22/02/19 |   Agricultura familiar

Encontro promove debate sobre a IG da farinha de Copioba

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Foto: Rodrigo Azevedo

Rodrigo Azevedo - -

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A Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas (BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recebeu na última terça-feira (19) a I ConCopioba, convocatória que visava mobilizar, identificar e debater, com todos os envolvidos da cadeia produtiva, quais fatores caracterizam a farinha de Copioba e como os municípios vão se beneficiar com uma Indicação Geográfica. Vinculado ao Projeto Caminhos para a Indicação Geográfica Copioba, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o evento reuniu 102 pessoas ligadas à produção de farinha de mandioca e representantes de instituições e municípios da região.
A abertura da programação contou com a presença do chefe-geral Alberto Vilarinhos, e durante todo o dia, pesquisadores, técnicos e produtores do Vale Copioba (Maragogipe, Nazaré e São Felipe) apresentaram dados, informações e aspectos que identificam as peculiaridades da farinha, com o intuito de ampliar o debate para a inclusão de 26 municípios do Recôncavo nessa delimitação.
O coordenador do evento, Alcides Caldas (professor do Instituto de Geociências da Ufba), ressaltou a busca pelo reconhecimento de áreas que fizeram parte do processo histórico de produção da farinha de Copioba. “A gente não pode esquecer que esse processo de fabricação interferiu na qualidade da farinha feita no Recôncavo como um todo. Então ela vai ter uma notoriedade porque ela tem uma técnica de produção diferenciada. E essa técnica de produção é o que foi transferida para outros municípios que estão ao redor do Vale Copioba”, comenta. Caldas ainda considerou a criação de uma associação unificada que represente os produtores do território para solicitar a implantação da IG.

Inspiração do Acre
Um exemplo que serve como inspiração para a IG da Copioba é a IG da Farinha Cruzeiro do Sul, no Acre, citado pelo pesquisador Rodrigo Paranhos, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ). “A gente vê que a partir dessa primeira IG brasileira da farinha, terão várias, e essa farinha de Copioba, até pela forma, mais cedo ou mais tarde vai acabar surgindo”, afirmou.   
Tânia Souza, representante da Secretaria Municipal do Planejamento, Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Meio Ambiente de Nazaré, falou um pouco sobre a história do município. “Nazaré já nasceu com a produção de farinha. O Recôncavo é forte historicamente. Precisamos empoderar os agricultores e transformar os três municípios [do Vale do Copioba] em municípios fortes por causa da farinha”.
Embora instituições como a Ufba e Embrapa promovam discussões como essa, cabe destacar que professores e pesquisadores não solicitam Identificação Geográfica, e sim produtores ou suas representações. “A IG envolve o saber fazer de um produto que é dominado por alguém. E esse alguém tem que reivindicar o direito comercial de usar o nome, o termo que ficou famoso. No caso aqui é exatamente esse que ficou famoso, a Farinha de Copioba”, acrescenta Paranhos.
O chefe de divisão da Secretaria de Agricultura e Pesca de Maragogipe, Wilson Santos, avaliou de forma positiva a abertura ao debate sobre a implantação da IG. “A gente aprende com o evento muitas coisas que ainda não foram colocadas nos municípios de Maragogipe, Nazaré e São Felipe. Então eu acho muito valoroso”, disse.
Na plateia, alguns participantes do evento manifestaram preocupação com a tradição e a utilização do termo Copioba, como Renato Rocha, diretor de Agricultura de Conceição do Almeida. “Nossos produtores praticamente deixaram de produzir mandioca. Como a assistência técnica praticamente deixou de existir, isso prejudicou muito”.
Já o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Joselito Motta, salientou já ter presenciado a comercialização de farinhas de outras regiões da Bahia como se fossem de Copioba. “Não existe Copioba amarela, somente creme. Aqui no Recôncavo, por exemplo, não temos raízes amarelas. Alguns produtores usam corantes naturais como açafrão e cúrcuma mas outros estão usando tartrazina, um pigmento tido como alergênico”, alertou.
O evento foi realizado pela Rede Copioba, composta pela Embrapa, Universidade Federal da Bahia (Ufba), prefeituras municipais de São Felipe, Nazaré e Maragogipe, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado da Bahia (Fetag-BA) e Programa Bahia Produtiva, Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), ligados s à Secretaria de Desenvolvimento Rural. A previsão é de que no mês de março ocorra um evento similar, a fim de trazer mais avanços sobre o tema, ainda sem local e data definidos.

Texto: Rodrigo Azevedo (estagiário) e Léa Cunha

Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Fruticultura

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