12/11/21 |   Agricultura de Baixo Carbono

COP26: Embrapa mostra tecnologias da agricultura de baixa emissão de carbono no Brasil

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: MMA

MMA -

Após duas semanas de agenda intensa em painéis e mesas redondas com representações de todo o mundo, a participação de lideranças e pesquisadores da Embrapa na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, Escócia, deverá, segundo o presidente Celso Moretti, reposicionar a visão mundial sobre a agricultura brasileira.

“Defendemos uma visão realista e positiva para o futuro da agricultura brasileira e tivemos a oportunidade de influenciar na mudança da visão distorcida que ainda persistia sobre ela”, disse ele, ao comentar o compromisso assumido pelo Brasil de, até 2030, reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa e de se tornar, até 2050, uma economia neutra em termos de carbono, além da redução global de 30% na emissão de metano, entre 2020 e 2030.

Segundo Moretti, em todos os eventos em que a Embrapa participou houve uma grande expectativa em torno dos resultados de suas pesquisas, dada sua condição de referência mundial em termos de pesquisa tropical. Dentre os resultados de maior repercussão está a já histórica fixação biológica de nitrogênio atmosférico, em cerca de 37 milhões de hectares na cadeia da soja, que na safra passada propiciou o sequestro de cerca de 100 milhões de toneladas de CO2 e a economia de R$ 28 bilhões por não se usar adubo nitrogenado.

Outros resultados que causaram impacto foram o mapeamento de carbono orgânico nos solos brasileiros, que armazenam 36 bilhões de toneladas desse carbono, sobretudo na Amazônia e na Região Sul, a integração lavoura-pecuária-floresta que sustenta o conceito Carne Carbono Neutro, as pesquisas para redução de emissões na cadeia de suínos e aves que permitem diferenciar as dificuldades de controle de emissões na produção, no processamento e na rede de distribuição das carnes.

O presidente da Embrapa destacou também a repercussão do painel que discutiu o impacto das tecnologias “poupa-terra”, centradas na busca pelo aumento de produtividade, desenvolvidas pela pesquisa brasileira ao longo dos anos, de são exemplos os sistemas de produção de soja, milho e algodão. 

Ele lembra que essas tecnologias permitem ao Brasil manter intocadas grandes áreas de vegetação nativa e que, sem elas, só no caso da soja, seria necessário adicionar mais 71 milhões de hectares para oferecer ao mundo a atual produção dessa oleaginosa.

Ele ressaltou ainda o lançamento, pelo Governo Federal, do Programa Nacional de Crescimento Verde, que incorpora todas essas tecnologias e outras como o plantio direto e florestas plantadas e os esforços para o desenvolvimento da bioeconomia, sobretudo na Amazônia com a intensificação tecnológica das cadeias do tambaqui, do açaí, da mandioca e do guaraná.

Outras participações de lideranças e pesquisadores da Embrapa na COP26 também contribuíram para demonstrar que a agricultura brasileira e a economia dela derivada estão amplamente amparadas por sólida base de pesquisa científica, claramente dedicada à busca de sistemas de produção mais sustentáveis.

Mais destaques

Global Landscapes Forum

Na sessão especial do evento “Global Landscapes Forum” (GLF), em 5/11, que trouxe casos de sucesso dos dez anos de pesquisa do programa multi-institucional “Forests, Trees and Agroforestry” (FTA), do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR), o chefe-geral da Embrapa Florestas, Erich Schaitza, abordou os temas de trabalho da Embrapa, na área florestal priorizando “ações de plantio, manejo florestal e agrossilvicultura; mudanças climáticas e produtos da biodiversidade, como base de uma nova bioeconomia”.

Saiba mais: COP26: Global Landscapes Forum apresenta cases de sucesso

Pavilhão Brasil: ILPF é exemplo de pecuária sustentável

Na segunda-feira (8), na programação do Pavilhão Brasil, o pesquisador da Embrapa Florestas e produtor rural Abílio Pacheco contou sua experiência na implantação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na sua Fazenda Boa Vereda, que, de área caracterizada pela degradação das pastagens, tornou-se modelo de sustentabilidade e rentabilidade. 

Saiba mais: Sistema ILPF é exemplo de pecuária sustentável na COP26

Descarbonização do leite e consumo de água 

Muitas discussões relacionadas à conferência do clima estão sendo transmitidas de Brasília. O estande da COP26 na capital recebeu, na quinta-feira (11), o chefe de Transferência de Tecnologia André Novo e o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, que falaram dos projetos em parceria com a Nestlé para descarbonização do leite e consumo eficiente da água na produção leiteira, respectivamente.

A Embrapa e a multinacional estão em busca do leite de baixo carbono. A parceria público-privada irá desenvolver um protocolo para pecuária com redução das emissões e aumento da remoção dos gases de efeito estufa nas propriedades leiteiras. A parceria também envolve a Embrapa Agricultura Digital e a Embrapa Gado de Leite. Já no que diz respeito à água, a Embrapa Pecuária Sudeste e a Nestlé monitoram o consumo hídrico de 60 propriedades leiteiras no País. Comparando-se o consumo total das fazendas em 2019 com o de 2020, a economia chegou a 19 milhões de litros.

Desigualdades sociais na Amazônia  

A pesquisadora Ana Euler, da Embrapa Amapá, participou na sexta-feira (12) de um painel sobre desigualdades sociais na Amazônia organizado pela Pipe Factory, um centro cultural localizado em Glasgow. A engenheira florestal falou sobre o desafio dos jovens da região do Marajó para vencerem o isolamento e a ausência de políticas públicas e prosperarem como empreendedores da cadeia produtiva do açaí, um estudo que resultou em nota técnica. 

Saiba mais: COP26: Pesquisadora da Embrapa Amapá é palestrante de debate sobre desigualdades sociais na Amazônia

TerraClass

Os dados produzidos pelo projeto TerraClass, coordenado pelo pesquisador Adriano Venturieri, da Embrapa Amazônia Oriental, e executado em parceria com outras instituições, foram destaque no primeiro painel sobre combate ao desmatamento ilegal no estande Pavilhão Brasil - espaço criado pelo Governo Federal, Apex-Brasil, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A apresentação foi feita pelo diretor do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Rafael Pinto Costa, que dividiu a bancada com a secretária da Amazônia e serviços ambientais do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marta Giannichi, em Brasília. 

Mudanças de uso da terra

No dia 6 foi a vez da pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental Joice Ferreira participar, remotamente, do painel "Mudanças de uso da terra nos trópicos e lições das trajetórias das florestas brasileiras". Segundo ela, o objetivo do evento foi traçar lições entre a Amazônia e a Mata Atlântica e como usá-las para reduzir as emissões de gases de efeito estufa a partir da conservação dessas florestas. O painel foi gravado e pode ser visto aqui.  

Produção animal

Resultados de pesquisas e políticas públicas brasileiras para produção animal sustentável foram apresentados pela Embrapa em painel on-line promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) no dia 3, na programação da COP26.

A convite do Fida, o pesquisador Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, apresentou experiência de mitigação do impacto da produção animal sobre o meio ambiente, com destaque para sistemas integrados, recuperação de áreas degradadas na Caatinga e alternativas para compensação de emissão de gases, como a Carne Carbono Neutro.

O debate foi transmitido ao vivo pelo canal do Fida no YouTube, em língua inglesa, e pode ser acessado aqui. A programação completa dos painéis promovidos pela entidade na COP26 pode ser acompanhada aqui.

Saiba mais: Embrapa apresenta experiências para produção animal sustentável na COP26

Seminário sobre pecuária de baixo carbono

A atividade pecuária tem sido apontada como uma das grandes responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, como ficou claro nos principais debates da COP26. A Embrapa há alguns anos vem trabalhando no tema, tanto para uma aferição mais precisa, apoiada em dados científicos, sobre o papel da pecuária nesse processo, como também no desenvolvimento de soluções tecnológicas e recomendações que contribuam para a mitigação na emissão desses gases.

Parte desses estudos será apresentada no próximo dia 16, com a realização do seminário on-line "Sustentabilidade da pecuária de corte em sistemas de baixo carbono", a partir das 10 horas. O evento será transmitido pelo canal da Embrapa no YouTube

O objetivo principal do seminário é disponibilizar informações de pesquisas da Embrapa sobre as relações entre pecuária e mudanças climáticas. O evento terá a participação de cinco UDs: Pecuária Sul, Gado de Corte, Agrobiologia, Solos e Agroindústria de Alimentos. A realização do seminário foi viabilizada a partir de uma emenda parlamentar do deputado federal Christino Aureo (PP-RJ), cujos recursos também serão utilizados para a continuidade de pesquisas relacionadas ao tema.

Embrapa

Contatos para a imprensa

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

cop26