01/10/14 |   Agroindústria

Matopiba é fator de segurança alimentar do Nordeste

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Foto: Arte: Daniela Maciel

Arte: Daniela Maciel -
Até 2022, segundo projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil plantará cerca de 70 milhões de hectares de lavouras e a expansão da agricultura continuará ocorrendo no bioma Cerrado. Somente a região que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia terá, nesse mesmo período, o total de 10 milhões de hectares, o que representará 16,4% da área plantada e deverá produzir entre 18 a 24 milhões de toneladas de grãos, um aumento médio de 27,8%. Estamos falando do Matopiba, região considerada a grande fronteira agrícola nacional da atualidade. 
 
O Matopiba é peça-chave para o desenvolvimento da agricultura e para a segurança alimentar do País. "O investimento na produção sustentável na região do Matopiba será fator de segurança alimentar para o Nordeste, assolado por secas que matam as plantas de sede e os animais de fome", apontou o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, que prevê com o crescimento do agronegócio um valioso desenvolvimento social para a região. "Ganhará o Matopiba e o Brasil como um todo com desenvolvimento regional mais equilibrado, geração de mais empregos e renda, e menos perdas na pecuária do Semiárido", ressalta Lopes. 
 
A atividade agrícola tem se ampliado de maneira veloz no Matopiba. Nos últimos quatro anos, somente o Estado do Tocantins expandiu sua área plantada ao ritmo de 25% ao ano, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, apesar do crescimento acelerado, ainda há muito que se fazer na região para garantir uma agricultura moderna e sustentável. A baixa fertilidade do solo e a falta de materiais genéticos adaptados ainda são os principais desafios da pesquisa na região, segundo o pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Leandro Bortolon. A Unidade, localizada em Palmas (TO), possui um grupo de pesquisadores dedicados a investigar sistemas agrícolas sustentáveis, atuando principalmente no Matopiba. "As ações de pesquisa na área não são recentes, mas eram feitas de forma dispersa. Além disso, muitas das tecnologias já desenvolvidas pela Embrapa e parceiros precisam ser validadas para a realidade da região", explica o pesquisador.
 
Para resolver esse problema, acaba de ser aprovado na Embrapa um arranjo de projetos que será liderado por Bortolon e envolve vários centros de pesquisa da Empresa. O objetivo é traçar estratégias para o aumento da produtividade, competitividade e sustentabilidade de sistemas de produção agropecuária do Matopiba. Foram identificados 42 projetos, sendo 18 concluídos e 24 em fase de execução. "A ideia é levantar o máximo de informações possíveis da região como as características predominantes: bioma, clima, relevo, solo, território e recursos naturais, e de posse dos dados desenvolver soluções de pesquisa e transferência de tecnologia", afirmou o pesquisador ressaltando que o trabalho irá contribuir para a redução das diferenças econômicas e sociais da região e garantir uma produção agropecuária sustentável.
 
Muitas dessas informações já foram levantadas. A Embrapa Gestão Territorial (SP) finalizou recentemente a caracterização das áreas do Matopiba. O estudo identificou os municípios com grande produção de soja, milho e algodão e levantou as principais características dessas localidades. "Os resultados vão ser úteis para subsidiar projetos e novos estudos no Matopiba", ressalta um dos responsáveis pelo trabalho, analista de geoprocessamento da Embrapa Gestão Territorial Rafael Mingoti. 
 
Já está disponível também a proposta de delimitação territorial do Matopiba (https://www.embrapa.br/gite/publicacoes/index.html) elaborada pelo Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa (GITE). De acordo com o coordenador do grupo, pesquisador Evaristo de Miranda, a delimitação geográfica do Matopiba de forma precisa é fundamental para apoiar as políticas públicas e privadas na região. 
 
A Embrapa conta com vários parceiros para promover o desenvolvimento do território. Em conjunto com o Incra, por exemplo, a empresa vem realizando estudos na área para ampliar o conhecimento sobre a região, utilizando as tecnologias de cada um dos órgãos. "A tecnologia é uma aliada para vencer os desafios futuros, e para isso é fundamental o trabalho de inteligência territorial", afirma o presidente da Embrapa, Maurício Lopes.
 
Paralelamente às ações e projetos de pesquisa, a Embrapa está elaborando um plano estratégico de atuação no Matopiba com a finalidade de fortalecer o desenvolvimento tecnológico e inovação para a região. Nesse trabalho estão previstas análises de risco climático, caracterização da região do ponto de vista socioeconômico, identificação de problemas e oportunidades, dentre outros. 
 
O início
 
O potencial para a produção agrícola, especialmente, de grãos e algodão começou a ser descoberto por produtores que saíram do centro-sul do Brasil em busca de novos desafios. Atraídos pelo clima definido, vegetação plana e o baixo preço das terras, os agricultores começaram a transformar a área de cerrado com mato alto em grandes lavouras. 
 
O gaúcho Celito Breda é um deles. Chegou no oeste da Bahia há 26 anos e nesse período, junto com outros produtores, contribuiu para aumentar a área cultivada na região de 250 mil para 2,2 milhões de hectares. "Para muitos que tinham pouco ou nada, foi a oportunidade de multiplicar o patrimônio e transformar essa área pobre de cerrado em grande produtora de grãos e fibras", comenta. Mas Celito lembra que o trabalho foi árduo e nem todos tiveram sucesso. "Agricultura é uma atividade de risco. O que faltou para muitos e hoje ainda falta é gestão para fazer o negócio dar certo", explica. 
 
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Juliana Freire (MTb 3053/DF)
Embrapa Pesca e Aquicultura

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