Rede de pesquisa apresenta resultados sobre o controle da dormência de frutíferas de clima temperado
Rede de pesquisa apresenta resultados sobre o controle da dormência de frutíferas de clima temperado
Frente aos prognósticos de mudanças climáticas, há sete anos, pesquisadores da Embrapa, Epagri, Fepagro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vêm fazendo uma série de experimentos, coletas e observações sobre os mecanismos de controle da dormência, visando buscar alternativas para a continuidade da produção de frutas de clima temperado, como é o caso da maçã.
Os primeiros resultados obtidos nas áreas de genética molecular, melhoramento genético, modelagem e fisiologia vegetal, levando em consideração os fatores genéticos e ambientais que influenciam no processo, foram apresentados no I Workshop sobre Dormência em Frutíferas. O evento aconteceu no dia 13 de dezembro, em Bento Gonçalves, promovido pela Embrapa Uva e Vinho, Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), Associação Brasileira de Produtores de Maçã (APM), Epagri e Fepagro.
"Entender a influência do ambiente na regulação da brotação permite à essa rede de pesquisadores atuar na fronteira do conhecimento da biologia, capacitar equipes nas novas metodologias da genética e fisiologia vegetal e contribuir para apontar novas estratégias de atenuar os efeitos da mudança climática na produtividade das frutíferas de folhas caducas, como a macieira", destacou o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, durante a abertura do encontro.
Na avaliação de Luís Fernando Revers, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenador do encontro, o momento foi uma boa oportunidade para reunir a equipe de colaboradores externos, em especial a equipe da Epagri. "Apresentamos resultados, interagimos e discutimos possibilidades de ações futuras. Também foi um bom momento para apresentar para o público externo o que vem sendo feito e alguns avanços recentes", avaliou Revers.
Entre as apresentações técnicas, Flávio Bello Fialho, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, mostrou um método matemático em desenvolvimento para avaliação da progressão da dormência. Esse modelo está sendo comparado com resultados de experimentos visando desvendar o controle genético, molecular e fisiológico do processo e deverá ser testado no campo nos próximos ciclos. "Até agora, só existem modelos estrangeiros, desenvolvidos em condições em que o número de horas de frio não é um fator limitante, o que dificulta a aplicação para as nossas condições climáticas", pontuou Bello, que está desenvolvendo o modelo em parceria com o pesquisador da Fepagro Rafael Anzanello.
Foi necessário avaliar mais de 200 mil gemas em condições controladas para caracterizar o padrão de brotação em diferentes situações. Para isso, foi aperfeiçoada uma metodologia de avaliação da dormência em câmaras de crescimento, permitindo avaliar o perfil da brotação em termos de precocidade, uniformidade e brotação máxima. Essa metodologia engloba tanto as práticas necessárias para a correta condução dos experimentos quanto as análises matemáticas e estatísticas dos resultados, fundamental para a obtenção dos resultados de pesquisa.
Também foram mostrados ao público o mapeamento de fatores genéticos ligados à brotação e o Apple BDDB (Apple Bud Dormancy Database), um aplicativo para Web que permite a consulta a uma base de dados de genes relacionados ao processo de dormência. As informações geradas pelo mapeamento genético tem potencial de auxiliar programas de melhoramento genético do Brasil e exterior.
Durante sua palestra, o pesquisador Marcus Vinícius Kvistchal, da Epagri apresentou as principais cultivares de macieiras lançadas pela empresa de pesquisa com boa adaptação ao clima brasileiro, como a 'Monalisa', 'Luiza' e 'Venice'. Elas são fruto do Programa de Melhoramento Genético da macieira da Epagri, que vem sendo executado há 44 anos. Kvistchal também falou sobre a integração das pesquisas aos fatores genéticos associados à dormência, que estão sendo aplicadas diretamente nos cruzamentos do Programa e deverão auxiliar no desenvolvimento de novas cultivares.
Já no painel sobre "Metabólitos e metabolismo associados à dormência", os pesquisadores Henrique Pessoa dos Santos, da Embrapa Uva e Vinho, e Idemor Citadin, da UFPR, apresentaram os avanços atuais de conhecimento em metabolismo de dormência em espécies arbóreas, bem como os ajustes de protocolos que foram obtidos para determinações de carboidratos e hormônios em gemas de macieira ao longo do período hibernal, os quais, em conjunto com os dados de expressão gênica, apresentam-se como importantes ferramentas de pesquisa para se desvendar os controles do processo de dormência.
O encontro também foi um momento de reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo pesquisador aposentado da Epagri Frederico Denardi, geneticista pioneiro e por muito tempo coordenador do programa de melhoramento genético de macieira da Epagri, que contempla o desenvolvimento e avaliação do desempenho de novos clones de macieira em todas as regiões produtoras de maçãs no Brasil.
Os resultados apresentados no I Workshop de Dormência foram obtidos nos Projetos Inovamaçã (2007 a 2011), AppleClim (2010 a 2014) e Malusfit (2014 a 2018), todos liderados pela equipe de pesquisa da Embrapa Uva e Vinho, que atua com uma rede de pesquisadores formada pela Embrapa Trigo, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Embrapa Informática Agropecuária, Epagri (Estação Experimental de Caçador e Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia de Santa Catarina), Fepagro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (Centro de Biotecnologia e Departamento de Genética).
Viviane Zanella (Mtb14004)
Embrapa Uva e Vinho
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