20/09/16 |   Manejo de Recursos Hídricos

Situação da água no Cerrado foi apresentada na Câmara dos Deputados

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O dia do cerrado, comemorado no último dia 11 de setembro, foi lembrado na manhã do último dia 15, durante o seminário "Cerrado: perspectivas e desafios do segundo maior bioma brasileiro", realizado na Câmara dos Deputados. A abertura do seminário foi feita pelo presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Cerrado, o deputado Augusto Carvalho, que mencionou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504, já aprovada no Senado, que inclui o Cerrado e a Caatinga entre os biomas considerados patrimônio Nacional.

O pesquisador da Embrapa Cerrados Jorge Werneck Lima foi um dos palestrantes no evento e falou sobre a importância ambiental, econômica e social das águas do Cerrado.

Jorge Lima iniciou sua fala mostrando a importância hidrológica do bioma para o Brasil. " O Cerrado contribui para oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras", explicou. Dados apresentados pelo pesquisador mostram que cerca de 70% da água que sai na foz da bacia do Tocantins-Araguaia vem do Cerrado. O bioma é responsável também por 90% da vazão da foz rio São Francisco e por cerca de 50% da água que sai da foz do rio Paraná, citando alguns exemplos apresentados. Ele mostrou ainda que cerca de 50% da energia hidrelétrica do país depende das águas que vem desse bioma.

O Cerrado é considerado o "berço das águas" e funciona como um grande reservatório. Segundo Jorge Lima, isto é devido às características de seus solos que tem uma capacidade boa de infiltração da água da chuva e armazenamento em profundidade. No entanto, o especialista alerta que a vazão de alguns rios está diminuindo. Ele afirmou que são necessários mais estudos que justifiquem o fenômeno, mas adianta que dados colhidos em 60 estações mostram uma tendência de modificação do regime de chuvas. "Por sua extensão, com divisa com diferentes biomas, o Cerrado possui grande variabilidade hidrológica, com diferentes regimes de chuva. As chuvas estão diminuindo em quantidade e mudando seu regime em algumas áreas", afirmou.

Para ele existe uma relação direta entre as chuvas, recarga do lençol freático e a vazão de água na foz de um rio. "Se o lençol freático está na média (da capacidade de água armazenada) e a chuva cai na média, o rio consegue manter a vazão na média. Mas se o lençol freático está abaixo da média, mesmo a chuva caindo na média, alguns dados demonstram que a vazão continua caindo", explicou. Dessa forma seria necessário chover acima da média para que haja recomposição da reserva de água e retorno das vazões aos níveis normais.

O pesquisador exemplificou com dados colhidos na Bacia do Pipiripau, localizada na região nordeste do Distrito Federal, a 55 Km do centro de Brasília. Um gráfico comparativo por décadas mostra que na década de 70 a chuva média na região era de 1500 mm por ano. Já nas duas últimas décadas seguintes foi de 1200 mm por ano e no ano passado, que foi um ano atípico, choveu entre 700 e 900 mm. Na mesma ordem, o regime de vazão média que era de 3 metros cúbicos por segundo (ou 3000 L/s) agora são de menos de 2 m3 por segundo. "O uso da água para irrigação e a captação pela companhia de saneamento não justificam toda essa queda de vazão na bacia", afirma Jorge Lima.

A Irrigação com pivô central tem crescido 5,2% ao ano em média no Cerrado nos últimos 10 anos. Com período de cinco a seis meses de seca, a irrigação é uma técnica que se adequa bem a esse ambiente. "É preciso planejamento considerando a capacidade de suporte de nossas bacias. Na região do Rio preto, no DF, por exemplo, 30% da área irrigada está parada por falta de água. " O pesquisador foi enfático ao dizer que é preciso respeitar as leis, e utilizar de forma sustentável os recursos hídricos da região. "Independentemente do sistema de irrigação usado, seja pivô, seja gotejamento ou outro, é muito importante o manejo correto, e temos excelentes tecnologias para isso" disse.

Outro alerta feito por Jorge Lima foi em relação à qualidade da água. "Este problema está associado com o processo de urbanização. É preciso evoluir em estudos nesta área, mas existem rios hoje que são verdadeiros esgotos. Isto porque existem mais pessoas dependentes da bacia do que elas suportam", advertiu. Para ele a falta de planejamento nos processos de assentamento são um dos fatores para essa desordem ambiental.  "Precisamos juntar ciência, sociedade e instituições e tomar decisões em todas as instâncias com base em conhecimento", Concluiu.

O evento foi promovido pelo Comitê Gestor de Sustentabilidade da Câmara dos Deputados (EcoCâmara) e pela Rede de Sementes do Cerrado e contou também com a participação do professor no Departamento de Ecologia da UnB Carlos Klink.

Rose Lane César (MTb 2978/13/74/DF)
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