11/05/15 |   Produção animal

Artigo: Febre aftosa, estamos no caminho certo

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O mês de maio traz consigo uma nova etapa de vacinação contra a febre aftosa. Embora a campanha não seja exatamente uma novidade para a grande maioria dos criadores, nunca é demais relembrar alguns pontos que fazem toda a diferença para que o processo de vacinação tenha sucesso sem maiores contratempos.
 
Nesse sentido, o planejamento é essencial, pois como a campanha é regionalizada, o produtor deve estar atento para não perder o período estipulado, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a sua região ou estado, para realizar a vacinação. Por questões epidemiológicas, na maioria das regiões as campanhas ocorrem em duas etapas e para diferentes categorias, sendo mais comum ser dividida em animais de até 24 meses, ou em todo o rebanho, a chamada "etapa cheia" ou "mamando a caducando". Essa ordem pode variar entre as campanhas, conforme decisão do Mapa.
 
A conservação da vacina é outro ponto crítico no processo. É fundamental se certificar que a vacina esteja refrigerada, entre 2°C e 8°C, desde a compra até o momento da aplicação nos animais. Isso pode ser feito mantendo os frascos em caixas térmicas com três partes de gelo reutilizável e uma parte de vacina, durante o transporte até o momento da aplicação. Para percursos longos é recomendado levar caixas térmicas com gelo reutilizável adicional para reposição. Na propriedade, o mais indicado é que os frascos fiquem armazenados, até o uso, em um refrigerador com termômetro que indique máxima e mínima temperaturas e que não seja aberto frequentemente.
 
A febre aftosa é uma doença que afeta animais de casco bipartido, como por exemplo, bovinos, búfalos, suínos, caprinos, ovinos e animais silvestres de casco fendido, mas somente devem ser vacinados bovinos e búfalos, sempre com 5 mL de vacina, independente da idade do animal, conforme o calendário de vacinação do Ministério. O local de escolha para aplicação é a tábua do pescoço, mas a vacina pode ser aplicada tanto no músculo (intramuscular) quanto embaixo da pele (subcutânea).
 
Destaca-se ainda a contribuição de uma boa higiene no resultado final, pois a condição de limpeza do local escolhido para aplicar a vacina, o asseio das mãos do vacinador, a condição das pistolas e a utilização de agulhas limpas, em bom estado de conservação e trocadas frequentemente (a cada 10 animais ou a cada preenchimento da pistola), pode evitar a formação de reações vacinais exacerbadas.
 
Não menos importante, se deve assegurar que o rebanho esteja saudável, descansado e seja manejado de forma tranquila, de preferência nas horas mais frescas do dia, respeitando seu comportamento natural e assim oferecendo condições para que expresse seu melhor potencial imunológico. É o chamado efeito protetor do rebanho, que pode ser definido como a resistência da população à introdução ou disseminação do agente infeccioso. Por isso é essencial que cada produtor faça a sua parte, pois se apenas um deixar de vacinar todos perdem.
 
Apesar das perdas severas na produção de carne e leite, a principal perda causada pela febre aftosa é comercial, pela imposição de barreiras comerciais às regiões onde ocorreu o foco, com incalculáveis prejuízos econômicos e sociais. É uma doença que não respeita fronteiras e os países só estarão tranquilos quando todos os vizinhos estiverem certificados como áreas livres com ou sem vacinação. O Brasil, com seus 208 milhões de cabeças, maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor está trabalhando intensamente para tornar isso uma realidade.
 
Vale notar que é em virtude do esforço conjunto e contínuo de diferentes atores, em campanhas passadas, bem sucedidas, que podemos comemorar nove anos sem a ocorrência de focos de febre aftosa no Brasil. Portanto, as expectativas e resultados positivos de uma "etapa de maio" refletem em todos os elos da cadeia pecuária bovina, culminando no consumidor final. Faça sua parte!
 
 

Pesquisadora Vanessa Felipe de Souza
Embrapa Gado de Corte

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