12/11/19 |   Biodiversidade  Melhoramento genético

Simpósio discute conexões entre bancos de germoplasma, aumento de produtividade e redução da fome

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Foto: Edna Santos

Edna Santos - Cerimônia de abertura do IV Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste

Cerimônia de abertura do IV Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste

Teve início nesta segunda-feira (11), no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia, a quarta edição do Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, cujo tema é a conservação e Utilização Sustentável dos Recursos Genéticos Vegetais da região. Com cerca de 150 inscritos entre estudantes, professores e cientistas vindos de todos os estados da região Nordeste, o evento também conta com representantes dos estados do Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Goiás. O simpósio segue até quinta-feira (14), com uma rica programação composta por 140 trabalhos científicos entre palestras, mesas-redondas, sessões orais e apresentação de pôsteres.

Durante a solenidade de abertura, um dos pontos comuns nas falas dos participantes foi a necessidade de ampliar a conscientização da sociedade e dos formuladores de políticas públicas para a importância da conservação dos recursos genéticos vegetais para melhorar a produtividade das culturas alimentícias e reduzir a fome no mundo.

“Hoje 800 milhões pessoas são subnutridas e 200 milhões de crianças com menos de cinco anos estão abaixo do peso. Nos próximos trinta anos, a população mundial atingirá 8,5 bilhões. Precisamos atender a demanda por alimentos desta população crescente. A conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos de plantas são a chave para melhorar a produtividade e sustentabilidade agrícola, portanto, contribuindo com o desenvolvimento, segurança alimentar e amenizando a pobreza no mundo”, declarou o professor da UFPB e presidente do IV Simpósio, Maílson Rêgo.

A atual presidente da Rede e pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Semíramis Ramalho, destacou a superação dos obstáculos para que o simpósio pudesse acontecer e a identidade do evento realizado pela primeira vez na Paraíba, tendo como arte uma xilogravura do artista Marcelo Soares. “Essa arte criada especialmente para o evento representa a relação humana, mulher e homem com as sementes. A semente, fonte ancestral do alimento, da vida e evolução da espécie. As sementes tradicionais que são cultivadas e respeitadas pelos agricultores da Paraíba”, destacou.

Representando a Embrapa, o chefe-adjunto da Embrapa Alimentos e Territórios (AL), Ricardo Elesbão, enfatizou a relação entre os novos acessos aos bancos de germoplasma com o amento de produtividade, fazendo com que o Brasil saísse da condição de importador para exportador de alimentos. “Hoje, a nossa matriz alimentar está reduzida a poucas espécies. A agrobiodiversidade é uma grande oportunidade de valorizar novos produtos, promovendo a inserção no mercado de plantas típicas do Semiárido, Cerrado, Tabuleiros Costeiros. Essas regiões podem dar um grande salto de desenvolvimento a partir de seus produtos de origem vegetal”, afirmou.

O diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, Manoel Bandeira de Albuquerque, também destacou o desafio de alimentar o mundo, preservando os ecossistemas. “Produzir alimentos é trazer paz social; parabéns a todos os guardiões da nossa agrobiodiversidade. Há ainda uma grande diversidade de alimentos a serem explorados e vocês têm essa missão”, conclamou.

Após a cerimônia de abertura, o pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), José Geraldo Eugênio de França, realizou a conferência de abertura com o tema Recursos genéticos vegetais do Nordeste: potencialidades, conservação e uso sustentável frente às mudanças climáticas, onde pontou questões como a decisão regional quanto a necessidade de repovoar com árvores o Semiárido brasileiro, o incentivo a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em apoio a valorização dos produtos da flora da região, apoio a iniciativas que visam à introdução de germoplasma de espécies exóticas e bem como criar opções de manejo e cultivo de espécies adaptadas ao Semiárido.

No período da manhã foi realizada a palestra sobre Valorização e estratégias de conservação das espécies vegetais ameaçadas de extinção do Nordeste, ministrada pelo professor da UFPB, Reinaldo Farias Paiva de Lucena, especialista em etnobotânica, que abordou a relação entre as populações tradicionais como indígenas, quilombolas e agricultores com os recursos genéticos, considerando o conhecimento dessas populações para somar com a academia e juntos buscar a conservação dos recursos genéticos, assim como o seu manejo e uso sustentável.

À tarde foi a vez da mesa-redonda sobre Desafios e oportunidades das universidades e instituições de pesquisas frente à conservação e uso dos recursos genéticos vegetais, sob a coordenação da pesquisadora Semíramis Ramalho, com palestras pesquisadores Júlio Mesquita (IPA), Manoel Abílio de Queiroz (Universidade do Estado da Bahia) e Rosa Lía Barbieri (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia). 

Em seguida, o prefessor Olaf Andreas Bakke, da Universidade Federal de Campina Grande, abordou o tema Recursos genéticos florestais: uso, manejo e conservação sustentável, com ênfase no melhoramento genético para redução de espinhos nas espécies de jurema preta, favela e jurema branca.

Recursos Genéticos Vegetais
Os recursos genéticos vegetais consistem na diversidade de material genético contido nas variedades tradicionais e modernas cultivadas, bem como, espécies crioulas e outras plantas de espécies selvagens que podem ser usadas como alimento, ração para animais domésticos, fibras, energia, madeira, entre outros. A Embrapa conta com de 164 bancos ativos de germoplasma no país comtemplando as mais variadas espécies de cereais, oleaginosas, fibrosas e leguminosas, hortaliças e codimentares, forrageiras, frutíferas, medicinais, aromáticas, corantes e inseticidas, ornamentais, florestais, palmeiras, raízes e tubérculos.

Programação
O IV Simpósio da RGV-NE oferecerá uma série de minicursos, que vão abordar, desde as estratégias de coleta de germoplasma, passando pela avaliação da sua variabilidade genética, usando ferramentas moleculares para gerar dados, os quais serão submetidos às análises estatísticas uni e multivariadas. A programação vai contar ainda com palestras sobre o uso da diversidade genética na produção de fitomedicamentos e relatos de experiências no manejo e domesticação dos recursos genéticos vegetais do bioma Caatinga. Outro tema que deverá atrair atenção está relacionado aos recursos genéticos vegetais e suas potencialidades para um planeta sustentável, frente às mudanças climáticas globais. Para conferir a programação completa do evento acesse: http://4simposio.rgvnordeste.org/rgv-nordeste/

O IV está sendo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a parceria da Embrapa Algodão (PB), Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Embrapa Alimentos e Territórios (AL), Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos, Ministério do Meio Ambiente,  Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Empresa Paraibana de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer).

Edna Santos (MTb 1700 CE)
Embrapa Algodão

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Mais informações sobre o tema
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