Evento discutiu entraves e alinhou as estratégias para avançar na implantação do sistema como referência no setor agropecuário Cerca de cem pessoas, entre técnicos, produtores, representantes de entidades, autoridades de diferentes regiões do Brasil, estiveram reunidos no auditório da Superintendência Federal da Agricultura (SFA-RS/Mapa), em Porto Alegre, durante os dias 16 e 17 de agosto, discutindo o estágio atual, os entraves e as próximas etapas para alavancar a Produção Integrada (PI) Agropecuária no Brasil, que utiliza o selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade quando os produtos agrícolas estão certificados. O Rio Grande do Sul é o berço da Produção Integrada no Brasil, tendo a maçã como cultura pioneira neste sistema, além de ser o estado brasileiro com o maior número de cadeias produtivas regulamentadas pela PI, contemplando o cultivo da maçã, pêssego, morango, tabaco,arroz, trigo e uva para processamento – vinho e suco. Articulado pela Comissão Estadual da Produção Integrada Agropecuária do RS, o evento é mais uma estratégia para encontrar soluções, reunindo profissionais de diferentes áreas para compartilhamento de experiências, esclarecimento de dúvidas e proposição de alternativas. “É muito importante a interação e o trabalho conjunto de várias expertises e dos diferentes elos da cadeia produtiva para discutir e implementar a melhor gestão na agricultura. Só assim vamos avançar com a Produção Integrada”, avaliou Edna Maria de Oliveira Ferronatto, da Superintendência Federal da Agricultura no RS e uma das coordenadoras do encontro. “A Produção Integrada, pelas suas características, é o sistema de produção de alimentos em larga escala do futuro”, sentenciou Marcus Vinicius Martins, da Coordenação de Produção Integrada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no encerramento do encontro. Ele defende o sistema que tem como pilar o alimento seguro, produzido a partir das Boas Práticas Agrícolas (BPA), envolvendo processos que garantam a segurança ambiental e do aplicador, e a qualidade do produto final. De adesão voluntária, a Produção Integrada exige capacitação contínua da equipe de técnicos e dos produtores, sempre buscando a racionalização do uso de insumos e o cumprimento da legislação vigente. Atualmente, o Brasil já conta com 28 culturas com as normas técnicas aprovadas e publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), porém, somente quatro estão sendo certificadas: o morango, a maçã, o tabaco e a uva de processamento (vinho e suco). Apesar de um intenso trabalho para o desenvolvimento do sistema, os produtos e principalmente os benefícios da produção certificada ainda são poucos conhecidos pelos consumidores. Segundo pontuou Samar da Velho da Silveira, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenador da Produção Integrada de Uva para Processamento, esse baixo índice de certificação está relacionado diretamente ao custo do processo e a não valorização do produto certificado. “A falta de demanda e o não reconhecimento do consumidor por este produto certificado e diferenciado, inviabiliza que o produtor receba um valor agregado. E sem nenhum benefício, ele opta por não certificar, mesmo aplicando o protocolo PI”, esclarece. Edna Ferronatto destaca que o principal problema da Produção Integrada é não ter o reconhecimento do consumidor e, por conseguinte, não ter valor agregado. É necessário reforçar o trabalho de convencimento sobre a importância da certificação junto aos produtores e, para os consumidores, divulgar a qualidade diferenciada dos produtos oriundos da produção integrada. Acrescenta que a Produção Integrada pressupõe a análise cuidadosa das técnicas de manejo e controle de pragas, portanto, é fundamental investir em pesquisas locais que possibilitem que a intervenção humana reduza ou minimize, o máximo possível, os riscos para a saúde e o meio ambiente. Alexandre Hoffmann, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, complementa que tão importante quanto convencer o produtor a certificar é disponibilizar o produto certificado e informar o consumidor. “Essas ações precisam estar sincronizadas para dar certo a relação entre demanda e oferta. Se o consumidor procurar e não encontrar, ele já frustra a expectativa e acaba desistindo – isso gera um ciclo vicioso: se o consumidor não sabe, não exige e o varejista não oferece, não estimulando o produtor a ofertar o produto”, exemplifica ele. Diferentes estágios da PI Durante o encontro, os participantes puderam acompanhar diferentes produtos e os seus estágios em relação à Produção Integrada. Compondo o painel sobre Produtos comercializados com o selo da Produção Integrada, o produtor Normélio Ravanello, da Vinícola Ravanello (Gramado - RS), apresentou a mais nova certificação da Produção Integrado do Brasil, recebida no início deste ano (veja matéria completa aqui), a de vinhos. Uma conquista a ser celebrada por ser a primeira certificação de uma cultura que vem do campo, passa pela indústria e chega ao consumidor. Culturas que já estão sendo certificadas como o tabaco, maçã e morango também ganharam espaço especial na programação. O caso dos morangos trouxe uma estratégia interessante para as demais cadeias de produção, pois conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Atibaia, que auxilia os produtores custeando a certificação. Já a Comissão Técnica para a Produção de Oliveiras aproveitou o encontro para fazer a entrega oficial da proposição da Norma Técnica, dos Cadernos de Campo e da Indústria para a cultura da oliveira ao Ministério da Agricultura, para avaliação e posterior publicação. Segundo o presidente da Comissão, Jair Costa Nachtigal, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, a expectativa é que até o final do ano a Norma Técnica esteja publicada e os produtores possam começar a certificar a produção. No encontro, diferentes elos da cadeia apresentaram iniciativas que estão sendo feitas com o mesmo objetivo de valorizar o alimento seguro, como é o caso dos produtores da Ceasa de Porto Alegre, da Emater/RS-Ascar, dos supermercadistas, do Sebrae/RS com o Programa Juntos Para Competir, dentre outros, demonstrando que todos estão preocupados em desenvolver e qualificar seus segmentos e também sugerem que o Governo assuma o papel de gestão para não perder todo o investimento que já foi feito. Entre os planos futuros definidos como resultados do evento pelos participantes estão a união das diferentes iniciativas de treinamento e fazer uma proposição para todo o Brasil, além de promover um encontro com profissionais da área de exportação para abordar a temática e os entraves enfrentados pelos produtores brasileiros. Reflexões “Muitos produtores estão à procura do 'Martelo de Thor', ou seja, uma ferramenta poderosa que resolva todos os problemas, mas infelizmente ela ainda não existe”, pontuou Lucas Garrido, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. No controle de doenças, ele destaca que o foco sempre está no controle químico, enquanto o principal problema está na tecnologia de aplicação, seja na pulverização em momentos inadequados, ou mesmo o uso de equipamentos mal regulados, ocasionando o desperdício de produtos. Ele destacou o trabalho realizado na cultura da uva, que em um esforço setorial realiza anualmente a atualização da Grade de Agroquímicos autorizados para a cultura e disponibiliza a todos os produtores. “Realizamos todo o trabalho de apoio, mas sem dúvida o melhor método de controle é ainda usar variedades resistentes”, pontuou ele. Outro ponto levantado pelo pesquisador Adalécio Kovaleski foi a necessidade de uma maior agilidade na legalização de novos ingredientes ativos com menor impacto, propondo como alternativa um 'sistema expresso' para inclusão desses produtos na lista do Agrofit. No caso da macieira, ele também destacou a importância de novas variedades melhor adaptadas e mais resistentes a doenças, bem como a obrigatoriedade do monitoramento de pragas para a tomada de decisão na aplicação de produtos. Para a Promotora Caroline Vaz, do Ministério Público do RS, o calcanhar de Aquiles da Produção integrada é a falta de normas claras. “É importante que as normas sejam estabelecidas e implementadas através de normas promulgadas pelo Estado ou mesmo por acordos setoriais, mas devem ser claras para que todos possam cumprir e ser cobrados pelo seu cumprimento ou não”, pontuou. O pesquisador Alexandre Hoffmann defende que o avanço da Produção Integrada está diretamente relacionado à solução de dois entraves. O primeiro é a necessidade do Governo estabelecer um calendário oficial obrigatório para a implantação gradativa da PI, e o outro é que a Produção Integrada seja compreendida, aceita e defendida pelas lideranças setoriais como o programa referencial de excelência para atender às demandas legais e de mercado por qualidade, rastreabilidade e certificação. O papel da Embrapa na Produção Integrada “A gente se adiantou no tempo. A pesquisa tem esse viés. Temos a obrigação de perceber e atender as demandas do futuro, como foi o caso da Produção Integrada”, avaliou Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, pesquisadora aposentada da Embrapa Uva e Vinho e considerada uma das lideres da Produção Integrada no Brasil. Ela comenta que desde o início, em 1996, já muitos foram os avanços, como a melhoria de gestão de rastreabilidade e os sistemas de monitoramento e manejo. Mas ela cita que a comercialização não conseguiu ainda se desenvolver. “Agora o cenário é diferente, pois o mercado está sendo exigido a vender produtos de qualidade”, avalia “Saio do evento com esperança que se torne realidade a chegada de produtos ao mercado com qualidade garantida ostentando o selo da PI”, avaliou ela. “Não há como dissociar a Produção Integrada da Embrapa. Praticamente todas as culturas que possuem Normas Técnicas e condições de certificação contaram com a participação da equipe da Empresa de Pesquisa. Algumas, como o tabaco, tiveram a contribuição indireta, pela experiência utilizada de outras culturas pela cadeia”, destacou Alexandre Hoffmann. Para Marcus Vinicius Martins, a Produção Integrada não existiria e não teria conseguido avançar no Brasil sem a atuação da Embrapa. Hoffmann comenta que a Produção Integrada foi o embrião para a criação do Portfólio Corporativo Alimentos: Segurança, Nutrição e Saúde. O Portfólio é uma estratégia da Embrapa para organizar a sua programação de pesquisa e transferência de tecnologia em temas considerados estratégicos, auxiliando a organizar a programação de pesquisa da Embrapa. “A segurança do alimento foi claramente compreendida pela Diretoria da Embrapa como estratégica. E uma plataforma que induza e articule equipes e redes de pesquisa para produzir conhecimento cria oportunidades muito ricas para fornecer tecnologias para sistemas de produção de alimentos seguros, como é o caso da PI”. Segundo o pesquisador, que coordena o Comitê Gestor do Portfólio, essas tecnologias podem ser usadas em diversos formatos, respeitando a pluralidade da agricultura e indo desde os produtos agrocológicos até os protocolos de certificação dos mais diferentes produtos, assegurando que se use o que há de mais moderno em tecnologia para ofertar um alimento seguro para quem produz e para quem consome.
Foto: Viviane Zanella
Edna destaca que se conseguirmos reduzir a desinformação, outras coisas também vão evoluir!
Evento discutiu entraves e alinhou as estratégias para avançar na implantação do sistema como referência no setor agropecuário
Cerca de cem pessoas, entre técnicos, produtores, representantes de entidades, autoridades de diferentes regiões do Brasil, estiveram reunidos no auditório da Superintendência Federal da Agricultura (SFA-RS/Mapa), em Porto Alegre, durante os dias 16 e 17 de agosto, discutindo o estágio atual, os entraves e as próximas etapas para alavancar a Produção Integrada (PI) Agropecuária no Brasil, que utiliza o selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade quando os produtos agrícolas estão certificados. O Rio Grande do Sul é o berço da Produção Integrada no Brasil, tendo a maçã como cultura pioneira neste sistema, além de ser o estado brasileiro com o maior número de cadeias produtivas regulamentadas pela PI, contemplando o cultivo da maçã, pêssego, morango, tabaco,arroz, trigo e uva para processamento – vinho e suco.
Articulado pela Comissão Estadual da Produção Integrada Agropecuária do RS, o evento é mais uma estratégia para encontrar soluções, reunindo profissionais de diferentes áreas para compartilhamento de experiências, esclarecimento de dúvidas e proposição de alternativas. “É muito importante a interação e o trabalho conjunto de várias expertises e dos diferentes elos da cadeia produtiva para discutir e implementar a melhor gestão na agricultura. Só assim vamos avançar com a Produção Integrada”, avaliou Edna Maria de Oliveira Ferronatto, da Superintendência Federal da Agricultura no RS e uma das coordenadoras do encontro.
“A Produção Integrada, pelas suas características, é o sistema de produção de alimentos em larga escala do futuro”, sentenciou Marcus Vinicius Martins, da Coordenação de Produção Integrada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no encerramento do encontro. Ele defende o sistema que tem como pilar o alimento seguro, produzido a partir das Boas Práticas Agrícolas (BPA), envolvendo processos que garantam a segurança ambiental e do aplicador, e a qualidade do produto final. De adesão voluntária, a Produção Integrada exige capacitação contínua da equipe de técnicos e dos produtores, sempre buscando a racionalização do uso de insumos e o cumprimento da legislação vigente.
Atualmente, o Brasil já conta com 28 culturas com as normas técnicas aprovadas e publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), porém, somente quatro estão sendo certificadas: o morango, a maçã, o tabaco e a uva de processamento (vinho e suco). Apesar de um intenso trabalho para o desenvolvimento do sistema, os produtos e principalmente os benefícios da produção certificada ainda são poucos conhecidos pelos consumidores.
Segundo pontuou Samar da Velho da Silveira, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenador da Produção Integrada de Uva para Processamento, esse baixo índice de certificação está relacionado diretamente ao custo do processo e a não valorização do produto certificado. “A falta de demanda e o não reconhecimento do consumidor por este produto certificado e diferenciado, inviabiliza que o produtor receba um valor agregado. E sem nenhum benefício, ele opta por não certificar, mesmo aplicando o protocolo PI”, esclarece.
Edna Ferronatto destaca que o principal problema da Produção Integrada é não ter o reconhecimento do consumidor e, por conseguinte, não ter valor agregado. É necessário reforçar o trabalho de convencimento sobre a importância da certificação junto aos produtores e, para os consumidores, divulgar a qualidade diferenciada dos produtos oriundos da produção integrada. Acrescenta que a Produção Integrada pressupõe a análise cuidadosa das técnicas de manejo e controle de pragas, portanto, é fundamental investir em pesquisas locais que possibilitem que a intervenção humana reduza ou minimize, o máximo possível, os riscos para a saúde e o meio ambiente.
Alexandre Hoffmann, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, complementa que tão importante quanto convencer o produtor a certificar é disponibilizar o produto certificado e informar o consumidor. “Essas ações precisam estar sincronizadas para dar certo a relação entre demanda e oferta. Se o consumidor procurar e não encontrar, ele já frustra a expectativa e acaba desistindo – isso gera um ciclo vicioso: se o consumidor não sabe, não exige e o varejista não oferece, não estimulando o produtor a ofertar o produto”, exemplifica ele.
Diferentes estágios da PI
Durante o encontro, os participantes puderam acompanhar diferentes produtos e os seus estágios em relação à Produção Integrada. Compondo o painel sobre Produtos comercializados com o selo da Produção Integrada, o produtor Normélio Ravanello, da Vinícola Ravanello (Gramado - RS), apresentou a mais nova certificação da Produção Integrado do Brasil, recebida no início deste ano (veja matéria completa aqui), a de vinhos. Uma conquista a ser celebrada por ser a primeira certificação de uma cultura que vem do campo, passa pela indústria e chega ao consumidor.
Culturas que já estão sendo certificadas como o tabaco, maçã e morango também ganharam espaço especial na programação. O caso dos morangos trouxe uma estratégia interessante para as demais cadeias de produção, pois conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Atibaia, que auxilia os produtores custeando a certificação.
Já a Comissão Técnica para a Produção de Oliveiras aproveitou o encontro para fazer a entrega oficial da proposição da Norma Técnica, dos Cadernos de Campo e da Indústria para a cultura da oliveira ao Ministério da Agricultura, para avaliação e posterior publicação. Segundo o presidente da Comissão, Jair Costa Nachtigal, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, a expectativa é que até o final do ano a Norma Técnica esteja publicada e os produtores possam começar a certificar a produção.
No encontro, diferentes elos da cadeia apresentaram iniciativas que estão sendo feitas com o mesmo objetivo de valorizar o alimento seguro, como é o caso dos produtores da Ceasa de Porto Alegre, da Emater/RS-Ascar, dos supermercadistas, do Sebrae/RS com o Programa Juntos Para Competir, dentre outros, demonstrando que todos estão preocupados em desenvolver e qualificar seus segmentos e também sugerem que o Governo assuma o papel de gestão para não perder todo o investimento que já foi feito.
Entre os planos futuros definidos como resultados do evento pelos participantes estão a união das diferentes iniciativas de treinamento e fazer uma proposição para todo o Brasil, além de promover um encontro com profissionais da área de exportação para abordar a temática e os entraves enfrentados pelos produtores brasileiros.
Reflexões
“Muitos produtores estão à procura do 'Martelo de Thor', ou seja, uma ferramenta poderosa que resolva todos os problemas, mas infelizmente ela ainda não existe”, pontuou Lucas Garrido, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. No controle de doenças, ele destaca que o foco sempre está no controle químico, enquanto o principal problema está na tecnologia de aplicação, seja na pulverização em momentos inadequados, ou mesmo o uso de equipamentos mal regulados, ocasionando o desperdício de produtos. Ele destacou o trabalho realizado na cultura da uva, que em um esforço setorial realiza anualmente a atualização da Grade de Agroquímicos autorizados para a cultura e disponibiliza a todos os produtores. “Realizamos todo o trabalho de apoio, mas sem dúvida o melhor método de controle é ainda usar variedades resistentes”, pontuou ele.
Outro ponto levantado pelo pesquisador Adalécio Kovaleski foi a necessidade de uma maior agilidade na legalização de novos ingredientes ativos com menor impacto, propondo como alternativa um 'sistema expresso' para inclusão desses produtos na lista do Agrofit. No caso da macieira, ele também destacou a importância de novas variedades melhor adaptadas e mais resistentes a doenças, bem como a obrigatoriedade do monitoramento de pragas para a tomada de decisão na aplicação de produtos.
Para a Promotora Caroline Vaz, do Ministério Público do RS, o calcanhar de Aquiles da Produção integrada é a falta de normas claras. “É importante que as normas sejam estabelecidas e implementadas através de normas promulgadas pelo Estado ou mesmo por acordos setoriais, mas devem ser claras para que todos possam cumprir e ser cobrados pelo seu cumprimento ou não”, pontuou.
O pesquisador Alexandre Hoffmann defende que o avanço da Produção Integrada está diretamente relacionado à solução de dois entraves. O primeiro é a necessidade do Governo estabelecer um calendário oficial obrigatório para a implantação gradativa da PI, e o outro é que a Produção Integrada seja compreendida, aceita e defendida pelas lideranças setoriais como o programa referencial de excelência para atender às demandas legais e de mercado por qualidade, rastreabilidade e certificação.
O papel da Embrapa na Produção Integrada
“A gente se adiantou no tempo. A pesquisa tem esse viés. Temos a obrigação de perceber e atender as demandas do futuro, como foi o caso da Produção Integrada”, avaliou Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, pesquisadora aposentada da Embrapa Uva e Vinho e considerada uma das lideres da Produção Integrada no Brasil. Ela comenta que desde o início, em 1996, já muitos foram os avanços, como a melhoria de gestão de rastreabilidade e os sistemas de monitoramento e manejo. Mas ela cita que a comercialização não conseguiu ainda se desenvolver. “Agora o cenário é diferente, pois o mercado está sendo exigido a vender produtos de qualidade”, avalia “Saio do evento com esperança que se torne realidade a chegada de produtos ao mercado com qualidade garantida ostentando o selo da PI”, avaliou ela.
“Não há como dissociar a Produção Integrada da Embrapa. Praticamente todas as culturas que possuem Normas Técnicas e condições de certificação contaram com a participação da equipe da Empresa de Pesquisa. Algumas, como o tabaco, tiveram a contribuição indireta, pela experiência utilizada de outras culturas pela cadeia”, destacou Alexandre Hoffmann. Para Marcus Vinicius Martins, a Produção Integrada não existiria e não teria conseguido avançar no Brasil sem a atuação da Embrapa.
Hoffmann comenta que a Produção Integrada foi o embrião para a criação do Portfólio Corporativo Alimentos: Segurança, Nutrição e Saúde. O Portfólio é uma estratégia da Embrapa para organizar a sua programação de pesquisa e transferência de tecnologia em temas considerados estratégicos, auxiliando a organizar a programação de pesquisa da Embrapa. “A segurança do alimento foi claramente compreendida pela Diretoria da Embrapa como estratégica. E uma plataforma que induza e articule equipes e redes de pesquisa para produzir conhecimento cria oportunidades muito ricas para fornecer tecnologias para sistemas de produção de alimentos seguros, como é o caso da PI”. Segundo o pesquisador, que coordena o Comitê Gestor do Portfólio, essas tecnologias podem ser usadas em diversos formatos, respeitando a pluralidade da agricultura e indo desde os produtos agrocológicos até os protocolos de certificação dos mais diferentes produtos, assegurando que se use o que há de mais moderno em tecnologia para ofertar um alimento seguro para quem produz e para quem consome.
Viviane Zanella (MTB14400)
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