Na semana em que se comemoram o Dia Mundial da Alimentação e o Dia da Ciência e Tecnologia, um tour guiado apresentou a comunicadores e chefs de cozinha paraenses uma pequena mostra, em campo, de como a ciência transforma o alimento que chega na mesa da gente, com respeito às tradições locais e à sustentabilidade. O evento, realizado nessa terça-feira (17), na sede da Embrapa Amazônia Oriental, também integrou as comemorações dos 50 anos da Embrapa. Com os pés sobre a terra e em uma bela manhã do chamado verão amazônico, os visitantes percorreram diversas vitrines tecnológicas instaladas na área do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental (Nures), absorvendo um pouco da atuação na pesquisa em melhoramento genético de plantas e sistemas agroalimentares sustentáveis. No roteiro estavam o campo de sementes das novas cultivares de feijão-caupi, lançadas este ano, plantações de alimentos biofortificados, um sistema agroflorestal experimental e a criação de abelhas nativas sem ferrão. O tour guiado se encerrou à sobra de uma mangueira, com a degustação de delícias da sociobiodiversidade local, em mais um exemplo de como a ciência, os saberes locais e empreendedorismo da agricultura familiar podem impulsionar a bioeconomia na região. No cardápio, fornecido por diversos parceiros da pesquisa, havia, entre outros, mingau de farinha de cará-roxo com arroz da roça e castanha-do-pará, batata-doce e macaxeira biofortificada, biscoitos de farinhas regionais, entre elas, de feijão-caupi, beijucica de açai, açafrão e coco, chips de banana, além de geleias e sucos de frutas regionais. O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, deu às boas-vindas aos presentes, e destacou a alegria em se receber um grupo tão diverso dos que normalmente frequentam os dias de campo, para aproximar e sensibilizar jornalistas e influenceres, além dos chefes de cozinha, da atuação da pesquisa na produção de alimentos e no dia a dia das pessoas. “Hoje vocês podem ver aqui, no campo da Embrapa, o que é pauta no mundo. Os resultados da pesquisa que impulsionam e fortalecem a bioeconomia da região”, enfatizou o gestor. Da pesquisa para a vida das pessoas Para muitos entre os presentes, mesmo os jornalistas, foi a primeira experiência dentro da Embrapa, que em Belém, fica bem próxima ao centro da cidade e uma área privilegiada de cerca de 3 mil hectares, grande parte, de floresta. A chef vegana Petra Furtado se admirou com os benefícios dos alimentos biofortificados, em especial, a cultivar de feijão BRS Tumucumaque, com elevado teor de proteínas. A chef explicou que a base alimentar da cozinha vegana são as leguminosas e conhecer o caminho que leva ao melhoramento genético dessa planta, até chegar em sua cozinha e de lá, aos consumidores, faz toda a diferença e revela toda a simbiose com a natureza. “É muito importante conhecer e se relacionar com o que se produz, se conectar com o alimento em toda a sua integralidade”, pontuou. O também chef Thyago Guarany avaliou a visita como enriquecedora. Ele comentou que em seu trabalho, procura levar muito mais que comida às pessoas, mas sim histórias, cultura, resistência, afetividades e saber dos caminhos da pesquisa até o desenvolvimento de um alimento, da estrutura e das pessoas envolvidas, vai dar ainda mais significado ao que ele produz. Para o jornalista e apresentador Douglas Dinelli a experiência vai enriquecer sua função de informar a sociedade e como cidadão, de demandar dos tomadores de decisão, que a pesquisa desenvolvida pela Embrapa, possa beneficiar diretamente a população, com a inserção dos alimentos biofortificados e demais produtos, nas camadas mais carentes da população e citou como exemplo, a região do Marajó, que registra os mais baixos IDHs do Brasil. “A ciência pode e deve ajudar a alavancar o desenvolvimento local e os políticos demais tomadores de decisão precisam se apropriar do trabalho feito pela Embrapa em benefício da população”, afirmou.