O manejo sanitário dos bovinos de corte exerce importância fundamental na condução dos sistemas de produção, impedindo que as enfermidades se disseminem dentro do rebanho causando prejuízos econômicos ao sistema. A estratégia compreende medidas profiláticas – vacinas e vermífugos - e o controle de doenças, por meio de medicamentos.
 
As vacinas, tecnologia eficiente para a prevenção e monitoramento de determinadas doenças, são antígenos de várias categorias, capazes de estimular, no organismo que os recebe, um estado de resistência parcial ou total, contra uma determinada infecção. Desde ontem, 1º de maio, aproximadamente, 19 milhões de bovinos e bubalinos de Mato Grosso do Sul serão imunizados contra a febre aftosa, na região do Planalto e Pantanal.
 
De acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), essas regiões sul-mato-grossenses tem status livre de aftosa desde 2008 e, em 2011, a fronteira do Estado também foi enquadrada, frutos dos esforços dos produtores rurais de MS, ao lado da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
 
"Salientamos as medidas de vigilância e controle da febre aftosa, pois é a principal barreira sanitária imposta pelos países importadores, que podem decretar o embargo de produtos de origem animal. O conhecimento sobre o agente etiológico e o comportamento da doença são imprescindíveis para traçar estratégias de controle e tomada de decisões. A aftosa é uma enfermidade infecciosa viral que apresenta alta capacidade de disseminação e grande impacto, em razão das perdas na produção de carne e leite e das consequências políticas, sociais e econômicas associadas", destaca Vanessa Felipe de Souza, pesquisadora e virologista da Embrapa.
 
Assim sendo, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, abriu, simbolicamente, no último dia 30, a vacinação contra a febre aftosa em MS na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, fortalecendo as ações de prevenção da Iagro no Estado. A imunização é obrigatória em todo o país e o pecuarista que não a fizer é penalizado com multa e sua ficha sanitária bloqueada na Iagro, desta forma, não é possível transportar ou comercializar qualquer animal.
 
"Somente quem tem um rebanho sabe o problema que é a febre aftosa e o seu impacto negativo na economia, tanto para ele, produtor, como para o Estado. Mato Grosso do Sul, há 10 anos, tinha um abate médio de 36 a 46 meses; hoje está ao redor de 24 meses e isso graças à adoção de tecnologias que incrementam a produção de carne do Estado. Com informações, conhecimento e unindo esforços permaneceremos uma zona livre de aftosa", ressalta Cleber Oliveira Soares, pesquisador em Sanidade Animal da Embrapa e atual chefe-geral da Embrapa Gado de Corte.
 
Calendário de vacinação de Mato Grosso do Sul

• Fronteira: de 1º de abril até 15 de maio
• Planalto: de 1º a 31 de maio
• Pantanal: o produtor opta por vacinar no período de 1º de maio a 15 de junho ou de 1º novembro a 15 de dezembro

A região de Fronteira, denominada como Zona de Alta Vigilância (ZAV), possui 4% do rebanho estadual e é o território vizinho à Bolívia e ao Paraguai, composto por 13 municípios: Antônio João, Aral Moreira, Bela Vista, Caracol, Coronel Sapucaia, Corumbá, Japorã, Ladário, Mundo Novo, Paranhos, Ponta Porã, Porto Murtinho e Sete Quedas.
 
O Pantanal, com 14% do rebanho, é composto pelas áreas inundáveis de Corumbá, Ladário e em parte dos municípios de Coxim, Miranda, Aquidauana, Porto Murtinho e Rio Verde de Mato Grosso.
 
Com 82% dos bovinos e bubalinos de MS, o Planalto é formado pelos demais municípios fora das regiões citadas, onde não há inundação nos períodos chuvosos.