12/04/22 |   Biodiversidade  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Comitê aponta tendências para atuação da Embrapa Alimentos e Territórios

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Foto: Raissa Alencar

Raissa Alencar - Cabe ao CAE, órgão consultivo de apoio à gestão, promover a interação da Unidade com o ambiente externo

Cabe ao CAE, órgão consultivo de apoio à gestão, promover a interação da Unidade com o ambiente externo

O Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió, AL) reuniu-se em 8 de abril, para a análise de cenários, tendências e demandas da sociedade que podem pautar a atuação do centro de pesquisa. Esse olhar externo é fundamental para que a Empresa se mantenha alinhada às tendências mundiais, direcionando o seu planejamento estratégico, tático e operacional. 

As principais tendências alimentares indicam um consumo cada vez mais consciente em um contexto no qual o consumidor tem um papel decisivo, exigindo a busca por estratégias de gestão sustentáveis que possam impulsionar os serviços da biodiversidade, em equilíbrio com a produção e o abastecimento.

“Os consumidores estão muito bem informados, e querem produtos diferenciados, associados à praticidade, ao prazer de se alimentar e à sustentabilidade”, afirma João Flávio Veloso, chefe-geral da Unidade. Por isso, associar o alimento às inovações tecnológicas e sociais, às políticas públicas e, principalmente, às pessoas está no cerne da atuação da Embrapa Alimentos e Territórios.

Essa transformação dos hábitos alimentares está sendo acompanhada pela indústria global de alimentos e também por instituições de pesquisa mundiais. Alinhada a esse movimento, a mais nova Unidade da Embrapa, criada em junho de 2018, representa um exemplo de iniciativa voltada a gerar inovações e tecnologias que atendam a essas demandas por alimentos mais saudáveis e nutritivos, produzidos de forma sustentável com conservação e uso da biodiversidade.

“Acreditamos na agricultura que valoriza os alimentos e suas relações com os territórios, a biodiversidade e as pessoas. Atuamos em redes e, inclusive, já temos uma rede muito boa com instituições nacionais e internacionais”, disse Veloso. “O nosso foco é produzir inovações sociais e também tecnológicas com esse olhar voltado para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a sustentabilidade dos territórios”, acrescentou.

O centro de pesquisa desenvolve trabalhos focados na valorização dos produtos agroalimentares, na biodiversidade e no desenvolvimento territorial. “O desafio é prospectar a biodiversidade e os territórios alimentares, materializando produtos e processos”, informou Ricardo Elesbão, chefe de PD&I.

As linhas de pesquisa abrangem antropologia e sociologia da alimentação; selos distintivos de qualidade e de origem e certificações; circuitos de produção e consumo de produtos agroalimentares; sistemas agroalimentares diferenciados; biodiversidade e patrimônio alimentar; agregação de valor, gastronomia e turismo rural; e nutrição e saúde.

Outros desafios que a Unidade enfrenta são a formação da equipe, que já conta com 35 empregados, e a instalação da estrutura física localizada no povoado Saúde, bairro de Ipioca, em Maceió, onde funcionou a Fábrica Norte Alagoas da Companhia de Fiação e Tecidos Norte de Alagoas.

Fábio Soares Silva, chefe de Administração, apresentou um panorama da situação atual, com ênfase nas ações que estão sendo adotadas para a contratação dos projetos construtivos, a estruturação de processos internos e a racionalização de recursos.

Oportunidades de inovação e parcerias

Cabe aos membros do CAE, órgão colegiado e consultivo de suporte à gestão, promover a interação da Unidade com o ambiente externo, indicando oportunidades de inovação e parcerias com instituições públicas e privadas. Além disso, o comitê tem o papel de apoiar a programação de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do centro de pesquisa. 

“Para a Embrapa, esse é um momento muito importante, especial”, comentou Tiago Ferreira, diretor de Gestão Institucional da Embrapa e  presidente do comitê. Ele explicou que o CAE é uma instância extremamente relevante para o planejamento estratégico e a programação científica da Empresa, destacando o perfil dos membros que assessoram a Embrapa Alimentos e Territórios, os quais têm uma visão voltada para as conexões entre o alimento, o ambiente, a cultura e o turismo.

Essa abordagem associada à ciência estabelece novas relações e oportunidades para a Embrapa. A partir da reunião do comitê, compete à Empresa captar os sinais, tendências e demandas dos setores associados e das cadeias produtivas agropecuárias. O chef Max Jaques, pesquisador do Instituto Brasil a Gosto, ressaltou a necessidade de se pensar políticas públicas para desenvolver a gastronomia social, valorizando o saber popular, o patrimônio alimentar e as pessoas. 

As ideias apresentadas durante a reunião estão alinhadas às grandes transformações dos sistemas agroalimentares que estão sendo discutidas globalmente, na opinião de Patrick Caron, vice-presidente de Assuntos Internacionais da Universidade de Montpellier, na França, e pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad). “Muitos pontos são inovadores”, destacou. Como exemplo, citou o enfoque dado à gastronomia que, inclusive, pode contribuir com a agenda das instituições internacionais de pesquisa.

O Brasil é reconhecido como uma potência agrícola, mas também pode ser uma potência turística e gastronômica, na visão de Vinícius Lages, diretor do Sebrae Alagoas. Para ele, o novo centro da Embrapa é uma inovação institucional e pode dar essa contribuição para a construção de outro modelo de agronegócio, baseado em inovações sociais e em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE) Lucas Leite destacou a importância da atuação nacional, em rede, de forma articulada com outros centros de pesquisa da Empresa conectados à temática. Ele ainda enfatizou a relevância de desenvolver trabalhos com equipes multidisciplinares, de forma integrada, para resolver problemas complexos da agricultura.

Para valorizar o consumo de produtos locais e fortalecer o desenvolvimento territorial, o Ministério do Turismo (MTur) criou o Programa Nacional de Turismo Gastronômico, lançado em março. “Gostaríamos de contar cada vez mais com o apoio da Embrapa”, reforçou Rafaela Lehmann Herrmann, coordenadora-geral de Turismo do MTur. Em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão previstas diversas ações, como oficinas de capacitação e eventos para incentivar o turismo rural no contexto dos agricultores familiares.

Os membros do CAE manifestaram interesse em participar de um seminário a ser organizado pela Embrapa Alimentos e Territórios com o objetivo de apresentar aos demais centros da Empresa as diretrizes, as tendências e as oportunidades de pesquisa discutidas na reunião. O intuito é promover um debate para que se possa identificar ações transversais visando à atuação interdisciplinar.

Assim, busca-se avançar na visão dos alimentos além dos aspectos da produção e da produtividade, para considerar também a agregação de valor sob pontos de vista da saúde e nutrição, da identidade, gastronômico, turístico e, ainda, como fator de inclusão social, produtiva e econômica.

Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948)
Embrapa Alimentos e Territórios

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