Panamá conhece Balde Cheio e tenta profissionalizar a produção de leite
Panamá conhece Balde Cheio e tenta profissionalizar a produção de leite
Eles produzem leite em condições semelhantes ao Brasil e estão buscando formas de se profissionalizar. Orientado por Elias Tuñón Villarreta, o grupo ligado à Associação de Produtores de Leite de Províncias Centrais do Panamá está visitando propriedades assistidas pelo programa Balde Cheio nesta semana. Na quarta (17), eles visitaram a Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), e puderam tirar dúvidas sobre o projeto que capacita técnicos e extensionistas há 20 anos. Esses profissionais prestam assistência técnica aos produtores.
Elias é panamenho, mas mora no Brasil há décadas. Ele conhece o grupo e organizou a visita ao interior de São Paulo. “Eles tinham que conhecer a Embrapa. Precisavam ver de perto como esse programa funciona”, afirmou. No centro de pesquisa, foram recebidos pelo chefe de Transferência de Tecnologia André Novo, que também é líder do projeto Balde Cheio em Rede, que agrega 14 Unidades da Embrapa.
Há dez anos, Elias fez um curso sobre pecuária leiteira com o pesquisador Artur Chinelato, que implantou o Balde Cheio na Embrapa. De lá para cá, atuando na área, o panamenho vem acompanhando o sucesso do programa pelo Brasil e teve a ideia de mostrar a metodologia aos visitantes.
Antes de passar por São Carlos, a comitiva, formada por aproximadamente 20 pessoas, esteve em Ribeirão Preto. Na quinta eles visitam uma propriedade do Balde Cheio em Novo Horizonte e, na sexta, em Potirendaba. Eles retornam ao Panamá no sábado.
CHUVAS E VACINAS
O Panamá tem 78 mil quilômetros quadrados e uma topografia “média, tendendo para plana”, de acordo com os produtores que visitaram a Embrapa. O regime de chuvas é irregular, com volumes que variam de 800 ml a 1.000 ml ao ano na região central, mas esse total se concentra em dois meses do ano. É possível utilizar irrigação no país.
Eles contaram que houve registro de focos recentes de doenças como tuberculose e brucelose. Os preços pagos pelo leite no país são estáveis, mas baixos. Os produtores desconhecem o custo de produção, que pode variar de ano para ano. O consumo de leite por habitante é de 90 litros/ano. No Brasil, gira em torno de 175 litros/ano.
André Novo fez uma palestra mostrando a realidade da produção de leite no Brasil e o impacto causado pelo Balde Cheio. Atualmente, o projeto atende 1.410 produtores em 11 Estados brasileiros. Ele falou que as tecnologias que devem ser aplicadas nas propriedades começam pela alimentação das vacas, manejo e sanidade. “Esse é o alicerce. Depois vêm as paredes, que são a administração, estrutura do rebanho e melhoramento”, afirmou.
Ao perguntar se os produtores do Panamá administram bem suas propriedades, a resposta foi uníssona: “Não, porque não sabemos como fazer.”
O chefe de transferência mostrou ainda o modelo de produção da Holanda, onde morou por quatro anos. “Lá eles criam vacas em confinamento, há muita neblina e poucas horas com luz durante o dia. Em quatro meses os holandeses precisam produzir os alimentos que vão consumir durante o ano”, contou.
André comentou também sobre o leite orgânico, cuja cadeia está se estruturando no Brasil. No Panamá não existe essa produção. “Aqui também não existia, estamos começando agora e está dando certo”, afirmou.
Elias se interessou pelas planilhas do IAT (índice de Atualização Tecnológica), um sistema que monitora o produtor e permite visualizar as práticas em que ele se destaca e onde precisa melhorar. “Por exemplo, o produtor pode ter um excelente controle sanitário, mas um manejo ambiental ruim por não proteger área de preservação. O IAT mostra esse acompanhamento de forma muito clara”, disse André.
Após a palestra, os visitantes puderam conhecer o sistema de produção de leite da Embrapa Pecuária Sudeste.
Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste
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