18/03/14 |   Pesca e aquicultura  Produção animal  Transferência de Tecnologia

Pesquisa apresenta técnicas de manejo de pirarucu

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Vinicius Braga

Vinicius Braga - O curso reuniu piscicultores e técnicos na sede da Embrapa em Belém

O curso reuniu piscicultores e técnicos na sede da Embrapa em Belém

O desafio para a domesticação do pirarucu (Arapaima gigas), espécie nativa da Amazônia, avança com a parceria entre Embrapa, Sebrae e piscicultores da Região Norte. O projeto Pirarucu da Amazônia, que está em sua segunda fase de execução, realizou nesta quarta-feira (19), em Belém (PA), o primeiro curso de Manejo Genético e Reprodutivo de Pirarucu para produtores do estado do Pará. Mais seis cursos serão realizados em todos os estados da região até junho desse ano.

Conhecido popularmente como "bacalhau da Amazônia", ele é bastante apreciado na culinária regional pelo sabor, pela qualidade e textura da carne e pela ausência de espinhas. Além disso, o crescimento desse peixe em cativeiro é impressionante: ele atinge de 10 a 12 quilos em um ano de cultivo, enquanto que a tilápia, por exemplo, uma espécie exótica, cresce um quilo em seis meses. 

O que pouca gente sabe é que o pirarucu é um peixe ameaçado de extinção e sua reprodução ainda é um desafio para pesquisadores e produtores. Eles não têm o controle da reprodução desse animal, a maior parte dos planteis (grupo de peixes) é formada a partir de animais de origem desconhecida e a produção ainda está aquém da demanda do mercado.

Para o piscicultor Lustosa Alves, do município de Breu Branco, região de Tucuruí no sudeste paraense, a atividade tem um grande potencial econômico. Atualmente o piscicultor produz cinco mil alevinos por ano para comercialização. Ele vende sua produção para todo o Brasil e deve atingir a meta de produção de 80 mil em 2015. "Se tivermos um milhão de alevinos, vendemos tudo. Trabalhamos produzindo um alimento que só tem aqui e que é nobre", diz o produtor. Ele, que se considera um pioneiro nessa atividade, estima que atualmente existam entre 12 e 15 produtores de alevinos de pirarucu em todo o Brasil, o que dificulta a oferta do produto no mercado.

Aliás, a baixa oferta de alevinos também foi ressaltada pelo piscicultor Samuel Benigno, do município de Bonito, no nordeste paraense. Ele diz que a baixa produção de alevinos encarece o produto, que tem qualidade duvidosa, pois não se sabe a origem desses animais, comprometendo assim a sua reprodução e qualidade do plantel. "A gente não tem um controle genético desses alevinos, não sabe se são irmãos, se têm consanguinidade, e se de fato vão crescer", afirma o produtor.

De acordo com o pesquisador Anderson Alves, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), o manejo reprodutivo e genético do pirarucu tem como principal objetivo aumentar a produtividade e a qualidade dos planteis. Ao fazer cruzamentos ao acaso, sem verificar o grau de parentesco entre os animais, a probabilidade de perda da produção é maior. "Se o produtor conseguir ter o controle dos cruzamentos, a produtividade aumenta. E esse controle só é possível com o conhecimento da origem desses animais", explica. A técnica de marcação física do animal por meio de um chip é importante para monitorar a origem dos alevinos, o grau de parentesco entre eles, a região de onde vêm, entre outros aspectos. Além da "chipagem", é a análise de DNA que dá as informações com precisão e segurança necessárias ao produtor.

As boas práticas de manejo também foram apresentadas no curso. O pirarucu é um animal difícil de manejar pelo grande porte e pela força. Os pesquisadores apresentaram técnicas de captura em rede sem machucar o animal e retirada da água com o mínimo de estresse possível, garantindo a segurança do animal e do trabalhador.

Um aspecto importante do manejo reprodutivo é quanto à identificação do sexo dos animais, isso porque a reprodução do pirarucu se dá de forma natural, por meio da formação de casais no ambiente de cultivo. A pesquisadora Adriana Lima, da Embrapa Pesca e Aquicultura, apresentou as técnicas de sexagem disponíveis no mercado, mas algumas ainda muito distantes da realidade do campo.  O pirarucu atinge sua maturação sexual depois do quarto ou quinto ano de vida e "identificar os machos e fêmeas na fase inicial é importante para que o produtor consiga estruturar um plantel de casais o mais cedo possível", explica a pesquisadora.

O próximo estado a receber os pesquisadores e técnicos da Embrapa é Roraima. O curso será realizado entre 31 de março e 03 de abril no município de Cantá, região nordeste do estado. Para o produtor Lustosa Alves, com tecnologias acessíveis ao produtor e qualidade de produção, é possível inserir no mercado internacional um produto genuinamente amazônico.

Para acessar fotos do curso de Manejo Genético e Reprodutivo de Pirarucu, clique aqui

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

Contatos para a imprensa

Telefone: (91) 3204-1099 / 8469-5115

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/