30/11/17 |   Agroecologia e produção orgânica

Troca de experiências sobre SAFs em Mato Grosso do Sul envolve comunidades indígenas, agricultores, extensionistas rurais e estudantes

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Foto: Myrian Ramos

Myrian Ramos - Primeiro dia do evento com realização de palestras.

Primeiro dia do evento com realização de palestras.

Foi realizado um dia de campo para troca de experiências em sistemas agroflorestais agroecológicos em 18 de novembro, na Fazenda Jatobá, em Laguna Carapã, MS, em uma parceria da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariuna, SP) com a Fazenda Jatobá, Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer) e Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS).

Ao público composto de 104 participantes, entre agricultores familiares, assentados, representantes de comunidades indígenas, estudantes, professores e técnicos, foram apresentados temas como o planejamento e execução de implantação participativa de sistemas agroflorestais, algumas experiências concretas no Estado de São Paulo e no Estado do Mato Grosso do Sul.

A programação contou com breve introdução sobre SAFs, transição agroecológica e as experiências da Embrapa Agropecuária Oeste com SAFs em assentamentos do Mato Grosso do Sul, apresentadas pelo pesquisador Milton Padovan; experiências da Embrapa Meio Ambiente com SAFs em assentamentos de São Paulo, apresentadas pelo pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho; efeitos dos SAFs sobre o solo; metodologias para diagnóstico rápido da estrutura do solo e observações práticas em campo.

Conforme Luiz Octávio Ramos Filho, um dos coordenadores do evento, “no caso da Embrapa Meio Ambiente, apresentamos com mais detalhes a experiência do assentamento Sepé Tiaraju, acompanhada pela Embrapa desde 2005, e que mais recentemente, entre 2014 e 2017, teve um novo projeto aprovado por meio de uma política pública estadual, com o objetivo de consolidar e ampliar o número de famílias que adotam SAFs no assentamento, bem como desenvolver processos para maior agregação de valor destes produtos. O projeto envolveu a capacitação dos agricultores e a implantação de 35 SAF’s agroecológicos e biodiversos, beneficiando diretamente 35 famílias.”

Na abertura, o grupo recebeu as boas vindas de Guaracy Boschiglia, fundador da fazenda Jatobá, com a música “Interligado”.

Seu filho, Guaracy Jr, destacou a importância de dias de campo como esse. “São estágios de vivência, onde podemos acompanhar, estar juntos e perceber a dificuldade e os problemas de cada agricultor enfrenta, que não são só tecnologias. Essas experiências trazem enriquecimento e ajudam a definir a nossa vida, e são tão fundamentais como as teorias passadas em sala de aula”.

Neste sentido, além das atividades de formação técnica, o encontro também contou com a apresentação e troca de experiências pelos participantes, como os casos do  Assentamento Itamaraty e de diversas comunidades indígenas, além de outros agricultores de diferentes regiões do estado.

“Eu acredito que o mais importante nesse encontro é o sentimento de esperança. A   natureza nos ensina. Precisamos estudar mais a natureza. Ela pede socorro. É muito importante cuidar dela, que é a continuidade da vida”, disse Anastacio Guerado, um Guarani Kaiowa, com nome indígena Homem Sol Nascente. “Eu vejo a agroecologia como a continuidade de vida. Para nós, indígenas, terra é mãe e mãe tem que ser cuidada. Os pesquisadores que vieram aqui também acreditam na importância dos sistemas agroflorestais. Para nós, tudo tem alma. A semente, a terra, as árvores. E se tem alma, precisa ser cuidada. É preciso reeducar o povo que sobrevive da terra, para amar a terra”.

Anastacio destaca que estuda para cuidar do seu povo e não apenas de si. “Para nós tudo tem vida. O conhecimento da comunidade não vai servir apenas para mim, vai servir para todos e para muitas vidas daqui pra frente”.

André Luiz Paes de Barros, coordenador municipal da Agraer de Dourados, ressalta essa integração de produtores, estudantes e extensionistas para discutir esta questão tão importante na agroecologia familiar, que são os SAFs. “Esse assunto precisa ser trabalhado cada vez mais”.

Para Maria Leda Vieira de Souza, da aldeia Xiru Karai em Dourados, esses encontros são uma forma de expandir o sonho dos Guarani Kaiowas de reflorestar o Estado de Mato Grosso do Sul.

Cajetano Vera, indígena de Dourados, citou o projeto feito em uma escola no município de Dourados, onde as crianças participam de um projeto ambiental, com aulas práticas todas as sextas-feiras, em uma área degradada, com 400 mudas de árvores plantadas até o momento.

O representante de Escola Municipal Ñandejara, em parceria com a Universidade Católica Don Bosco, mostrou um trabalho de educação ambiental e recuperação de uma microbacia na aldeia dele. Foi, inclusive, implantado um viveiro de mudas, com coleta de sementes em outras aldeias, iniciado ainda na gestão da prefeitura de Guaracy Boschiglia no município de Caarapó, há mais de 15 anos.

A pesquisadora da área de manejo do solo da Embrapa Agropecuária Oeste Michely Tomazi apresentou a questão da qualidade dos solos e da sua importância no cultivo agroecológico, de forma prática.

Participaram deste encontro de troca de experiências: indígenas Guarani Kaiowa, Xiru/karai e Panabizinho; o vereador Joselino Teixeira; Reserva Indígena Comunidade Kaiua/Reserva Jacaré; Agraer; Universidade Federal da Grande Dourados; agricultores; proprietários e funcionários da Fazenda Jatobá; Escolas Municipais Indígena Ñandyara e Indígena Tengatui.

Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente

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