Dia de campo da cana-de-açúcar reúne agricultores em Canguçu/RS
Dia de campo da cana-de-açúcar reúne agricultores em Canguçu/RS
Foto: Paulo Lanzetta
Produtores demandaram da pesquisa e da extensão mais informações sobre a cultura da cana na região de Canguçu
Evento foi motivado por demandas dos próprios agricultores, que buscaram auxilio junto à pesquisa e à extensão rural para solucionar problemas e desenvolver a produção local de cana-de-açúcar e derivados
Na última quinta-feira (23), aconteceu no município de Canguçu, na Comunidade Nova Gonçalves, um Dia de Campo sobre a cultura da cana-de-açúcar. A realização do evento foi motivada por demanda dos agricultores locais, que solicitaram ajuda aos pesquisadores da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) e extensionistas da Emater/RS-Ascar para desenvolvimento da cultura na região. Um dos principais objetivos do evento foi identificar, dentre as nove cultivares de cana selecionadas ao Estado, aquelas que melhor correspondam às necessidades desses agricultores.
Durante o evento, foram abordadas informações sobre o sistema de cultivo da cana-de-açúcar, abrangendo diferentes variedades adaptadas à região, manejo do solo e adubação, e manejo de pragas e doenças. Os palestrantes também falaram sobre multiplicação de mudas e agregação de valor – incluindo, neste último, o ponto de maturação ideal para colheita da cana de açúcar tendo em vista a elaboração de diferentes produtos, entre eles melado, açúcar mascavo, rapaduras e doces de frutas com caldo de cana.
Segundo o assistente técnico regional da Emater, Renato Cogo, o ponto de colheita da cana tem influencia direta na agregação de valor, já que cada fase de maturação permite a elaboração de diferentes produtos – se o agricultor colher a cana num estágio em que houver apenas sacarose, só será possível fazer açúcar mascavo, e não melado, por exemplo. O técnico também abordou questões relativas a boas práticas de fabricação, como limpeza, corte e armazenamento da cana; e a filtragem do caldo de cana, entre outras.
Encaminhamentos
Ao final do evento, foi realizado um momento de encaminhamentos, quando foi verificada a necessidade de qualificação do grupo de agricultores presentes, desde o cultivo da cana, à elaboração de produtos para agregação de valor. Outro ponto levantado para ser trabalhado no futuro é a interação dos agricultores da região com outros grupos que também produzem cana em outras regiões do Estado para troca de experiências.
Dificuldades
Apesar da região de Canguçu não estar contemplada no zoneamento da cana de açúcar – trabalho que indica as áreas ideais para o cultivo da cana sem risco de perdas – alguns microclimas existentes no município e o uso de variedades mais tolerantes à geada – evento comum no local durante o inverno – poderão auxiliar os agricultores a obter sucesso na produção. A pesquisa selecionou cultivares de cana melhor adaptadas ao Estado, mas os agricultores ainda não encontraram uma que atenda as suas necessidades. "Colher a variedade certa, no tempo certo, é uma das maiores dificuldades no Rio Grande do Sul", afirma o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Sérgio dos Anjos.
Outro grande problema enfrentado é o abastecimento da pequena agroindústria da comunidade, criada em 2007 a partir de uma parceria com o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Na ocasião, houve investimento em estrutura e equipamentos, que estão subutilizados em decorrência da baixa produção na região e, consequentemente, do baixo volume da cana para processamento. Problema motivado pela inexistência de uma variedade adaptada ao clima local e pela dificuldade de se encontrar mudas.
Realidade da cultura
Atualmente, o Rio Grande do Sul possui uma área cultivada aproximada de 37 mil hectares de cana-de-açúcar. No Estado, a cultura tem múltiplos usos, como alimentação animal, proteção de cultivos na condição de quebra-vento, produção de cachaça, melado e etanol; e, ainda, utilização nas indústrias de doces de frutas, onde o caldo de cana é utilizado como açúcar. Uma gama de possibilidades que tem gerado renda para famílias como a do produtor Mauro Brauch. "Hoje queremos trabalhar com uma agroindústria, mas precisamos ter informações, porque o mercado é muito exigente. No Dia de Campo aprendemos bastante e, se nos basearmos nisso aí, teremos um futuro muito mais rentável", concluiu.
Silvana Scaglioni (estagiária)
Embrapa Clima Temperado
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