O chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Manoel Moacir, recebeu ontem membros do Conselho da Comunidade da Execução Penal (CCEP) quando foi demandado o empenho da Unidade para contratar apenados em liberdade condicional do sistema prisional de Sergipe.

O presidente da CCEP, José Raimundo de Souza, ressaltou que existem hoje no Estado em torno de três mil apenados nessas condições que precisam de apoio para sua reinserção na sociedade através de trabalho e de oportunidades.

Ele salientou o exemplo do município de Campo Grande (MS), onde existe um programa bem articulado de reinserção de apenados cujo índice de reincidência ao crime é um dos mais baixos do país, girando em torno de 4%, enquanto que a média nacional está por volta de 80%.

"O trabalho de reinserção é eficiente, com bons resultados, em Campo Grande, mesmo tendo problemas criminais em maior número, pois a região é área de fronteira onde a ocorrência de tráfico de drogas é muito alta.  Campo Grande  possui por volta de 13 mil presos, enquanto Sergipe conta com 5 mil", segundo José Raimundo.

Ele enfatizou ainda que o sucesso do programa em Campo Grande deve-se ao apoio da sociedade e das empresas ao programa e que o mesmo pode ser montado em Sergipe e para isso eles pedem o apoio da Embrapa Tabuleiros Costeiros. "Nós temos em Sergipe apenado que foi contratado para trabalhar em casa de um juiz tendo ele a chave da sua casa", exemplificou.

"A sociedade desconhece o que se passa na prisão e também não se interessa", disse Givaldo Hipólito Dantas, professor do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), membro do CCEP. "O trabalho é importante para a reinserção dos apenados como também um programa que promova o combate ao preconceito", complementou.

Ele explicou que muitos deles saem da prisão em regime condicional sem mesmo ter dinheiro para transporte, sem trabalho, sem amigos e abandonados pela família e o crime é o único caminho.

A chefia-geral vê com bons olhos o apelo do Conselho não só pelo caráter social da reinserção, como também como forma de suprir a grande carência de mão de obra nos campos experimentais. O advogado lotado na Unidade, João Bosco Sales, também foi simpático ao pedido e vai analisar os aspectos jurídicos do pedido como também elaborar um parecer.