Sebrae e Embrapa vão ampliar agenda de parcerias em AL
Sebrae e Embrapa vão ampliar agenda de parcerias em AL
Reunião definiu continuidade de ações conjuntas para 2020
Dirigentes executivos do SEBRAE-AL e da Embrapa Alimentos e Territórios decidiram ampliar a agenda conjunta de parcerias e ações coletivas das duas instituições em 2020. Uma reunião de trabalho para definir os detalhes foi realizada no último dia 5, na sede do órgão de fomento ao empreendedorismo, em Maceió.
As cadeias produtivas do leite e de produtos apícolas, a produção de horticultura em ambientes protegidos nas áreas adjacentes ao Canal do Sertão, o apoio às boleiras e aos processos de industrialização da mandioca, novas tecnologias e difusão de conhecimento para a fruticultura e o fomento à produção de alimentos da maricultura serão alguns dos pontos prioritários da atenção das instituições.
Para o novo diretor técnico do SEBRAE em Alagoas, Vinícius Lages, a continuidade do trabalho com a Embrapa significa uma possibilidade real de fortalecimento para os agronegócios da região. “A chegada dos pesquisadores a Maceió representa um ganho de sinergia com ampliação da disponibilidade significativa de capacidades humanas para o agro regional e nacional”, disse.
Lages disse que a vinda de novos profissionais incrementando o quadro de recursos humanos da Embrapa Alimentos e Territórios propicia um novo ambiente de troca de saberes, atraindo para Alagoas um número considerável de experts em diversas áreas do conhecimento agronômico e de áreas afins. “A implantação desse novo centro de pesquisa da Embrapa aqui possibilita trazer para cá pesquisadores e colabores de várias áreas e isso é muito bom para o estado de Alagoas”, assevera.
Horticultura em ambientes protegidos
O potencial de produção de hortaliças em cultivo protegido, no perímetro do Canal do Sertão, é uma das oportunidades que interessam a ambas instituições. João Flávio Veloso, chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, disse que o canal poderá criar oportunidades únicas para o desenvolvimento territorial do estado, em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e que necessitam de apoio.
Para Flávia Teixeira, uma das pesquisadoras presentes à reunião, as cultivares de tomate, de alface e de outras hortícolas já desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças, podem oferecer um diferencial interessante para os horticultores da região.
A Embrapa Alimentos e Territórios está finalizando uma nota técnica específica sobre as potencialidades do Canal do Sertão, para envio ao SEBRAE. O Superintendente do Sebrae, Marcos Vieira, que também acompanhou toda a reunião técnica, informou que este assunto é muito prioritário para Alagoas, e que a instituição deverá participar de diversas iniciativas de apoio às atividades agrícolas que poderão ser desenvolvidas no entorno do canal.
Leite e derivados
A reunião se debruçou ainda de maneira mais aprofundada sobre a cadeia produtiva do leite. “Dois aspectos chamam mais a nossa atenção nesse ponto: os possíveis impactos potenciais do Selo Arte e a necessidade de melhorarmos a qualidade do queijo artesanal em Alagoas”, comentou Ricardo Elesbão Alves, que coordena a pasta de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Unidade da estatal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimentos (MAPA).
A bacia da bovinocultura de leite alagoana também está no radar do programa AgroNordeste, que o MAPA implantou recentemente no estado. João Flávio informou que outras unidades da Embrapa possuem expertise consolidada nessa área e que a pesquisadora Elizabeth Nogueira, da Embrapa Gado de Leite, esteve toda a semana passada em Maceió colaborando na elaboração de projetos que visam oferecer capacitação aos pequenos e médios laticínios da região para obtenção do Selo Arte.
“Há todo um campo a ser explorado na produção, por exemplo, de derivados que forem fabricados a partir do leite do rebanho local”, ressalta Veloso. Segundo Beth Nogueria, a alta qualidade genética dos animais, que foi sendo aprimorada ao longo dos últimos anos, coloca Alagoas num patamar diferenciado aos demais estados do Nordeste, quando o quesito é o plantel bovino.
A reunião discutiu ainda os impactos positivos da instalação de uma grande empresa de produtos lácteos em União dos Palmares, com uma capacidade inicial para processar 20 mil litros de leite por hora.
Abelhas
Outro tópico discutido pelos órgãos parceiros foi a apicultura. A Embrapa Alimentos e Territórios deve entregar ao SEBRAE nas próximas semanas uma nota técnica sobre o estado d’arte da produção de mel, de própolis e do pólen, com destaque para o potencial de mercado da própolis vermelha.
Segundo os dirigentes do SEBRAE-AL, há uma demanda latente, já identificada, para o fomento de pesquisas relativas ao pasto apícola. “O SEBRAE deve atuar ainda mais fortemente na articulação de sinergias comuns entre atores dessa cadeia. Também é preciso desenvolver um trabalho de governança nesse meio”, destacou Vieira. Ele disse que, com a chegada de novas empresas. a capacidade de processamento instalada em Alagoas será muito grande.
Fruticultura
Há também um interesse comum para as questões da fruticultura nordestina. Na região polarizada por Santana do Mundaú (AL), os fruticultores estão enfrentando problemas com a mosca negra. Segundo Ricardo Elesbão, que, além de pesquisador da Embrapa, é o atual presidente da Sociedade Interamericana para Horticultura Tropical, é preciso oferecer novas soluções tecnológicas para as empresas que produzem polpa de fruta, notadamente no tocante aos problemas de contaminação.
“As empresas que operam com frutas regionais com produção sazonal enfrentam dificuldade para encontrar regularidade de matéria-prima. A cadeia da fruticultura precisa compreender que se faz necessário um esquema produtivo diferenciado praticamente para cada fruta”, disse Elesbão. Visitas técnicas às regiões produtivas do entorno também deverão ser programadas por equipes das duas instituições.
Boleiras
Embrapa e Sebrae devem expandir parcerias ainda para atuarem junto às boleiras, a começar pelo grupo produtor da comunidade de Riacho Doce. São grupos de mulheres que trabalham com bolos e produtos derivados de mandioca, tipicamente alagoanos. “Temos interesse em discutir com a Prefeitura de Maceió questões relacionadas à ambiência das casas de farinha, para que possam ser inseridas em possíveis roteiros de turismo, oferecendo aos visitantes uma experiência in loco com a produção de derivados de mandioca”, disse Antônio Dias Santiago, pesquisador da Embrapa que também participou da reunião.
“Essa iniciativa faz parte de uma ação de valorização da produção de derivados de mandioca, que inclui outros grupos sociais como as produtoras de sequilhos no município de Maragogi”, informa o pesquisador João Roberto Correia, também da equipe da Embrapa Alimentos e Territórios.
Ele informou que a Embrapa deverá ser demandada ainda para apoiar a implantação de uma indústria de fecularia e outros derivados da mandioca no município de Teotônio Vilela. “Em junho já devem ser iniciadas as compras de matéria-prima e a expectativa é de que eles possam atingir um processamento diário significativo da matéria-prima”, informou Santiago.
Alimento marinho
Os oceanos sempre representaram uma fantástica fonte de alimentos para a humanidade, desde tempos imemoriais. É com base nessa realidade que a Embrapa Alimentos e Territórios e o SEBRAE-AL devem estreitar seus laços institucionais para colaborar com diversos setores produtivos nacionais para exploração, qualificada e sustentável, do potencial brasileiro e local que circunda a temática dos Oceanos.
“O Sebrae se aproximou esse ano dos organizadores do evento ‘Fruto’, que ocorreu em São Paulo. A temática desta edição foi a água. A ideia é que possamos convidar alguns dos mais expressivos chefs nacionais e os organizadores do evento para uma série de articulações sobre a gastronomia e temáticas correlatas aqui em Maceió nos meses vindouros”, comentou Vinícius Lages.
Agenda futura
A Embrapa Alimentos e Territórios e o SEBRAE-AL devem montar arranjos de cooperação e parcerias para as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, com data para 5 de junho. Já existe uma agenda para evento de gastronomia sustentável neste período.
“Para a Semana Mundial da Alimentação, que ocorre entre 14 a 16 de outubro, a Embrapa Alimentos e Territórios deverá promover um evento que vai discutir estratégias para agregação de valor a produtos agroalimentares”, adianta João Flavio Veloso.
O SEBRAE-AL com a Embrapa Alimentos e Territórios querem ainda promover ações na linha daquilo que está sendo chamado de “turismo de experiência” para inserir rotas gastronômicas locais junto ao trade turístico, aproveitando, inclusive, o início dos voos da TAP entre Maceió e Lisboa, que terão início em junho próximo.
Dalmo Oliveira (0859 MTE-PB)
Embrapa Alimentos e Territórios
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