Criador da sigla PANC participa de jornada sobre o tema no Rio de Janeiro
Criador da sigla PANC participa de jornada sobre o tema no Rio de Janeiro
A Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica (RJ), sediou na última segunda-feira o Dia de Campo Plantas alimentícias não convencionais, produção orgânica e alimentação saudável, como parte integrante da II Jornada de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) do Estado do Rio de Janeiro. A atividade contou com mais de 80 participantes, superando as expectativas dos organizadores. O evento faz parte da 15ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que começou no dia 15 e tem programação até dia 19 deste mês.
O Dia de Campo contou com a participação do pesquisador da Embrapa José Guilherme Marinho Guerra, das professoras da UFRRJ Maria Ivone Martins e Lucia Helena Maria Almeida e do professor e criador da sigla PANC, Valdely Ferreira Kinupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM-CMZL). Kinupp levou os participantes para uma caminhada pela Fazendinha, onde mostrou algumas das PANCs presentes no local. Todos puderam degustar algumas das plantas encontradas e, além disso, também aprenderam a preparar receitas com elas.
Espécies como heliconia, taioba, bucha vegetal, ora-pro-nóbis, moringa e picão preto são algumas das que foram encontradas durante a visita. Uma das plantas cultivada no local e que tem função de corante, por exemplo, é a Clitoria ternatea, da família Fabaceae, também conhecida como cunhã. Sua coloração chama a atenção por ser azul. “Os corantes azuis vendidos, em sua maioria, são sintéticos, diferentemente do produzido utilizando a cunhã, que é totalmente natural”, destacou Lucia Helena.
O acrônimo PANC foi usado inicialmente pelo professor Kinupp e pela nutricionista Irany Eugênia Boff Arteche durante a elaboração de um projeto conjunto em maio de 2008. A sigla popularizou-se após o Coletivo Catarse utilizá-la como nome de um documentário sobre o tema, intitulado Projeto PANCs - Plantas alimentícias não-convencionais. Antes, pesquisadores da área utilizavam diversos termos, como “plantas alimentícias alternativas”, para se referirem ao que hoje é conhecido apenas pelo acrônimo PANC.
A primeira jornada de plantas alimentícias não convencionais no Rio de Janeiro aconteceu em 2015, com atividades desenvolvidas em Nova Friburgo, Teresópolis, na UFRRJ e na Fazendinha Agroecológica km 47. Para Kinupp, deveria ser realizada uma jornada como essa pelo menos uma vez ao ano. Ele afirmou que existe uma demanda crescente sobre agroecologia e PANCs. “Para a popularização eficaz das PANCs é necessário que se tenha aumento da oferta, pois o mercado e as pessoas já estão abertas a esse tipo de produto”, disse.
Segundo a professora Maria Ivone Martins, o evento teve por objetivo “difundir a importância das PANCs na alimentação, na parte nutricional e de segurança alimentar, além de socializar o conhecimento sobre elas”. Ela declarou ainda que espera conseguir, junto com os outros colaboradores, organizar uma nova jornada no ano que vem.
A estudante de doutorado Daniele Bertoloto, do Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária (PPGCTIA) da UFRRJ, ressaltou a importância desse tipo de evento para a popularização do tema. “É importante não só no que tange à biodiversidade, à ecologia dessas espécies, como também para a introdução delas na comunidade, porque muita gente as desconhece e, chegando até a sociedade, elas poderão ser outra fonte nutricional”, apontou.
Valdely Kinupp é autor do livro Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil, que já vendeu quase 35 mil cópias desde seu lançamento, há quatro anos, e já esteve presente no ranking dos 500 mais vendidos da livraria Cultura. Ele também possui um sítio em Manaus (AM) que é chamado de “Sítio PANC”, onde cultiva algumas espécies não convencionais.
A Jornada e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da UFRRJ
A II Jornada de Plantas Alimentícias Não Convencionais do Estado do Rio de Janeiro também englobou a palestra Plantas alimentícias não convencionais: diversidade, saúde e sabores, ministrada pelo professor Kinupp no dia 11, na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, e no dia 14, na Casa dos Saberes, em São Pedro da Serra, Nova Friburgo.
Além da Jornada, outros eventos sobre o tema fizeram parte da programação da SNCT da UFRRJ. No dia 15 ocorreu no prédio principal da UFRRJ, em Seropédica, a palestra PANC, uma estratégia a segurança alimentar, com Sueny Pinhel Miranda, e no dia 18, no campus de Três Rios, está marcado o evento Plantas Alimentícias Não Convencionais, com Ângela Alves de Almeida, nas Tendas do Colégio Walter Frankling, a partir das 11 horas. A programação completa da SNCT, que segue até dia 19, pode ser conferida aqui.
Texto: Suelbe Gomes
(estagiário de Jornalismo)
Edição: Liliane Bello (MTb 01799/GO)
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