17/01/19 |   Agricultura familiar

Extrativistas mapeiam açaizais na Reserva Chico Mendes

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Durante três meses populações tradicionais identificaram pés de açaí nativo e aprenderam como organizar a produção e a comercialização do fruto com a participação das associações locais.

Três mil açaizais nativos da espécie Euterpe precatoria Mart. identificados e localizados pelos extrativistas da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes no município de Epitaciolândia (AC) somam juntos uma previsão de 21 toneladas para a safra de 2019. Este foi o resultado apresentado, no início de dezembro, no encontro final da atividade “Serviços técnicos para mapeamento participativo de populações nativas de açaí-solteiro na Resex Chico Mendes”, realizada pelo Bem Diverso no Território da Cidadania de Alto Acre Capixaba.

O mapeamento busca ajudar as populações tradicionais de parcela da Resex Chico Mendes localizada no município de Epitaciolândia a organizar a produção do açaí nativo para venda, com a parceria da Associação dos Moradores e produtores da Resex Chico Mendes, em Brasileia e Epitaciolândia (AMOPREBE), da Embrapa Acre, de gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e de técnicos da Universidade Federal do Acre (UFAC).

“Temos a oportunidade de a produção do açaí nativo das comunidades tradicionais vir a ser um produto essencial para a economia dos extrativistas”, declarou a engenheira agrônoma e coordenadora da atividade pela UFAC, Professora Andréa Alechandre.

A atividade de campo para a localização geográfica dos pés de açaí durou cerca de um mês e resultou no mapa com a indicação de cerca de 3 mil açaizais, cerca de 100 por produtor. Os dados colhidos também apresentam uma estimativa para a safra de 2019, que começa com a colheita em no mês de maio até meados de agosto.

"Trabalhamos com uma previsão de estoque de 21 toneladas de fruto, o que daria uma renda de R$ 40 mil, nos valores atuais", sistematizou a Andréa Alechandre. Ela ainda explicou que a previsão tem como base metade dos pés de açaí, "pois na floresta não é garantido que todas as árvores frutifiquem todos os anos".

Açaí-solteiro e o fortalecimento das comunidades tradicionais

As atividades de formação do mapeamento começaram há três meses a partir da definição dos núcleos de base, grupos familiares extrativistas interessados em comercializar o açaí. Foram formados seis núcleos num somatório de trinta famílias produtoras, que localizaram e identificaram os pés de açaí, com auxílio do GPS, após treinamento em oficinas de mapeamento coletivo.

O analista da Embrapa Acre Daniel Papa acompanhou as atividades em campo e ressaltou que a utilização dos equipamentos de GPS na fase de mapeamento do pés de açaí não foi o principal desafio. "Muitos extrativistas já conhecem a tecnologia, encontrada na maioria dos celulares atualmente. Para os participantes, o que mais chamou atenção foi a valorização do trabalho de campo, levando em consideração o conhecimento local dos produtores", explicou .

A atividade ainda promoveu capacitação voltada a estimativa de estoque e planejamento da produção e comercialização de frutos do açaí com a participação das associações locais; além de oficina de boas práticas de manejo com utilização de equipamentos de coleta sem escalada.

Segundo Alechandre, o principal avanço foi o envolvimento das famílias para a que houvesse um novo impulso para organização da venda da produção local. “Ao mostrar o atual cenário de comercialização do fruto, o preço praticado no mercado e a capacidade de produção local observamos o estímulo dos produtores a retomarem as atividades. Existem outras famílias que querem se envolver no trabalho e as que já fizeram seu mapeamento querem aumentar o número de açaizais mapeados”.

A espécie Euterpe precatoria Mart. também é conhecida como açaí-do-amazonas, açaí-da-mata ou açaí-de-terra-firme. Nativo da região oeste da Amazônia brasileira - com predomínio nos estados do Acre, Rondônia e sul do Amazonas -, o açaí-solteiro ainda é encontrado no Peru e na Bolívia. O açaí da região possui um único caule, chamado de estipe pelos pesquisadores, e é diferente da espécie encontrada nos estados Pará, Amapá e no Maranhão, a Euterpe oleracea Mart.. A  principal característica deste é o que os especialistas chamam de perfilhamento ou brotação: o estipe da palmeira multiplica-se rapidamente e dá origem a vários outros caules na mesma planta.

Saiba mais sobre o Projeto Bem Diverso.

Lara Aliano, Agência MOC
Embrapa Acre

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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