Representantes da Embrapa participam de reunião na Aldeia Mutum
Representantes da Embrapa participam de reunião na Aldeia Mutum
Pesquisadores e analistas da Embrapa participaram de reunião na aldeia do Mutum, na Terra Indígena (TI) Rio Gregório, localizada no rio de mesmo nome, em Tarauacá, no final de fevereiro. O objetivo do encontro foi prospectar demandas do povo Yawanawá e avaliar a possibilidade de futuros projetos em parceria.
A reunião contou com a presença de cerca de 30 pessoas das aldeias Mutum, Escondido, Tibúrcio, Sete Estrelas, Matrixã e Yawarany. Também estiveram presentes Sebastian Kretschmer , consultor da Aveda Corporation, Cleiton Luiz Silva, do IBD Certificações e Charles Henderson Alves de Oliveira, do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC). Representando a Embrapa participaram do evento os pesquisadores Moacir Haverroth e Claudenor Pinho de Sá e os analistas Fernando Wagner Malavazi e Mauricília Silva.
Durante a reunião, Moacir Haverroth falou sobre os projetos desenvolvidos pela Embrapa em comunidades indígenas e enfatizou a disposição da Empresa em articular novos projetos em outras TI's incluindo outros parceiros. Para Moacir, a reunião foi bastante produtiva. "Conseguimos levantar as principais demandas dos Yawanawá. A segunda etapa é avaliar de que forma a Embrapa pode contribuir e verificar em quais atividades específicas poderemos atuar mais diretamente", disse.
Outro ponto discutido foi a proposta de um projeto voltado para pagamento de serviços ambientais na TI Yawanawá. A proposta está sendo articulada com a Aveda de acordo com o Sistema Estadual de Incentivos a Serviços Ambientais - Sisa. "A ideia é que nessa proposta sejam garantidos recursos para atividades a serem executadas pela Embrapa na TI Rio Gregório" acrescentou Haverroth. "O modo de vida dos Yawanawá já contempla parte dos requisitos para obtenção desse serviço, por isso, há grandes chances para que a proposta dê certo", acrescentou Charles Henderson, do IMC.
Joaquim Tashka Yawanawá, representante da Associação Sociocultural Yawanawá (Ascy), um dos organizadores da viagem da equipe da Embrapa à TI, diz que o diálogo sobre a visita da equipe da Embrapa Acre começou em agosto de 2013. "Esse foi o primeiro passo, fiquei satisfeito com o resultado. Agora, vamos decidir que caminhos tomar para concretizar nossa parceria", comentou.
Na reunião, o pesquisador Claudenor de Sá e o analista Fernando Malavazi fizeram uma dinâmica para conhecer as demandas da comunidade. Entre as que foram levantadas estão o cultivo de hortaliças, frutíferas (como citros, abacate e manga) e plantas medicinais; produção de grãos, derivados do leite, criação de animais de pequeno porte e falta de acompanhamento técnico nas aldeias.
Novas aldeias na TI
Novas aldeias estão sendo abertas na Terra Indígena Rio Gregório. Uma das lideranças, Roque Yawanawá, estava morando na cidade por problemas de saúde, mas retornou à TI no ano passado. Segundo Roque, a vida na cidade não está fácil, muitos parentes não têm a qualidade de vida que poderiam ter na aldeia. Ele agora está abrindo um novo local de morada, a Aldeia Yawarani. "Começar do nada é um desafio grande. Não temos acesso a tecnologias, tudo vem sendo feito como antigamente. Mas sei que a tecnologia pode facilitar muita coisa. Queremos produzir nossos legumes, frutas e animais para atender as nossas necessidades e, no futuro, comercializar nossa produção. Uma parceria com a Embrapa e outras instituições do setor produtivo será importante para melhorar o que já fazemos", comentou.
Urucum contribui para fortalecimento econômico e cultural
As principais atividades econômicas do povo Yawanawá são o cultivo de urucum, ecoturismo e artesanato. Há 20 anos, a Aveda Corporation, empresa americana de cosméticos orgânicos, compra a produção de semente de urucum de várias aldeias Yawanawá. "A parceria com a Aveda, além do retorno econômico, contribui para o fortalecimento das nossas tradições", comentou Tashka.
O cultivo do urucum Yawanawá é feito de forma sustentável, respeitando todos os protocolos exigidos para a certificação orgânica do produto pelo IBD Certificações, que está em seu oitavo ano de renovação na TI. Segundo Cleiton Luiz Silva, os Yawanawá vêm cumprindo com todas as exigências para certificar o urucum. "A certificação, além de agregar valor ao produto, possibilita a venda do urucum no mercado internacional, onde os orgânicos são cada vez mais valorizados", comentou.
Sebastian Kretschmer, consultor da Aveda, que acompanha a trajetória do urucum Yawanawá desde o início, ressalta que há uma boa produção, mas os Yawanawá enfrentam problemas de pós-colheita, principalmente de secagem. A semente enviada para processamento apresenta nível de umidade muito acima do ideal. Isso acarreta perdas e prejudica a qualidade do produto. "Acredito que a parceria com a Embrapa pode contribuir para a solução de problemas relacionados à pós-colheita. Já estamos estudando o protótipo de um secador", disse.
Mas a expectativa dos Yawanawá com relação à parceria com a Embrapa não se restringe apenas ao urucum. Júlia Yawanawá, liderança da Aldeia Mutum, considera importante a diversidade de áreas do conhecimento em que a Embrapa atua. Segundo ela, esse perfil pode trazer soluções para muitos problemas que seu povo enfrenta na aldeia relacionados à segurança alimentar. "Queremos aumentar e diversificar nossa produção, sem precisar trazer alimento da cidade para a aldeia. Já vimos que muitos alimentos trazem doenças às crianças e idosos", comentou Júlia.
Tecnologia transferida
Boa parte das variedades de urucum plantadas nas aldeias Yawanawá foi adquirida na Embrapa Acre. Há uma década, quando os Yawanawá, acompanhados de técnicos da extinta Comissão Estadual de Planejamento Agrícolas (Cepa), visitaram o banco de germoplasma da Embrapa.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Tadeu Marinho, durante vários anos, a Embrapa Acre manteve um banco de germoplasma com diversas variedades de urucum. Os estudos com a planta eram realizados pelo pesquisador Flávio Pimentel (in memoriam).
Texto: Mauricília Silva / Embrapa Acre
Embrapa Acre
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