Cooperação científica: pesquisador faz palestra na embaixada da França
Cooperação científica: pesquisador faz palestra na embaixada da França
A importância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a agricultura brasileira e os impactos dos Projetos Silvânia e Unaí na agricultura familiar foram apresentados pelo pesquisador Fernando Macena, da Embrapa Cerrados (DF), no evento "França-Brasil: A ciência como caminho para a sustentabilidade", promovido pela embaixada da França no Brasil para homenagear o histórico da cooperação científica entre os dois países em prol do desenvolvimento sustentável.
A embaixadora Brigitte Collet destacou que o principal objetivo do encontro é dar maior visibilidade à colaboração entre as equipes de pesquisa francesas e brasileiras. “A proteção ambiental e a luta contra a mudança climática não são apenas prioridades para meu país, sua diplomacia e para a União Europeia, são batalhas urgentes que são essenciais para a sobrevivência de nossa espécie. Esta excepcional colaboração científica se traduz em projetos concretos que têm um impacto sobre os indivíduos e sobre nossa sociedade. É isto que queremos mostrar hoje: como a cooperação entre nossos dois países e a colaboração entre nossos pesquisadores levam a soluções para uma sociedade sustentável”, afirmou.
Márcio Rojas, diretor do Departamento de Ciências da Natureza do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), citou importantes projetos de pesquisas na área do clima desenvolvidos pelo Brasil em cooperação com países como China, Alemanha e Reino Unido, e lembrou que os planos de ações do MCTI estão alinhados com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. “Consideramos que a cooperação com a França desempenha um papel fundamental para enfrentar os atuais desafios globais. Esperamos que a nossa participação beneficie não só as instituições acadêmicas e governamentais envolvidas, mas também a sociedade em geral”, disse.
Pesquisadores apresentaram resultados de projetos desenvolvidos em parcerias entre instituições científicas francesas como o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS); o Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e o Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le développement (Cirad) e brasileiras como a Embrapa e a Universidade de Brasília (UnB).
Parceria da Embrapa com o Cirad
Fernando Macena apresentou o tema “gestão de riscos agroclimáticos e ambientais na agricultura”, abordando os trabalhos em parceria com o Cirad, a partir de 1986, com sistemas de produção agrícola com foco em pesquisa para o desenvolvimento para apoiar o desenvolvimento da agricultura familiar; a partir de 1990, sobre gestão dos recursos naturais e modelagem e crescimento de culturas; e agricultura de conservação para pequenos agricultores, a partir de 2000.
A metodologia que deu origem ao Zarc, desenvolvida a partir da modelagem dos impactos dos riscos climáticos para as culturas agrícolas e atualmente uma política pública do governo federal que rege o seguro rural e o crédito agrícola, foi gerada pelo Cirad e adaptada pela pesquisa da Embrapa em conjunto com pesquisadores franceses. O Zarc indica, para mais de 40 culturas, as datas de plantio com os três menores níveis de risco de perdas (20%, 30% e 40% de chance) por eventos climáticos.
Ao citar a aplicação do Zarc no Proagro e no Proagro Mais, programas de garantia da atividade agropecuária voltado, Macena lembrou que até meados da década de 1990 o governo brasileiro gastava grande quantidade de recursos no pagamento de seguro agrícola por não ter como acompanhar as datas de plantio dos produtores.
“A partir de 1995/96, quando começamos a aplicar essa tecnologia, o governo deixou de pagar R$ 150 milhões (em indenizações), o que equivalia, na época, a € 60 milhões. E se estávamos indicando a data, o tipo de solo e a hora certa de plantar, isso também ajudou o rendimento da produção agrícola do País a aumentar”, comentou, acrescentando que o uso do Zarc permitiu o crescimento no número de empréstimos aos agricultores.
O pesquisador também abordou a experiência dos Projetos Silvânia e Unaí, que utilizaram a metodologia participativa em assentamentos de reforma agrária para a geração de informações que auxiliaram o desenvolvimento da agricultura familiar naquelas regiões. Ele mostrou alguns resultados, como o aumento de 84% no rendimento de grãos de milho com o uso de sistemas de produção inovadores e o aumento e 37,9% no preço médio pago pelo leite com o uso de tanques de resfriamento coletivos.
“Foi um trabalho importantíssimo, porque também contribuiu para a educação de adultos, a melhoria da infraestrutura e o acesso a mercados e o fortalecimento da organização dos produtores”, disse Macena, acrescentando que, além da construção da metodologia de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar, as informações geradas pelos dois projetos apoiaram o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do governo federal, e técnicos moçambicanos puderam ser formados.
A parceria entre a Embrapa e o Cirad gerou, ainda, diversas publicações científicas como artigos, livros, capítulos de livros, teses, materiais técnicos e outras publicações.
“Esta foi uma oportunidade ímpar de mostrar a importância dessas parcerias para o Brasil e a agricultura brasileira. Gostaríamos de continuar com esses trabalhos”, finalizou o pesquisador agradecendo ao Cirad e à embaixada da França.
Além de Macena, fizeram apresentações Guillaume Odonne, do CNRS; Andrea Leme da Silva, da UnB; René Poccard-Chapus, do Cirad; Fabrice Papa, do IRD; e Alice Fassoni, também do IRD.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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