Embalagens para comercialização de hortaliças e frutas
Embalagens para comercialização de hortaliças e frutas
Depois que são separadas da planta-mãe ou do solo, hortaliças e frutas começam a usar água e nutrientes de suas próprias reservas, pois já não têm mais suporte da planta e do solo para mantê-las. Alimentos com elevado teor de água, elas são frágeis e muito sensíveis a danos mecânicos. Serão consumidas em diferentes lugares por pessoas distantes da área de produção, daí precisarem de transporte.
Seja pela necessidade de proteção contra danos mecânicos, seja pela necessidade de agrupamento para transporte e distribuição, hortaliças e frutas precisam ser embaladas. Estas são as duas principais funções da embalagem. Mas há outras funções que as embalagens desempenham: venda, porque envolve aspectos de boa aparência; identificação de origem e valor nutricional, que contribuem para informar e fidelizar o cliente; e resfriamento rápido do produto quando se usa temperaturas baixas para armazenamento.
Na introdução do livro "Embalagens para comercialização de hortaliças e frutas no Brasil" (LINK), escrevi que embalagens têm relação direta com diversas áreas, como logística, vendas, propaganda, exposição, armazenamento e custos. Por isso, embalagem é um único ponto de melhoria da distribuição de hortaliças e frutas que tem consequências diretas para as outras áreas.
Embalagens adequadas podem contribuir para diminuir o elevado índice de perdas pós-colheita que ocorrem no Brasil, que impede que 20 a 30% das hortaliças e frutas produzidas e que saem do campo cheguem ao consumidor final. Por um lado, dentre as causas de perdas pós-colheita de hortaliças e frutas no país, as mais importantes são o manuseio e o uso de embalagens inadequadas e os consequentes danos mecânicos infringidos ao produto.
É comum a troca de embalagens entre produtores e atacadistas e atacadistas e varejistas, o que causa danos mecânicos às hortaliças e frutas. A embalagem está presente na colheita no campo, no transporte entre a área de produção e o local de consumo e na entrega/exposição ao consumidor final. Por outro lado, tempo e trabalho são, cada vez mais, raros e caros. Com a troca de embalagens entre produtores e atacadistas e atacadistas e varejistas há perda de tempo e retrabalho. Então porque ter uma embalagem para cada etapa da distribuição de hortaliças e frutas? Porque pensar em etapas isoladas se o objetivo é ter um produto fresco para o consumidor final e rapidez na distribuição?
Estas são as perguntas que desafiam o futuro das embalagens para comercialização de hortaliças e frutas. As respostas precisarão quebrar paradigmas e repensar assuntos como perdas pós-colheita e retorno financeiro para os elos da produção e distribuição. Do ponto de vista técnico-operacional, uma solução é que hortaliças e frutas já saiam embaladas da área de produção, de acordo com o previamente combinado com o ponto final de venda, com o agricultor recebendo a remuneração por mais esta prestação de serviço. O frescor e valor nutricional dos alimentos são maiores quando diminui o intervalo entre colheita e consumo, e há rapidez na entrega.
Cabe aqui uma reflexão sobre embalagens para atacado e varejo. Quando o consumidor final de hortaliças e frutas são as centrais de distribuição e cozinhas industriais as embalagens podem ser acondicionadas em caixas maiores, em torno de 20 kg. Quando o destino final de frutas e hortaliças é o varejo, como feiras, quitandas, sacolões, supermercados, embalagens menores com quatro ou cinco unidades de hortaliças e frutas são uma opção à venda a granel em que o cliente é quem escolhe o produto. Se hortaliças e frutas são amontoadas em gôndolas e expostas ao manuseio excessivo de consumidores, as perdas pós-colheita aumentam, porque injúrias mecânicas e amassamentos facilitam a entrada de fungos e bactérias presentes no ambiente e estes produtos perdem atratividade comercial e/ou apodrecem, sendo preteridos ou jogados no lixo.
Outra opção útil para evitar perdas pós-colheita de hortaliças e frutas amontoadas em gôndolas e expostas ao manuseio excessivo de consumidores é a existência de um funcionário do ponto final de venda treinado e que forneça aos clientes apenas a quantidade de produtos que estes solicitem. Para continuar da maneira como são expostas hoje frutas e hortaliças, amontoadas em gôndolas, o consumidor final precisa ser educado para escolher a sua hortaliça ou fruta lembrando-se que outras pessoas vão sucedê-lo para também fazer suas compras.
A tendência na distribuição de hortaliças e frutas no Brasil e no mundo todo é o crescimento do segmento do varejo. Nas cidades maiores que 300.000 habitantes, o varejo é representado principalmente por redes de supermercados, alguns com horário de funcionamento de 24 horas diárias. Nos supermercados, a logística de distribuição busca redução de custos e agilidade no abastecimento das lojas. A informática tem contribuído bastante para a geração e fluxo de informações para os processos de decisão de compra. O segmento distribuidor é detentor de um relacionamento privilegiado com os consumidores, na medida em que é capaz de receber e processar informações de tendências e de alterações nos hábitos de consumo antes de qualquer outro elo da cadeia.
Hortaliças e frutas são naturalmente coloridas e saborosas, podem ser consumidas sem muitos preparos, associadas diretamente à natureza e alimentos ricos em vitaminas e sais minerais. Por isso, estão entre os itens classificados na compra por impulso, isto é, atraem tanto o consumidor que praticamente vendem-se apenas por sua aparência. Hortaliças e frutas também geram um rápido fluxo de caixa para as lojas que os comercializam. Um pé de alface recebido às 8 horas da manhã é vendido ao meio-dia, por exemplo, enquanto um xampu pode permanecer nesta mesma loja por até três meses. Neste cenário, as embalagens para comercialização de hortaliças e frutas tornam-se elementos indispensáveis para atrair consumidores e conter, identificar e rastrear produtos que fidelizam clientes cada dia mais informados em relação à sua alimentação e conscientes da importância de agir preventivamente para manter sua saúde.
Rita de Fátima Alves Luengo
(Engenheira Agrônoma - Pesquisadora da Embrapa Hortaliças)
Embrapa Hortaliças
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