Carta ao leitor - Sobre pesquisa e inovação
Carta ao leitor - Sobre pesquisa e inovação
Nas páginas de entrevista desta edição da – Ciência para a Vida, o professor José Carlos Barbieri, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp), mantida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), reflete sobre o conceito de inovação, sua evolução ao longo dos tempos e as mudanças na maneira de inovar encontradas pelas organizações.
Segundo Barbieri, inovação implica produtos e processos e sua aceitação pelo mercado, respostas a questões técnicas e econômicas, arranjos inovadores no desenvolvimento e na aplicação dos conhecimentos e, ainda, aspectos organizacionais envolvidos nas ações que a viabilizam.
As três tecnologias apresentadas na matéria especial da edição se enquadram em requisitos indicados pelo nosso entrevistado. Resultantes da engenharia genética, ciência capaz de modificar o código genético dos seres vivos, essas tecnologias são promissoras para driblar problemas que afetam a agricultura, com graves repercussões sociais e econômicas, e envolvem parcerias, redes de pesquisadores e gestão do conhecimento, além de ações coordenadas com vistas à liberação comercial, em virtude de marcos regulatórios a serem cumpridos.
Um sistema responde ao manejo de áreas afetadas por plantas daninhas de difícil controle e inclui o primeiro transgênico desenvolvido integralmente no Brasil, em modelo de inovação aberta. Outro contorna o efeito devastador do vírus do mosaico-dourado nas plantações de feijão e abrange a primeira planta transgênica produzida inteiramente por uma empresa pública brasileira. No terceiro caso, plantas de algodão geneticamente modificadas prometem tolerar longos períodos de veranico e seca. São oportunas em tempos de mudanças climáticas.
As duas primeiras tecnologias estão prestes a chegar ao mercado. As três posicionam o Brasil na vanguarda da ciência da engenharia genética. São histórias de anos de pesquisa, de valorosos cientistas que fazem avançar o conhecimento. Vale a pena conferir a partir da página 14.
E como se avalia o impacto ambiental da atividade humana? A resposta está na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), metodologia de forte embasamento científico e de credibilidade internacional, que contabiliza desde os primeiros insumos até os resíduos e destino final do objeto de estudo. Pesquisadores de nove Unidades e da sede da Embrapa desenvolvem métodos de avaliação de impactos apropriados às condições locais. Estão convictos de que os impactos, mesmo que globais, devem ser analisados de acordo com as condições de cada região do planeta. Saiba mais sobre isso na matéria da página 40.
Outro grupo de pesquisadores, como mostrado na matéria da página 60, propõe-se a identificar, catalogar e preservar microrganismos produtores de enzimas de interesse industrial. Há reações químicas só possíveis na presença de enzimas, catalisadores biológicos que participam da decomposição de macromoléculas de gorduras, amidos e proteínas.
Na página 46, jornalistas escrevem sobre os esforços de pesquisadores e produtores para que o café de regiões brasileiras tenha suas características únicas reconhecidas. O Brasil tem quatro selos de Indicação Geográfica (IG) para o produto. São conquistas recentes que despertam o setor produtivo para a importância de elevar a qualidade e demarcar as origens de um café diferenciado.
O tema inovação também encerra as páginas desta edição. Em artigo, Ester Vilela de Andrade Gomide, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, e Evaldo Vilela, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), defendem o apoio a pesquisas, mesmo que elas não estejam associadas a demandas imediatas do mercado. São diferentes pontos de vista que enriquecem o debate. Boa leitura!
—— Os editores
Secretaria de Comunicação da Embrapa - Secom
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/