Desenvolvimento da vitivinicultura da região da Campanha é debatido em Seminário realizado em Bagé (RS)
Desenvolvimento da vitivinicultura da região da Campanha é debatido em Seminário realizado em Bagé (RS)
A vocação da região da Campanha Gaúcha para a produção de uvas e de vinhos finos já é uma realidade, envolvendo dezenas de empresas e de produtores rurais de diferentes municípios. Com o objetivo de discutir as potencialidades e os desafios do setor foi realizado nos dias 05 e 06, em Bagé (RS), o IX Seminário de Vitivinicultura da Metade Sul do Rio Grande, com a participação de palestrantes que abordaram temas voltados para o desenvolvimento setorial e tecnológico da atividade. O evento reuniu cerca de 350 pessoas, numa promoção do Comitê de Fruticultura da Metade Sul do Rio Grande do Sul, Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, Embrapa Uva e Vinho, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e Emater-RS.
Na abertura do seminário, o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS, Cláudio Fioreze, salientou que a atividade na região está vivenciando um ciclo virtuoso e que a tendência é um crescimento ainda maior. "Uma das características que tem contribuído para o desenvolvimento da vitivinicultura na região é a participação ativa dos atores no processo, como os produtores rurais, as vinícolas, o poder público e instituições de pesquisas", disse Fioreze. O chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Celso Zanus também ressaltou a importância do envolvimento de diferentes elos da cadeia produtiva para o desenvolvimento do setor. "O fortalecimento dessa rede que já está consolidada é fundamental para alcançarmos a qualidade desejada e conquistarmos mais mercados", salientou.
A primeira palestra do seminário foi realizada pelo pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de Miranda, que abordou o tema "A vitivinicultura frente as incertezas climáticas presentes e futuras". Segundo Miranda, mudanças climáticas podem afetar a produção de uvas e a qualidade dos vinhos, mas isso não significa, obrigatoriamente, mudanças negativas. O pesquisador destacou ainda que, de acordo com o relatório do IPCC, as regiões tropicais e subtropicais serão as menos afetadas pelas previsões de mudanças climáticas. "Além disso, a história evolutiva da uva mostra que ela é extremamente adaptada a mudanças". Miranda comentou que já existem alternativas tecnológicas para aumentar a sustentabilidade da produção frente às variações climáticas no caso da viticultura, como o uso da irrigação, da eletrificação (cadeia do frio), da mecanização rural, da logística e do seguro rural.
Um painel com pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho abordou o projeto de pesquisa "Desenvolvimento da Indicação de Procedência Campanha para vinhos finos e espumantes", liderado pela instituição. O pesquisador Jorge Tonietto apresentou os exemplos de outras indicações geográficas de vinhos localizadas na Serra Gaúcha, que já obtiveram o reconhecimento junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A Embrapa há um ano está coordenando as pesquisas com o objetivo de pleitear a mesma certificação, juntamente com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do SUL (UFRGS) e da Universidade de Caxias do Sul (UCS). "As linhas de pesquisas foram definidas em conjunto com os produtores de uva e de vinho e além de buscar a conquista da IP também servirão para o desenvolvimento da atividade como um todo", afirmou Tonietto.
O pesquisador Henrique Pessoa dos Santos abordou as estratégias do projeto em relação ao manejo das plantas. Segundo ele, as pesquisas estão sendo desenvolvidas em propriedades da região e abordam diferentes aspectos do manejo das videiras, como relação hídrica, fitossanidade, manejo de dossel, entre outros. "Os experimentos vão gerar um conjunto de dados que vão possibilitar a melhoria da produção e da qualidade". Por fim, o pesquisador Celito Crivellaro Guerra falou sobre as pesquisas que estão avaliando a qualidade do vinho dentro do projeto. Nesse sentido, estão sendo desenvolvidas ações que visam tanto a análise sensorial da bebida como também aspectos químicos.
Ainda durante o seminário, foi realizado um painel sobre Gastronomia e Enoturismo, que contou com a participação de Jussara Dutra, coordenadora do Grupo de Gastronomia Regional do Governo do Rio Grande do Sul e de Ivane Fávero, da Secretaria de Turismo de Garibaldi (RS). O objetivo foi mostrar as potencialidades de aliar a vitivinicultura com o turismo, estratégia que já desenvolvido há muito tempo na Europa e que vem crescendo no Brasil, especificamente no Vale dos Vinhedos. Para encerrar as atividades do dia 05, Leandro Venturin, do Centro Ecológico de Ipê, apresentou palestra sobre "A produção de suco de uva orgânico, relatando as experiências da Serra Gaúcha e as potencialidades da Metade Sul. "Se contabilizados os mercados potenciais como escolas, creches, hospitais e a exportação há demanda para mais de 18 milhões de litros de suco por ano, valor muito além da produção atual. Ou seja, todo o suco de uva orgânico que for produzido será comercializado", afirmou Venturin.
No dia 6, sexta-feira, os participantes realizaram visita à Guatambu Estância do Vinho, vinícola de gerência familiar, que visando diversificar seus produtos, desde 2003, começou o projeto de produção de uvas viníferas.
Na avaliação da Chefia da Embrapa Uva e Vinho, que participa como uma das entidades promotoras do evento desde sua primeira edição, o Seminário é um fórum técnico fundamental para fortalecer os laços entre os produtores, técnicos e empreendedores na vitivinicultura regional com as instituições de pesquisa, de extensão e de organização setorial, além de ser uma grande oportunidade de divulgação deste importante polo vitivinícola. "Não há dúvida de que os desafios para a competitividade incluem temas que precisam ser discutidos com frequência e, neste sentido, o Seminário precisa ter fortalecido o seu papel de principal fórum de discussão da vitivinicultura da metade sul do RS", avaliou Alexandre Hoffmann, chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho e integrante da comissão organizadora do evento.
Fernando Goss e Viviane Zanella (MTb 1065 SC e MTb 14004 RS)
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