Saúde e sustentabilidade ganham espaço na escolha por leite e derivados
Saúde e sustentabilidade ganham espaço na escolha por leite e derivados
O fortalecimento do sistema imunológico e a perda de peso, são cada vez mais determinantes na hora do consumidor escolher produtos derivados do leite. Segundo Kennya Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, a tendência de valorizar os lácteos com benefícios para a saúde vinha sendo observada nos últimos anos, com produtos que melhoram o funcionamento do intestino, mas se intensificou com a pandemia, que reforçou a preocupação do consumidor com a saúde e perda de peso” que se por um lado reforçou a preocupação com a saúde, por outro, aumentou o ganho de peso extra devido à quarentena. A indústria laticinista está atenta a essa tendência. “As principais inovações do setor para este ano devem ser no sentido de oferecer produtos voltados para o fortalecimento do sistema imune e que ofereçam mais benefícios nutricionais e funcionais por kilocaloria”, diz a pesquisadora.
De acordo com Innova Consumer Survey, plataforma de tendências de mercado, seis de cada dez consumidores no mundo buscam alimentos e bebidas cuja finalidade é aumentar a imunidade. Isso tem levado as indústrias a desenvolverem produtos nutracêuticos, com compostos bioativos, que tragam benefícios à saúde como vitaminas C e B6, além do ômega 3. Segundo Kennya, essa tendência lança luz nos iogurtes, produto com alta densidade nutricional. “Os iogurtes, em especial, devem se beneficiar, visto que já são reconhecidos como alimentos que aumentam a imunidade do organismo”. A empresa de pesquisa de mercado Technavio estima que a taxa composta de crescimento no mercado anual de iogurtes fique acima de 5%.
A saúde intestinal sensibiliza os consumidores há mais tempo. A indústria de alimentos possui uma série de produtos direcionados à atuação na microbiota intestinal, que refletem em melhorias de problemas metabólicos, controle de peso, imunidade e bem-estar emocional. Segundo a pesquisadora, os derivados lácteos têm uma vantagem nesse sentido: alguns, por já terem naturalmente atuação na microbiota intestinal; outros por serem ótimos veículos para prebióticos, probióticos e simbióticos.
A relação lácteos/saúde cerebral também tende a ganhar destaque em 2021. Os alimentos nootrópicos (que possuem substâncias com ações positivas para o cérebro) estavam no radar da indústria de alimentos antes da pandemia. No parecer da pesquisadora, os produtos nootrópicos ganharão destaque no setor lácteos em 2021, embora em proporção menor do que aqueles destinados ao fortalecimento do sistema imune. De modo geral, os alimentos nutraceuticos estarão cada vez mais presentes na mesa do consumidor. Segundo dados da Global Market Insights, empresa de consultoria sobre o mercado global, os produtos lácteos destinados a promover a saúde movimentarão US$ 21 bilhões, em 2026.
Bebidas vegetais
No mercado brasileiro, as bebidas à base de vegetais já são encontradas em grande número e variedade. A novidade é que os vegetais não estão mais restritos às bebidas. Já se pode encontrar nas prateleiras dos supermercados e padarias iogurtes, queijos e manteiga feitos com plantas. E a base desses produtos não se limita apenas à soja, como ocorria na década passada. Existem também produtos à base de arroz, amêndoa, coco, castanha de caju e aveia. “No mercado internacional, é possível encontrar ainda produtos que são um mix de vegetais e leite de vaca, o que mostra que o setor está se reinventando”, constata a pesquisadora.
Kennya completa afirmando que a pandemia fortaleceu também uma tendência já presente na sociedade: a preocupação com a sustentabilidade ambiental. “Estudos mostram que cerca de dois terços dos consumidores desejam impactar positivamente o meio ambiente, o que inclui o consumo de alimentos e bebidas”. A tendência para este e os próximos anos é que a cadeia produtiva do leite demonstre seu compromisso com a sustentabilidade em todo o ciclo produtivo. “Num setor tão rotulado pela emissão de gases de efeito estufa e maus tratos com os animais, a chave para o sucesso estará na forma de comunicar os esforços de sustentabilidade para o consumidor final”, conclui a pesquisadora.
Rubens Neiva (MTb 5445)
Embrapa Gado de Leite
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