01/11/16 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção animal

CRISPR na saúde animal: socialização da ciência

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Foto: Luciana Bertolini ressaltou o potencial da CRISPR para socialização da ciência pela facilidade no uso

Luciana Bertolini ressaltou o potencial da CRISPR para socialização da ciência pela facilidade no uso -

A professora da PUC-RS, Luciana Bertolini, apresentou as aplicações da tecnologia CRISPR na área animal. Segundo ela, a edição de genes vem se mostrando uma ferramenta muito eficiente para a pesquisa agropecuária.

Bertolini apresentou um breve histórico da evolução da ciência na área de biotecnologia animal, no qual ressaltou que a década de 1980 foi marcada pelas microinjeções pró-nucleares de embriões para produção de animais transgênicos, cuja eficiência foi muito baixa. A década de 1990 foi dominada pela clonagem por transferência nuclear, com o nascimento da ovelha Dolly, na Escócia, e da vaca Vitória da Embrapa, no Brasil. Nos anos 2.000, outras técnicas foram incorporadas ao pool de ferramentas científicas, como a RNA interferência e a sperm-mediated gene transfer (SMGT), entre outras.

A partir de 2010, como destacou a professora, a CRISPR passou a dominar o contexto de tecnologias na área de biotecnologia da reprodução animal. Hoje, já existem mais de 300 animais editados, incluindo suínos, ovinos e bovinos.

Socialização da ciência

Um dos benefícios proporcionados pelo uso da CRISPR/Cas9, na visão de Bertolini, é a possibilidade que oferece de socialização da ciência. Ela explica que as TALENs são muito difíceis de utilizar, mas que qualquer pessoa com uma experiência mínima de laboratório consegue usar a CRISPR.

Entre os resultados que já estão sendo obtidos com a aplicação dessa tecnologia no Brasil e no mundo, a professora destacou a produção de leite com menos ingredientes alergênicos, produção de biofármacos no leite, desenvolvimento de vacas leiteiras sem chifres, ovelhas mais musculosas e a comercialização de mini porcos como animais domésticos.

Em relação à regulamentação, ela explicou que nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration), que é o órgão governamental americano responsável pelo controle dos alimentos (tanto para uso humano como animal), tem demonstrado a tendência de lidar com os animais frutos de CRISPR como não-transgênicos.

O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Eduardo Melo ressaltou que hoje os principais desafios da ciência são: a velocidade e a oportunidade. De acordo com ele, a CRISPR permite obter resultados com uma velocidade estonteante. A capacidade de "ligar" e "desligar" genes é uma das suas maiores vantagens.

Ele citou como exemplo de sucesso um trabalho de uma equipe norte-americana que conseguiu silenciar 62 genes de vírus em suínos com o uso dessa ferramenta.

Segundo Eduardo, a parte técnica já está dominada no Brasil, O que precisa ser discutido de fato é a questão da regulamentação. "Precisamos definir se vamos ser liberais como a Argentina e os Estados Unidos ou conservadores como a Europa", ressaltou. Para ele, a burocracia e a lentidão dos processos regulatórios são os fatores que prejudicam o desenvolvimento da ciência no País.

Para o também pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Maurício Machaim, "precisamos focar nas doenças de animais, que são a grande "pedra no sapato" dos produtores hoje. Só o carrapato causa prejuízos à pecuária brasileira superiores a R$ 5 bilhões por ano. Mas, existem outros problemas, como a mosca dos chifres, por exemplo", enfatizou.

Fernanda Diniz (MTB/DF 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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