09/09/14 |   Nanotecnologia

Novas parcerias e pesquisas nascem no VIII Workshop da Rede AgroNano

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Foto: Marcos La Falce

Marcos La Falce -

Durante a primeira semana de setembro, cientistas de todo o Brasil e de países vizinhos estiveram em Juiz de Fora – MG para participar do VIII Workshop de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio. O contato pessoal oportunizado pelo evento tem o intuito de ampliar parcerias, comunicar os avanços na área e fomentar novos temas de pesquisa, que poderão integrar a carteira da Rede AgroNano, criada há oito anos pela Embrapa.

Hoje, a Rede congrega mais de 50 instituições de todo o país, considerando diferentes unidades da Embrapa. São cerca de 150 pesquisadores, além de estudantes de graduação e pós-graduação. No Workshop, o grupo acompanhou o andamento de trabalhos para desenvolvimento de sensores e biossensores nanoestruturados; processamento de filmes nanoestruturados para embalagens e conservação de alimentos; desenvolvimento de nanocompósitos de fontes renováveis; novos materiais e processos em nanotecnologia e suas aplicações no agronegócio e aspectos de segurança em nanotecnologia.

Outro tema relevante nas pesquisas apresentadas é a transferência de nanotecnologias aplicada ao agronegócio. "Um dos grandes aprendizados nestes últimos anos foi encarar a transferência de tecnologia não como uma atividade, mas como objeto de pesquisa. Não é possível transferir tecnologias disruptivas utilizando modelos antigos", explica Caue Ribeiro, líder da Rede AgroNano e pesquisador da Embrapa Instrumentação.

O VIII workshop de Nanotecnologia ao Agronegócio promoveu sessões de pôsteres, com a apresentação de 150 trabalhos. Membro do Comitê Organizador, a pesquisadora Embrapa Gado de Corte Marlene de Barros Coelho nota a evolução dos projetos ao longo das edições do Workshop: "O grupo não está pensando só dentro do laboratório. Há um amadurecimento na relação com as cadeias produtivas, com vistas a produtos que atendem a interesses mercadológicos".

Objetivando a formação recursos humanos, foi realizada a Escola Avançada em Nanotecnologia durante três dias, em parceria com o Departamento de Química da UFJF. Alguns participantes, estudantes de graduação ou pós-graduação, já estão ligados à Rede AgroNano. Outros, como o doutorando Sérgio de Tavares Filho, da UFJF, viram no encontro uma oportunidade para conhecer a área. "Trabalho com cálculos e tenho interesse em ir para a escala nano. Aqui conheci estudos ligados a muitas áreas: química, física, biologia, veterinária. Foi um apanhado bastante rico. Não tenho dúvida de que agora temos suporte para iniciar os novos trabalhos".

A importância dada aos estudantes já rende frutos à Rede. Caue Ribeiro explica: "Muitos já desenvolveram projetos de mestrado ou doutorado conosco. Cada vez que um destes indivíduos passa a compor o quadro efetivo da Embrapa ou de outra instituição, ele se torna nosso ponto focal e tem condições de interagir com a Rede, fomentando novos núcleos de pesquisa. Muitas pessoas aqui são experiências vivas disto".

O contato pessoal com outros pesquisadores também tem agregado novos membros à Rede. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Humberto Brandão, que compõe o Comitê Organizador do Workshop, destaca: "Quando pesquisadores de diferentes segmentos têm chance de conversar, surgem possibilidades de desenvolvimento de tecnologias pautadas em conhecimentos diferentes. Acredito que o sucesso na pesquisa perpassa pela relação interpessoal". 

Estiveram em Juiz de Fora 170 participantes de diversos estados do Brasil e também representantes de diversas instituições, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, UFOP, UFMG, UFLA, UFJF, USP, Instituto Nacional de Tecnologia, INMETRO, Fiocruz, Embrapa (das unidades Instrumentação, Gado de Leite, Gado de Corte, Agroindústria de Alimentos, Agroindústria Tropical, Algodão, Amazônia Oriental, Florestas, Meio Ambiente, Pantanal, Pecuária Sudeste, Recursos Genéticos e Biotecnologia, Semiárido, Soja, Suínos e Aves, Trigo e Uva e Vinho), além de instituições de pesquisa agropecuária da Argentina, do Uruguai, do Chile e do Paraguai.

Colaboração na América Latina

Os participantes de países vizinhos vieram ao Workshop representar o Procisur (Programa Cooperativo para el Desarrollo Tecnológico Agroalimentario y Agroindustrial del Cono Sur). O debate sobre a nanotecnologia na América do Sul promoveu uma visão aprofundada sobre o desenvolvimento da área nos países Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai, buscando ampliação de parcerias. Pablo Peraza, do INIA (Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria – Uruguai) reforça a importância do encontro "para atuarmos mais fortemente como grupo".

Neste sentido, a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Juliana Gern, que também faz parte do Comitê, comenta que a parceria já existente com o Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria, da Argentina, deverá ser ampliada: "As conversas durante o evento despertaram para o interesse em compartilhar conhecimentos técnicos na área de vacinas para bovinos". 

O interesse pela cooperação internacional trouxe Silvio Baez, pesquisador do IPTA (Instituto Paraguayo de Tecnología Agraria) ao evento. Ele explica: "Estamos ainda numa fase insipiente e acredito que a equipe da Embrapa poderá nos ajudar a dar o pontapé inicial dos trabalhos no Paraguai. O evento foi útil pelas palestras e também pela aproximação com os pesquisadores. Consegui articular uma reunião em Assumpção em 2015 para formar grupos de colaboração. Precisamos deste apoio para levar soluções rapidamente ao mercado e à produção agropecuária.

História recente

Esta ciência de fronteira do conhecimento passou a fazer parte das pesquisas da Embrapa há menos de trinta anos. Neste período, e Empresa foi capaz de organizar a maior estrutura de pesquisa em nanotecnologia para o agronegócio do mundo, demonstrando ser este "um grande produto de sucesso da visão estratégica de futuro da Embrapa", define Humberto Brandão. Fazendo um resgate desta história, um dos fundadores da Rede AgroNano, o pesquisador da Embrapa Instrumentação Odilio Garrido, apontou marcos. 

1996: a aquisição de um microscópio de força atômica, o segundo do país, leva à realização do primeiro treinamento em microscopia eletrônica. Pouco depois, a Embrapa inicia o envio de pesquisadores para o exterior para pós-doutorado em áreas ligadas à nanotecnologia.

2004: a primeira patente brasileira deposita no exterior com a palavra chave nanotecnologia é da tecnologia língua eletrônica, desenvolvida pela Embrapa Instrumentação 

2006: é criada a Rede AgroNano, que oficializa a incorporação da linha de pesquisa à carteira de projetos da Embrapa 

2007: são contratados os primeiros pesquisadores concursados para a área de Nanotecnologia

2009: é instalado o Laboratório Nacional de Nanotecnologia aplicada ao Agronegócio, na perspectiva de multiuso, ou seja, a estrutura apoia pesquisas de diferentes unidades da Embrapa e também de parceiros.

2010: a FAO (Food and Agriculture Organization), órgão das Nações Unidas, é parceira na realização do quinto workshop da Rede AgroNano.

 

Carolina Rodrigues Pereira (MTb 11055-MG)
Embrapa Gado de Leite

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Mais informações sobre o tema
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