Resultados do projeto EcoRespira Amazon, que está avaliando a respiração e aspectos químicos e físicos dos solos em áreas da bacia Amazônica, foram apresentados por pesquisadores brasileiros e alemães em Manaus. No encontro, que aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, no dia 05, também foram dados encaminhamentos sobre a utilização dos dados obtidos no trabalho, visando usos da terra mais sustentáveis. O EcoRespira Amazon é um projeto desenvolvido em parceria entre o Ministério Federal da Cooperação e Desenvolvimento Econômico (BMZ) da Alemanha, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), Ministérios Federais de Educação e Ciência, Tecnologia, Capes e Embrapa Amazônia Ocidental. Segundo Jörg Matschullat, os resultados da pesquisa podem apontar quais os impactos das atividades humanas nos ecossistemas da Amazônia e oferecer subsídios para fundamentar ações planejadas visando o desenvolvimento sustentável da região. Na abertura do workshop, o Chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi salientou que essa é uma das etapas mais importantes do projeto, quando os resultados se tornam públicos e podem ser utilizados de uma forma prática. “Com esses dados é possível direcionarmos as atividades nessas áreas pesquisadas para uma produção com menos impactos ao meio ambiente”, ressaltou. Entre os temas apresentados no workshop, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Gilvan Coimbra Martins sobre a física dos solos das áreas pesquisadas no projeto. Segundo ele, em geral os solos da bacia Amazônica possuem baixa fertilidade, principalmente por serem muito antigos. Porém, ressaltou que quanto mais a oeste no estado no Amazonas, os solos são mais novos e, por isso, possuem maior fertilidade. Já a pesquisadora alemã Sophie von Fromm, apresentou alguns resultados sobre a respiração dos solos nos locais avaliados. De acordo com a pesquisadora, os resultados apontam que em áreas de floresta e na estação de chuvas são onde ocorrem as maiores atividades de respiração dos solos. O projeto EcoRespira-Amazon pesquisou a respiração do solo e a química do solo em diferentes locais da bacia amazônica, representando diferentes tipos de cobertura da terra. Nesse sentido, foram escolhidos treze locais de amostragem, em áreas de florestas próximos a locais com sistemas agroflorestais, com uso agrícola ou com pastagens, com o objetivo de avaliar o possível impacto da mudança do uso da terra. No caso de áreas de não florestas, foram avaliados locais com o desenvolvimento de culturas como açaí, mandioca, milho, seringueira, cítricos e pastagens, entre outras. Segundo o pesquisador da Techinische Universität Bergakademie Freiberg (Tubaf), Jörg Matschullat um dos principais desafios do projeto, foi como entender um sistema tão complexo como o da bacia Amazônica. Participam do projeto pesquisadores da Embrapa, Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (IPAAM), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A coleta de dados para a pesquisa foi realizada em três momentos diferentes nos treze locais escolhidos – fevereiro/março de 2016 (estação chuvosa fraca), julho/agosto de 2016 (estação seca extrema) e fevereiro/ março de 2017 (estação chuvosa forte). Nos locais foram coletas amostras de gases, de dióxido de carbono e do solo, para análises posteriores. De acordo com Jörg Matschullat, as condições extremas nos momentos de coleta, de muito seco a muito úmido, permitem interpretar os dados de forma muito ampla, possibilitando projetar os dados do sistema em um futuro previsível. As análises buscam aferir, entre outros, parâmetros como a física do solo e suas implicações; a umidade, a condutividade e os valores de pH do solo; a química e a dinâmica do solo; a respiração do solo e do ecossistema; a dinâmica da biomassa; e a dinâmica da cobertura do solo. Os dados coletados estão ainda em fase final de análise. Depois da conclusão, essas informações serão publicadas servindo de subsídios para novos estudos sobre a dinâmica da respiração dos solos, bem como para subsidiar recomendações para o uso mais sustentável do solo na bacia amazônica. Para Jörg Matschullat, os estudos estão demonstrando que para reverter a degradação e apontar caminhos para um modelo de produção sustentável, as soluções devem ser buscadas em conjunto com os produtores. “O produtor não quer degradar, mas muitas vezes não tem conhecimento sobre como mudar suas práticas sem comprometer sua sobrevivência econômica”, destacou o pesquisador.