01/12/22 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Artigo - Por que investir em touros avaliados geneticamente e qual a importância do exame andrológico e do manejo reprodutivo?

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Juliana Corrêa Borges Silva

Médica-veterinária, pesquisadora em reprodução animal da Embrapa Gado de Corte

O que queremos reproduzir? A escolha dos reprodutores é fundamental para a atividade pecuária, pois é a partir do que é reproduzido que estabeleceremos um processo de melhoramento genético animal em harmonia com o sistema de produção, seja ele qual for. 

A pecuária de corte é uma atividade complexa envolvendo muitas variáveis. No Brasil, estima-se que 20% das fêmeas bovinas são inseminadas artificialmente. Isso quer dizer que 80% dos animais nascidos são oriundos de monta natural, ou seja, a seleção genética e o exame andrológico desses reprodutores são plenamente justificados, com forte impacto econômico nos sistemas produtivos.

Então, a pergunta é: o que estamos reproduzindo nesses 80% da população? Que “tipo” de touros temos utilizado? Touros “bonitos”? Bem avaliados “a olho”? Ou touros melhoradores, avaliados em programas genéticos de seleção e que possuem estimativas da Diferença Esperada na Progênie (DEPs)? 

Em um mercado cada vez mais competitivo e especializado, somente o aumento da prenhez não traz todos os benefícios, quando comparado ao aumento da prenhez aliado ao aumento da qualidade dos produtos (bezerros (as) mais pesados, por exemplo). 

Assim, o objetivo do uso de uma genética melhoradora, por meio de reprodutores superiores, é melhorar características do rebanho com impacto econômico, como o desempenho em ganho de peso, precocidade, habilidade materna, fertilidade etc. Ou seja, o pecuarista busca profissionalizar seu negócio, aumentando a economicidade do sistema. 

Do ponto de vista técnico, na aquisição de um reprodutor, fica implícito que a capacidade reprodutiva esteja atestada no exame andrológico. O exame fundamenta-se na avaliação de todos os fatores que contribuem para a função reprodutiva normal do macho e é composto pela medição do perímetro escrotal, exame clínico, inclusive dos órgãos genitais, incluindo as glândulas anexas e avaliações físicas (aspecto, volume, concentração e motilidade espermática) e morfológicas (defeitos das células espermáticas) do sêmen. Ao final do exame, o animal poderá ser classificado como: apto, apto para monta natural, inapto temporário ou inapto. 

A categoria apto e apto para monta natural são utilizadas para animais que atingem ou ultrapassam os limites mínimos recomendados para perímetro escrotal, motilidade e morfologia espermáticas e não apresentaram qualquer característica física anormal. Os aptos estão em excelentes condições podendo ter o sêmen processado para criopreservação, por exemplo. Já os aptos para monta natural apresentam um pouco mais de patologia espermática, mas ainda em condições de não comprometer os índices de prenhez. Os inaptos temporários devem aguardar novos exames; e os inaptos ou insatisfatórios são aqueles que não atingem o limite mínimo recomendado em uma ou mais características. Essa avaliação do exame andrológico deve fazer parte da rotina do manejo reprodutivo das propriedades. 

Nos machos, o perímetro escrotal é a principal característica reprodutiva incluída nos programas de melhoramento genético de bovinos, pois é uma característica de fácil mensuração, apresenta elevada herdabilidade e está geneticamente correlacionada com libido, produção espermática e qualidade seminal.

Outro destaque refere-se à sua correlação genética favorável com a precocidade sexual das fêmeas (suas filhas), possibilitando que seja utilizada como critério de seleção visando o melhoramento da fertilidade em ambos os sexos. Importante ressaltar que são imprescindíveis as avaliações física e morfológica do sêmen, tanto na seleção dos reprodutores quanto no acompanhamento de seus desempenhos reprodutivos, com o objetivo de evitar a ocorrência de problemas de subfertilidade ou infertilidade que possam comprometer os índices reprodutivos do rebanho. Do ponto de vista econômico, o sêmen de boa qualidade significa o rápido retorno do capital investido no reprodutor. 

Assim, a aquisição de reprodutores deve estar associada à otimização de seu uso, pois os custos por prenhez aumentam muito quando a fertilidade do rebanho é baixa e a relação touro:vaca é desfavorável. Dessa forma, o adequado manejo dos touros eleva a taxa de prenhez e propicia o rápido retorno do capital investido no reprodutor.

 

Embrapa Gado de Corte

Contatos para a imprensa

Telefone: +556733682000

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/