27/04/15 |   Nanotecnologia

Pesquisa com plástico comestível é apresentada na Agrishow pela primeira vez

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Foto: Samuel Vasconcelos

Samuel Vasconcelos - Embalagem comestível

Embalagem comestível

O plástico é desenvolvido com rejeitos de verduras, frutas e legumes
 
O plástico comestível ainda está em fase de desenvolvimento, mas já é possível perceber a infinidade de aplicações para a pesquisa que aproveita rejeitos de alimentos, como tomate, beterraba, cenoura, mamão, maracujá, para envolver de pizza a aves, sem a necessidade de descartá-los na hora do preparo.
 
As mais novas formulações que a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) está desenvolvendo são à base de goiaba e espinafre. A novidade será apresentada aos visitantes da 22ª edição da Agrishow, a ser realizada de 27 de abril a 1º de maio, em Ribeirão Preto (SP), no estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), onde a Embrapa e demais vinculadas do órgão vão expor suas tecnologias.
 
Desenvolvido no âmbito da Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano), com investimentos que já ultrapassaram os R$200 mil, os plásticos têm como vantagens o reaproveitamento de rejeitos da indústria de alimentos, a substituição de material sintético, além de ter a mesma resistência e textura dos plásticos convencionais. Como podem ser ingeridos, a indústria de embalagens pode explorar o material de diversas formas.
 
Entre as possibilidades estão sachês de sopas que podem se dissolver com seu conteúdo em água fervente, aves já envoltas em sacos que contêm o tempero em sua composição, sem contar o potencial para o mercado de alimentos destinado ao público infantil. "Geralmente os vegetais, como espinafre, brócolis, beterraba, que são ricos em nutrientes,  não agradam o paladar das crianças. Por isso, os plásticos podem ser desenvolvidos com a mesma composição de nutrientes destes vegetais", explica Marcos Lorevice, integrante da equipe responsável pela produção dos plásticos.
 
Os plásticos que estão sendo desenvolvidos pela Embrapa podem aumentar o tempo de vida de prateleira dos alimentos com a adição de quitosana – um polissacarídeo formador da carapaça de carangueijos, que tem propriedades bactericidas.
 
 Para o chefe-geral da Embrapa Instrumentação e coordenador da pesquisa, Luiz Henrique Capparelli Mattoso, o trabalho de desenvolver filmes a partir de frutas tropicais é pioneiro no mundo, por utilizar rejeitos da indústria alimentícia para fabricar o material. "Isso garante duas características de sustentabilidade: o aproveitamento de rejeitos de alimentos e a substituição de uma embalagem sintética que seria descartada", afirma Mattoso.
 
Para se chegar no plástico comestível, a matéria-prima utilizada passa pelo processo de liofilização, um tipo de desidratação na qual, após o congelamento do alimento, toda a água contida nele se transforma do estado sólido diretamente ao gasoso, sem passar pela fase líquida. Ao alimento desidratado é misturado um nanomaterial que tem a função de dar liga ao conjunto. O resultado é um alimento completamente desidratado com a vantagem de manter suas propriedades nutritivas.
 
A pesquisa vem sendo reconhecida pela comunidade científica com a conquista de diversas distinções por instituições como a Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), que escolheu o artigo "Mamão e canela, ingredientes de filmes antimicrobianos para embalar alimentos", como destaque do mês de junho de 2014.
 
Outro artigo intitulado "Antimicrobial and physical-mechanical properties of pectin/papaya puree/cinnamaldehyde nanoemulsion edible composite films", o qual trata do desenvolvimento do filme de mamão, está entre os mais baixados no site da revista Food Hydrocolloids.  http://www.journals.elsevier.com/food-hydrocolloids/most-downloaded-articles/
 
A pesquisa envolve parcerias importantes, entre elas, a Embrapa Agroindústria Tropical (CE) e a Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), no campus de Ilha Solteira (SP), e internacionais, entre as quais destacou o trabalho conjunto com o Agricultural Research Service (ARS), dos Estados Unidos.
 

Joana Silva, Jornalista (MTb 19554)
Embrapa Instrumentação

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