos, promover o conhecimento e identificar oportunidades de negócios. O evento é promovido pela Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o apoio institucional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de associações representativas dos setores, como Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Essenciais, Produtos Químicos Aromáticos e Afins (ABIFRA); Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC); Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA); Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS); Associação Brasileira de Psicultura (PeixeBR) e do Instituto de Pesquisas e Estudos da ABIHPEC. Os interessados em participar do evento podem se inscrever aqui. Agenda Workshop Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial Data: 21 e 22 de setembro de 2016 Horário: A partir das 8h Local: Auditório 5 da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, localizado na rua Albert Sabin, sem número - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" - Distrito de Barão Geraldo - Campinas - SP Mais informações:www.embrapa.br/workshopnichos2016 Palestra: "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em óleos essenciais de espécies nativas do Cerrado Brasileiro" Por Humberto R. Bizzo, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos Data: 22 de setembro Horário: 14h30 Palestra: "Givaudan e o potencial de desenvolvimento de fragrâncias com espécies nativas brasileiras" Por Maurício Cella, farmacêutico da Givaudan Data: 22 de setembro Horário: 16h30 Palestra: "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em frutas nativas brasileiras" Por Rodrigo C. Franzon, pesquisador da Embrapa Clima Temperado Data: 21 de setembro Horário: 14h45 Palestra: "Sítio do Bello: uma experiência de produção de frutas de espécies nativas brasileiras" Por Douglas Bello,químico e proprietário do Sítio do Bello Data: 21 de setembro Horário: 15h Palestra: "Agroextrativismo: potencial socioeconômico e conservação da biodiversidade" Por Aldicir Scariot, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Data: 21 de setembro Horário: 11h10