02/10/19 |   Comunicação

O melhor da safra de vinho, com coordenação técnica da Embrapa

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Foto: Wagner Meneguzzi e Merlo - Divulgação

Wagner Meneguzzi e Merlo - Divulgação - Mesa e público

Mesa e público

No último sábado, 28 de setembro, 95 jovens do curso de Viticultura e Enologia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) cumpriram 16 vezes o rito de servir amostras representativas do melhor da produção nacional de 2019 para os 906 participantes da Avaliação Nacional de Vinhos. Eram enólogos, produtores, pesquisadores, professores, estudantes e muitos enófilos interessados em conhecer o melhor da safra que começa a chegar ao mercado. O evento reuniu pessoas de oito países (Antilhas Holandesas, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Uruguai) e 11 estados brasileiros (Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), além do Distrito Federal.

Sob a coordenação técnica da Embrapa, as amostras representativas da produção nacional (veja lista abaixo) foram selecionadas durante dois meses entre 337 amostras de 8 regiões produtoras. No total, 47 vinícolas submeteram seus vinhos para avaliação. A degustação dos participantes durou cinco horas e os participantes consumiram 1.440 garrafas, 90 de cada amostra selecionados.

Cada um dos 16 convidados especiais, a maior parte enólogos e jornalistas do Brasil e exterior, avaliou em público o sabor de um dos vinhos, enquanto o público comparava com sua própria percepção. Pelo segundo ano consecutivo a Avaliação Nacional de Vinhos, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) – entidade máxima do mundo vitivinícola - com sede em Paris -, esteve presente no evento com sua presidência. A brasileira Regina Vanderlinde, que assumiu o cargo em julho de 2018, integrou o painel de comentaristas. Só ao final de todo o evento foram reveladas as origens e detalhes dos vinhos degustados.

Apesar de algumas adversidades climáticas ocorridas no ciclo da videira, ainda assim, graças ao avanço tecnológico na produção de uvas e elaboração dos vinhos, estes apresentaram uma excelente qualidade, conclui Mauro Zanus, pesquisador da Embrapa e responsável pela coordenação técnica do evento.

Os convidados estrangeiros insistiram que não há evento similar no mundo. O evento aconteceu no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, com participantes de vários estados brasileiros. Se a coordenação técnica da 27ª Avaliação Nacional de Vinhos é da Embrapa, a organização geral cabe à parceira Associação Brasileira de Enologia (ABE).

No evento também ocorre a entrega do Troféu Vitis, um reconhecimento prestado pela ABE a pessoas que em sua trajetória pessoal e profissional contribuem para a promoção do vinho brasileiro. Em 2019, a turismóloga Ivane Fávero e o enólogo Lucindo Copat foram os homenageados deste ano com o Troféu Vitis Amigo do Vinho Brasileiro 2019 e Destaque Enológico 2019, respectivamente.

Clique aqui e conheça o resultado final da Avaliação Nacional de Vinhos Safra 2019

Clique aqui para conferir o folder com a descrição sensorial.

 

Participação da Embrapa subsidia pesquisa

Desde 1993 a Embrapa faz a coordenação técnica do evento. Coleta das amostras nas diferentes vinícolas, monta a estrutura de catalogação, organiza a forma da avaliação, coordena toda a degustação, tabula resultados e define junto com a ABE os finalistas.

Técnicos da empresa coletam as amostras diretamente dos tanques e barricas, atestando a procedência. Também organizam e codificam as amostras para a fase de pré-seleção, realizada no laboratório de análise sensorial da Empresa.  Eles supervisionam a degustação de todas as amostras, garantindo a temperatura certa, e os trabalhos de análise sensorial, para que sejam selecionados os vinhos com as melhores qualidades, em cor, aroma e paladar. 

As degustações ocorrem sob o rigor de uma degustação às cegas, bem como todo o trabalho de processamento dos resultados e classificação dos vinhos. Zanus fez uma apresentação no evento sobre os critérios de avaliação. Ele explica que “graças a todo esse trabalho, temos a guarda de toda essa informação riquíssima em um banco de dados, que permite um registro histórico do desenvolvimento  e mudanças do setor de vinhos brasileiros.” As informações são guardadas sob um controle sigiloso de dados, que serve de fonte para pesquisa.

Marcos Botton, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, explica que a Embrapa, como coordenadora técnica “transmite a credibilidade na Avaliação. Organizar uma avaliação desse nível é estar na vanguarda e conectado com o setor produtivo, entendendo suas tenências e sobretudo mapeando a vitivinicultura brasileira.”. A coordenação também estimula que enólogos do setor visitem a empresa e estejam e em contato com a área da enologia da Empresa. “É uma forma de estar permanentemente atualizado sobre as principais demandas do setor”, diz Botton.

Botton acrescenta que a interação é “muito positiva e intensa. Por ser um centro de produto, é fundamental estarmos conectados com as demandas do setor. A partir do evento, as informações coletadas permitem aos pesquisadores conhecer as tendências do setor, onde nos permite prospectar demandas sobre variedades, sistemas produtivos, aclimatação de uvas em diferentes regiões brasileiras".

Zanus explica que “a Embrapa tem grande conhecimento e longa experiência em avaliar qualidade dos vinhos, com um quadro técnico de alto nível de formação. Estando como responsável técnica da Avaliação,  podemos acompanhar a evolução da dinâmica setorial, identificando mudanças que ocorrem no setor quanto à produção das uvas, bem como sobre a evolução da tecnologia de elaboração.”

Outro importante resultado da Avaliação Nacional de Vinhos é o lançamento de uma publicação anual que descreve e analisa o comportamento meteorológico ocorrido nas principais regiões vitivinícolas do sul do Brasil. “Avaliamos os efeitos e os impactos do clima na produção quantitativa e qualitativa das uvas destinadas à elaboração de vinhos finos. É um material que todos os aficcionados em  vinhos, particularmente jornalistas especializados no tema, poderão consultar e conhecer os detalhes sobre  como  o clima influenciou a maturação e a qualidade das uvas da colheita 2019, e contextualizar num comparativo com as safras anteriores, como se faz nas tradicionais regiões de vinho do mundo”, destaca Zanus, que é um dos autores. Ao longo dos anos a publicação vem sendo aprimorada, com a inclusão de novas variáveis climáticas e também com a participação das percepções dos técnicos estabelecidos nas  diferentes regiões de produção. A publicação “Condições meteorológicas e sua influência na safra vitícola de 2019 em regiões produtoras de vinhos finos do Sul do Brasil” está disponível gratuitamente no link http://bit.ly/documentos111.

A safra deste ano, segundo jurados, foi muito boa, apesar dos problemas meteorológicos, o que somente valoriza os resultados. Chamou a atenção dos participantes o fato de que o nível técnico dos vinhos brasileiros estar aumentando continuamente, em função dos avanços dos sistemas de produção de uvas e da tecnologia de elaboração. O enólogo da Embrapa Uva e Vinho João Carlos Taffarel diz que, além disso, “o Brasil cresce em diversidade na produção, diferentes regiões surgindo, climas diferenciados, variedades melhores e mais bem adaptadas. Isso tem relação ao trabalho da Embrapa com viticultura, inclusive fora da tradicional zona de produção.”

O evento apresenta as características e peculiaridades do vinho brasileiro, e, para Zanus a edição de 2019 mostra que o setor se caracteriza por grande diversidade.  “São vinhos espumantes de estilos diversos, vinhos brancos delicados, vinhos jovens frescos e varietais que têm desempenho diverso em cada safra. Neste ano, por exemplo, as novidades, para ele, foram a forte presença dos vinhos tintóreos Tannat e Alicante Bouschet. Entre os brancos destacou-se uma nova variedade, a Verdejo, cultivada no Vale do São Francisco. Com essa premiação os produtores terão uma confiança ainda maior para expandirem essa uva naquela região.”

O Brasil, no mundo vitícola, compõe o grupo do Novo Mundo. Zanus diz que, mais que diferenciação geográfica, este grupo “define o conjunto países abertos à ampla diversidade de vinhos, que adotam rapidamente as novas tecnologias e que apresentam os vinhos de forma inovadora, apropriando-se de conceitos clássicos como as Indicações Geográficas, mas se permitindo produzir ampla variação de tipos de produtos, com ênfase na valorização das variedades e de forma a atender a preferência dos mercados.” Zanus explica que a contribuição da Embrapa para a safra é transversal e ocorre, por exemplo, nas vertentes tecnológicas das uvas e dos vinhos e de gestão. “Na tecnologia é significativa a contribuição da Embrapa quanto a melhoria das mudas e, portanto, dos vinhedos da região”. Além disso, há “orientação para as práticas de cultivo que levem a uvas com melhor sanidade e de melhor ponto de colheita.”

Nos trabalhos de construção das Indicações Geográficas e de avaliação das novas regiões, que acabam determinando a identificação das uvas mais bem adaptadas a cada geografia, a Embrapa participa das discussões e definições das variedades recomendadas. “Assim, recentemente, e, agora em 2019 se confirma novamente, o excelente e robusto desempenho da uva Merlot, Cabernet Franc  e Tannat na Serra Gaúcha e, nas condições dos Campos de Cima da Serra, a alta tipicidade e adaptação da uva Sauvignon Blanc. Isto já havia sido identificado e apontado nas ações de pesquisa da Embrapa, realizadas em colaboração direta com o setor produtivo”, diz Zanus.

Servir, iniciação de enólogo

Voltando aos 95 jovens que serviram 16 vezes os 906 avaliadores. Taffarel, analista da Embrapa Uva e Vinho e integrante da diretoria da ABE, coordenou a capacitação e o trabalho dos 95 jovens que serviram no evento. O treinamento foi feito na própria escola técnica por diretores da ABE e professores de enologia. Um dia antes os alunos se reuniram no local para conhecer melhor a dinâmica do processo.

Taffarel explica que a vontade dos alunos de participar é muito grande: “mesmo um bom enólogo formado, se nunca serviu em uma avaliação não é completo. Os alunos passam pelo menos uma vez pela avaliação, o que é importante para eles. São jovens estudantes que almejam um dia participar e degustar vinhos elaborados por eles próprios. E há também a valorização da escola onde estudam. É muito bom para todos”.

Uma das próximas tarefas da Embrapa e da ABE é organizar uma capacitação para 60 enólogos, o chamado treinamento pós-seleção, usando os produtos do evento para  capacitar os enólogos coordenada pela Embrapa”, explica.

 

Jorge Duarte (2.914 DRT/ DF)
Embrapa Uva e Vinho

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