Cidades discutem políticas públicas alimentares no Brasil
Cidades discutem políticas públicas alimentares no Brasil
Foto: Divulgação
Representantes de 27 cidades que participam do Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (Luppa)
Com o tema “Comida no Centro da Mesa da Agenda Municipal”, representantes de 27 cidades que participam do Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (Luppa) se reuniram em São Paulo, entre os dias 1 e 3 de fevereiro, para uma jornada de aprendizados e troca de experiências, o Luppa Lab #2. O analista da Embrapa Alimentos e Territórios Gustavo Porpino (foto) esteve presente para falar do projeto “Cidades e Alimentação”, executado em parceria com a União Europeia e com a colaboração do Instituto Comida do Amanhã, ICLEI e WWF Brasil.
Durante os três dias, por meio de métodos ágeis e dinâmicas de grupo, os representantes das cidades e parceiros discutiram e delinearam oportunidades para a construção da agenda de segurança alimentar e nutricional municipal. Na abertura do evento, Porpino falou sobre as potencialidades das cidades enquanto epicentro das mudanças necessárias para uma produção agrícola mais diversificada, mais práticas de agricultura regenerativa implementadas em cinturões verdes, novas oportunidades de conexão entre produtores e consumidores, e execução de políticas públicas alimentares diversas que favoreçam o fortalecimento de sistemas alimentares urbanos sustentáveis.
“Esse laboratório vivo é uma grande oportunidade de engajarmos mais cidades com a temática de alimentação, e também identificar as boas práticas destas cidades, dar mais visibilidade às boas experiências e analisar os modelos de governança das cidades brasileiras que já têm dado o devido valor aos temas alimentos e alimentação”, disse.
A diretora do Comida do Amanhã, Juliana Tângari, explicou que o objetivo do evento é ampliar a forma como as prefeituras se instrumentalizam para desenvolver seus planos de segurança alimentar e nutricional de forma integrada, multissetorial, e com participação social. “Todo o LAB é desenhado para que possa otimizar da melhor forma o trabalho dos municípios”, afirmou. A diretora do Ministério do Desenvolvimento Social, Patrícia Gentil, ressaltou que a inteligência dos municípios será útil na retomada do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e para a atuação do Consea.
Porpino também conversou com representantes das cidades de Maricá, Recife, Curitiba, Rio Branco e Santarém, participantes do projeto Cidades e Alimentação. “Iremos trabalhar mais próximos destas cinco cidades, mas as oportunidades de interação não estarão restritas a estes municípios. Todas as cidades serão bem-vindas nos eventos que organizaremos”, comentou.
Banco de Alimentos e hortas urbanas - No segundo dia do evento, os participantes fizeram visitas técnicas a bancos de alimentos e iniciativas de agricultura urbana em São Paulo. Porpino visitou o Banco de Alimentos de São Paulo e conheceu o programa de colheita urbana do município, que direcionou, em 2022, 70 toneladas de frutas e hortaliças das feiras livres para instituições de assistência social. Já o Banco de Alimentos público coletou, em 2022, 415 toneladas de alimentos, sendo a maior parte doações do varejo e indústria direcionadas às entidades cadastradas na prefeitura de São Paulo. “As doações, tanto para bancos de alimentos públicos quanto para as iniciativas das Organizações Não-governamentais (ONGs) têm caído nos últimos dois anos. Em São Paulo, as doações de alimentos, em 2022, representam apenas 15% do que foi arrecadado em 2020, auge da pandemia”, comenta Porpino.
“As cidades podem fomentar o trabalho de ONGs que administram bancos de alimentos, e discutir em conjunto com a sociedade civil e varejistas, alternativas para implementar bancos de alimentos mais compactos ou mesmo novos formatos varejistas, como os supermercados sociais”, concluiu.
O Luppa é um projeto do Instituto Comida do Amanhã, em correalização com o ICLEI América do Sul, com o apoio pleno do Instituto Ibirapitanga e do Instituto Clima e Sociedade, apoio especial da Delegação da União Europeia no Brasil, Embrapa e do WWF Brasil e apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO Brasil), ACT Promoção da Saúde, Alimentação Consciente Brasil, e Humane Society International e parceria metodológica da Reos Partners.
As cidades de Curitiba, Osasco, Recife, Salvador e São Paulo são mentoras da iniciativa, que contou ainda com participação da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da USP, Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da UFAM, Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde da UFMG, Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento da UFRGS, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Instituto Kairós Ética e Atuação Responsável, e do Instituto Regenera.
Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios
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