15/09/14 |   Pesca e aquicultura  Transferência de Tecnologia

Capacitação promoveu práticas em piscicultura

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Foto: Clenio Araujo

Clenio Araujo - Participantes são de diversos municípios do Tocantins

Participantes são de diversos municípios do Tocantins

"O aproveitamento está sendo muito grande, visto que são muitas novidades que a gente não tinha noção. A visão que a gente tem é que temos que passar isso pro produtor. Tudo o que a gente está aprendendo aqui a gente deve multiplicar o máximo possível, não guardar com a gente." Assim, Ângelo Daniel Dias da Silva, técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins) em Araguaína, se refere à capacitação que tem recebido através do Projeto Peixe Mais, executado pela Embrapa no estado.

O projeto trabalha com tambaqui em dois sistemas de cultivo: viveiros escavados e tanques-rede. A capacitação de Araguaína é sobre o primeiro sistema e, como Daniel, têm participado técnicos de cerca de 40 municípios tocantinenses. Entre os dias 10 e 12 de setembro, houve o segundo módulo; o terceiro e último está marcado para novembro.

Na última sexta-feira, 12, aconteceu a parte prática da capacitação numa chamada Unidade de Aprendizagem Tecnológica (UAT). Thiago Tardivo, coordenador de aquicultura do Ruraltins, falou sobre qualidade da água. Segundo ele, "os principais parâmetros a que o produtor tem que estar atento são a temperatura, pra questão de alimentação, a quantidade de ração que ele vai dar para o lote de peixes, o pH, sempre mantendo-o dentro do pH neutro, e a transparência, que vai estar relacionada com a quantidade de produção primária (fitoplâncton) dentro do viveiro".

Thiago ressalta a interdependência entre os diferentes parâmetros. E acrescenta: "a gente tendo um pH de boa qualidade, uma transparência dentro dos parâmetros recomendados e a temperatura boa pra espécie cultivada, é muito difícil ter problema, trabalhando com densidades corretas e com as espécies corretas pro ambiente".

Biometria – Outro palestrante foi Giovani Taffarel Bergamin, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, que falou sobre biometria. Segundo ele, "a biometria serve para o produtor conseguir calcular a quantidade de alimento que ele deve fornecer diariamente para o lote de peixes, também para observar o estado sanitário dos animais, para calcular a conversão (alimentar) dos animais, o custo que ele está tendo por fase e conseguir fornecer uma alimentação adequada à quantidade e à biomassa do peixe que ele tem no tanque".

Giovani frisa que é importante que o produtor dê a quantidade correta de ração aos peixes: "essa biometria serve pra ter um acompanhamento das diversas fases do cultivo, desde a alevinagem, a recria, a primeira fase de engorda até o momento da comercialização, para que o produtor tenha ideia do desempenho do animal em cada uma dessas fases".

O pesquisador lembra a diversidade de espécies existentes de peixe, cada qual com características de qualidade de pescado e hábitos alimentares próprios. "Trabalhar, por exemplo, com pintado, pirarucu, tambaqui e matrinxã é a mesma coisa de se falar de frango, porco e galinha. São espécies totalmente diferentes, que requerem práticas diferentes e muita pesquisa pra gente conseguir chegar a um pacote tecnológico aplicado à espécie".

URTs – A coordenadora técnica da capacitação é Marcela Mataveli, analista de transferência de tecnologia da Embrapa. Uma das atividades previstas no projeto é a implantação de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em propriedades atendidas pelos técnicos participantes.

Segundo ela, "a URT é uma atividade da capacitação. O que eles (participantes) tinham que fazer? Achar uma propriedade na qual o produtor aceitasse as boas práticas de cultivo. Eles acharam e apresentaram. Eles tinham que fazer uma proposição de problemas a serem melhorados na URT, de acordo com o que aprenderam na capacitação".

Marcela elogia a apresentação que foi feita de algumas dessas URTs: "quando (os técnicos) apresentaram, a gente ficou muito surpreendido com o nível de conhecimento com que eles falaram, dizendo coisas que tinham aprendido na capacitação, demonstrando que a metodologia está dando certo".

Outro ponto positivo é a colaboração dos proprietários que concordaram com a implantação, em suas áreas, das unidades de referência: "os produtores das URTs aceitaram abrir a porta pra outros produtores aprenderem. Isso também é uma coisa importante", explica Marcela.

O Peixe Mais é patrocinado pela Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e conta com diversos parceiros, como a prefeitura de Araguaína e o Ruraltins. A capacitação no sistema de tanques-rede está acontecendo em Palmas, onde houve um primeiro módulo em agosto e estão programados outros dois, um para setembro e outro para outubro. O projeto tem previsão de ir até abril de 2015.

Clenio Araujo (6279/MG)
Embrapa Pesca e Aquicultura

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