Conservação dos recursos genéticos vegetais do Nordeste é tema de simpósio na Paraíba
Conservação dos recursos genéticos vegetais do Nordeste é tema de simpósio na Paraíba
Foto: Divulgação
O evento deve reunir cerca de 400 participantes entre estudantes, professores, agricultores, cientistas, formuladores de políticas e organizações não-governamentais
A Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste promove de 11 a 14 de novembro o seu IV Simpósio, no município de Areia, no Brejo Paraibano. Com o tema “Conservação e Utilização Sustentável dos Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste”, o evento deve reunir cerca de 400 participantes entre estudantes, professores, agricultores, cientistas, formuladores de políticas e organizações não-governamentais.
Entre os objetivos do simpósio estão a elaboração de estratégias voltadas para a manutenção da diversidade de sementes e plantas cultivadas; redução das perdas da agrobiodiversidade frente à mudança climática; gestão e uso sustentável dos recursos genéticos; inovação para acessar os recursos genéticos para alimentação considerando as plantas subutilizadas e os novos costumes alimentares. O evento também contará com venda de produtos derivados do uso dos recursos genéticos.
Segundo Mailson Rêgo, presidente do IV Simpósio, a intenção, este ano, é chamar a atenção para valorização das espécies ameaçadas de extinção e fomentar estratégias de planos de manejo, visando fortalecer a criação de novas Unidades de Conservação, particularmente, no bioma Caatinga.
O evento será realizado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a parceria da Embrapa Algodão (PB), Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Embrapa Alimentos e Territórios (AL), Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Empresa Paraibana de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer).
Paixão por sementes
O simpósio vai abrir espaço ainda para a discussão sobre a agrobiodiversidade nordestina e para experiências exitosas obtidas fora dos muros acadêmicos, como é o caso das famosas Sementes da Paixão. “Elas são mantidas em bancos comunitários de sementes, organizados e mantidos pelos próprios agricultores e agricultoras familiares e se espalham, praticamente, por toda região semiárida do Nordeste brasileiro. Os relatos dessas experiências nos interessam sobremaneira”, diz Semíramis Ramalho, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros e atual presidente da Rede.
Ela afirma que o evento deve tratar da diversidade genética dos quatro biomas que se manifestam no Nordeste do Brasil: o Amazônico, a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica. Este último é um desafio permanente porque é o bioma com maior presença do homem e, portanto, o mais alterado pela ação humana, restando apenas 8% da sua área original.
Minicursos
O IV Simpósio da RGV-NE oferecerá também uma série de minicursos, que vão abordar, desde as estratégias de coleta de germoplasma, passando pela avaliação da sua variabilidade genética, usando ferramentas moleculares para gerar dados, os quais serão submetidos às análises estatísticas uni e multivariadas. “São ferramentas que podem tornar mais eficiente a conservação de germoplasma e uso dessa variabilidade em programas de melhoramento genético, empregando os princípios da seleção genômica ampla”, detalha Semíramis.
A programação vai contar ainda com palestras sobre o uso da diversidade genética na produção de fitomedicamentos e relatos de experiências no manejo e domesticação dos recursos genéticos vegetais do bioma Caatinga.
Um outro tema que deverá atrair atenção está relacionado aos recursos genéticos vegetais e suas potencialidades para um planeta sustentável, frente às mudanças climáticas globais. “Na verdade, queremos trazer ao público esse tema e a necessidade de compartilhamento na responsabilidade da conservação da riqueza genética do Nordeste. Durante o simpósio haverá apresentação de vitrines tecnológicas, coleções de sementes e bancos de germoplasma das instituições que conservam recursos genéticos vegetais na região”, acrescenta Nair Arriel, pesquisadora da Embrapa Algodão, que coordena a comissão científica do evento.
Arca de Noé das plantas
Na região Nordeste há mais de 28 mil acessos conservados em bancos de germoplasma, mantidos em câmaras frias e coleções de campo e instituições capacitadas para conservar e tecnicamente acessar a variabilidade genética reunida. Além do germoplasma conservado é também preciso considerar o papel histórico dos agricultores tradicionais na geração e inovação em agricultura, por meio do seu papel na seleção, uso e consequentemente, adaptação dos cultivos às inúmeras condições climáticas e ambientais. Nesse sentido, a rede de sementes da Articulação do Semiárido (ASA), vem desenvolvendo há algumas décadas, no Estado da Paraíba, um trabalho orientado para identificação, resgate e conservação da agrobiodiversidade manejada pelos agricultores familiares que pode servir de modelo para o País.
Atualmente são mais de 1000 bancos de sementes no Semiárido do Nordeste, sendo 200 bancos no Semiárido paraibano. Nessa quarta edição do simpósio serão relatadas as experiências e os trabalhos desenvolvidos com relação aos Bancos de Sementes Comunitários da Paraíba (BSCs), organizados pelos agricultores familiares e suas comunidades do Semiárido do Nordeste brasileiro.
Dalmo Oliveira (0859 MTE-PB)
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