06/03/18 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

“Conhecimento é o caminho para agregar valor aos produtos”, garantem cientistas

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Foto: Saulo Coelho

Saulo Coelho - Palestrantes com chefe da Unidade anfitriã do evento, Marcelo Fernandes (centro)

Palestrantes com chefe da Unidade anfitriã do evento, Marcelo Fernandes (centro)

Para gerar nos consumidores a sensação de que um preço mais elevado que possam pagar por um produto é justo – conceito simples de ‘valor agregado’ –, não há outro caminho viável que não a geração e introdução, nos sistemas produtivos, de tecnologias e soluções inovadoras, que proporcionem aumento de produtividade, matéria-prima de alta qualidade, técnicas industriais avançadas e maior rentabilidade para o produtor, seja ele de base familiar ou larga escala industrial.

Esses foram os principais argumentos apresentados e debatidos na sexta (2) em Aracaju, pelo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), Gustavo Saavedra, e do pesquisador especializado em ciência e tecnologia de alimentos Ricardo Elesbão, que desde 2017 vem atuando na Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE).

Em seminário promovido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, Saavedra e Elesbão apresentaram as diversas contribuições da pesquisa agropecuária para a agregação de valor a produtos oriundos da biodiversidade tropical brasileira. Participaram do evento agentes de instituições governamentais, privadas e do terceiro setor ligadas ao turismo e desenvolvimento regional, além de professores e coordenadores de cursos de turismo, ciências agrárias, economia e gastronomia. 

Palestras
Saavedra discutiu o tema ‘A Embrapa Agroindústria Tropical e seu Papel na Agregação de Valor’. Ele apresentou dados históricos e científicos sobres os relevantes resultados de pesquisa da Unidade da Embrapa que detém os mais avançados conhecimentos sobre a cultura do caju no mundo, além de atuar no desenvolvimento de soluções para a agroindústria que processa e transforma produtos agrícolas de regiões tropicais.

Segundo o pesquisador, a agregação de valor se define pela aplicação de conhecimentos que promovam o aumento do valor adicionado (valor de venda do produto menos o custo de matérias-primas e operações), pela redução dos custos de operação (uso de tecnologia inovadora ou melhorada; uso de equipamentos mais eficientes ou de maior controle; substituição de insumos; uso racional de insumos e mão-de-obra) e pelo aumento do valor final do produto (maior vida útil; produto diferenciado; rastreabilidade; certificação; embalagem diferenciada; etc.). 

Gustavo apresentou dados que evidenciam os enormes avanços obtidos na produção agrícola no Nordeste, a exemplo da cultura do caju, com agregação de valor em toda a cadeia produtiva, desenvolvimento e melhoramento genético do cajueiro anão precoce, maior aproveitamento industrial de partes antes descartadas no campo, como o pseudofruto, e aumento de renda para os produtores.

Elesbão, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical que vem desenvolvendo projetos na região dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste, apresentou a palestra ‘Biodiversidade: Novos Produtos e Compostos Bioativos’. 

Ele apresentou os conceitos e fundamentos de uma nova agricultura, fundamentada na ‘bioecoeconomia’ e baseada na prospecção e utilização sustentável e inovadora dos recursos biológicos na geração de bens e produtos com aplicação na medicina, nutrição, agricultura, biotecnologia, etc. – tudo isso integrado numa rede de atividades econômicas com maior eficiência ecológica e sustentabilidade social e ambiental. 

Segundo o pesquisador, essa nova organização produtiva, mais moderna e sustentável, aliada aos avanços da tecnologia agropecuária, traz impactos positivos em todas as áreas da atividade econômica, a exemplo da produção de alimentos que ultrapassam a importância nutricional e de saúde, agregando valor turístico, gastronômico e cultural, por exemplo. 

Para Elesbão, a exuberante riqueza da biodiversidade do Brasil tropical, com a aplicação de conhecimentos científicos e pesquisas avançadas, tem enorme potencial na geração de alimentos funcionais, no enriquecimento gastronômico e alimentar dos povos, nas aplicações medicinais, entre outros ganhos.

Contando com a estrutura do Laboratório Multiusuário da Química de Produtos Naturais da Embrapa Agroindústria Tropical, Elesbão vem conduzindo projetos de pesquisa com parceiros brasileiros e mundiais na busca de novos produtos e compostos bioativos (que têm algum efeito sobre os organismos vivos e tecidos e células). Um dos objetivos é agregar valor a extratos oriundos de espécies nativas de fruteiras tropicais, como a mangaba, promovendo-os como produtos saudáveis contra a inflamação e doenças crônicas associadas. 

Cachaça em SE
O seminário integrou as discussões e articulações mantidas entre o Sebrae, a Embrapa e instituições parceiras em Sergipe para a implementação de um projeto voltado para o desenvolvimento local associado a indústria da cachaça.

Denominada ‘Projeto Rota dos Engenhos’, a iniciativa está associada à Rede Sul de Municípios de Sergipe, e tem a coordenação do Sebrae-SE e da Confraria da Cachaça, com o apoio da Embrapa, do Curso de Gastronomia da Universidade Tiradentes (Unit)  e outros parceiros. O principal objetivo do projeto é dar suporte ao desenvolvimento local por meio do resgate e valorização da indústria de produção de cachaça, associado ao agroturismo e gastronomia.

Para Fábio Dickson, representante da Confraria da Cachaça presente no evento, não há como avançar nesses segmentos culturais, turísticos e gastronômicos sem a aplicação de conhecimentos atuais e baseados na ciência. “Sem o apoio de instituições como o Sebrae, que traz os conhecimentos de negócio, e da Embrapa, que gera as tecnologias no campo e na produção industrial, os alambiques ficarão presos em técnicas desatualizadas, e não teremos avanços reais”, reconheceu.

Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros

Contatos para a imprensa

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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