Variedade com alto teor de amido é lançada para mandiocultores baianos
Variedade com alto teor de amido é lançada para mandiocultores baianos
Na manhã de sexta-feira (7/12), a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Bahiamido Serviços Agroindustriais S.A. lançaram oficialmente a variedade de mandioca BRS Novo Horizonte, indicada para a produção de amido para a indústria nas microrregiões baianas de Valença, Jequié e Santo Antônio de Jesus.
O chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento, Aldo Vilar, destacou que a BRS Novo Horizonte é um marco para a parceria. “É o primeiro material que lançamos com a Bahiamido. Que a parceria continue e possamos conseguir materiais ainda melhores”, disse na abertura do evento, que aconteceu nas dependências da indústria.
O pesquisador Eder Oliveira, que coordenou o desenvolvimento da variedade obtida pelo projeto “Melhoramento genético de mandioca: ações integradas para o desenvolvimento de novas cultivares para alimentação e uso industrial”, apresentou os principais atributos competitivos da variedade, que foi testada em 12.623 parcelas da Bahiamido. “Ela veio para substituir variedades locais e outras que se usavam na região mas o trabalho continua”, afirmou. No momento, a Embrapa e a Bahiamido estão avaliando cinco híbridos, em especial quanto à deterioração pós-colheita.
Manoel Oliveira, gerente agrícola da indústria, explicou os processos agrícolas da empresa e detalhou um pouco da parceria. “Atualmente a BRS Poti Branca é o nosso carro-chefe, graças à taxa de multiplicação”, disse. Manoel ainda tirou dúvidas da plateia sobre a relação com produtores da região com interesse em fornecer raízes para a empresa.
Estava presente também o professor Marcos Roberto da Silva, da UFRB, cuja equipe deu suporte na fase inicial do melhoramento. No acordo de cooperação técnica entre as duas instituições, ele é o responsável técnico para avaliação de germoplasma de mandioca com objetivo de identificar e multiplicar melhores híbridos desenvolvidos pela Embrapa que possam ser de interesse dos produtores. “A ideia agora é contribuir para difundir a variedade, que tem um grande potencial para a região, montando uma unidade de referência dentro da própria UFRB e criar o ambiente para que alunos e produtores conheçam a variedade”, disse.
O produtor Valdemar Barreto de Farias, de Santo Antônio de Jesus, participou do evento. Foi a segunda vez na Bahiamido – a primeira foi em dezembro do ano passado, durante a recomendação de outras duas variedades da Embrapa. “Da outra vez eu levei a [BRS] Kiriris e a [BRS] Formosa. “Em termos de produção eu achei muito boas, apesar de arrancar com no máximo 10 meses. Agora estou levando a [BRS] Novo Horizonte que é também para fazer o teste e quem sabe propagar uma notícia boa em termos de produção para a farinha e também para o amido de tapioca”, espera.
As pesquisas tiveram início em 1998, quando o Programa de Melhoramento Genético da Mandioca era liderado pela pesquisadora Wania Fukuda, hoje aposentada. Depois de 17 ensaios competitivos realizados entre 2011 e 2016, a BRS Novo Horizonte demonstrou características agronômicas superiores em relação às principais doenças da parte aérea (antracnose, mancha parda, mancha branca e queima das folhas) e de raízes (podridão radicular).
Características
A cor clara da casca, que facilita a extração de amido sem traços escuros — o que aumenta a qualidade do produto para a indústria de alimentos que utiliza o amido nativo, como a indústria de fécula para tapioca — é outro ponto positivo. “Para nós, industrialmente, é fantástico”, afirma Manoel. O elevado teor de matéria seca nas raízes, aproximadamente 36,98%, também aumenta a eficiência industrial na extração de amido.
Nos testes, em média, a produtividade de raízes colhidas da BRS Nova Horizonte entre 11 e 12 meses após o plantio foi de 27,5 toneladas por hectare, enquanto as concorrentes locais oscilaram entre 12,1 e 17,8 t./ha.
O porte reto, com algumas ramificações acima de 1,50 m de altura, confere aptidão ao cultivo mecanizado, maior adensamento de plantas e ampla cobertura do solo, de forma a reduzir a ocorrência de plantas daninhas.
Produção local
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Laje, município que sedia a fecularia, foi o principal produtor baiano de mandioca em 2016, com 3.778 hectares de área colhida e produção de 61.507 toneladas.
A Bahiamido é a única fecularia industrializada do estado em funcionamento — a primeira, pertencente à Cooperativa Mista Agropecuária do Sudoeste da Bahia (Coopasub), está desativada. Produz fécula, amido modificado, tapioca, farinha e polvilhos doce e azedo.
Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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