Cerca de 40 representantes de comunidades da região de Olho D’Água do Casado, Delmiro Gouveia e Piranhas, no estado de Alagoas, vão receber uma capacitação técnica focada no conceito de paisagens alimentares e turismo sustentável de base comunitária. As atividades ocorrem de 29 a 31 de janeiro, no campus de Piranhas do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), e integram o projeto Paisagens Alimentares, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios. As comunidades de agricultores estão inseridas em iniciativas voltadas ao incentivo ao desenvolvimento de ações voltadas para o turismo sustentável de base comunitária. O objetivo é fortalecer conceitos e práticas que impactem a oferta de produtos e serviços turísticos de qualidade e agreguem valor à condução das experiências turísticas, melhorando também a qualidade de vida e a economia dos municípios envolvidos. Nessa capacitação, vão ser abordados temas como: mitigação e adaptação às mudanças climáticas no turismo de base comunitária, sistemas agrícolas como patrimônio cultural, gestão de negócios, cooperativismo e associativismo, precificação de produtos turísticos e paisagens alimentares. Os instrutores são Carlos da Costa e Valdemir da Silva, professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Francisco Sarmento, representante da Agrosuisse, e Patrícia Bustamante, pesquisadora da Embrapa. Durante o primeiro semestre de 2024, estão previstas novas capacitações nesses municípios e em Palmeira dos Índios (AL), além de Indiaroba e São Cristóvão, em Sergipe, e em Sirinhaém, no estado de Pernambuco, para as comunidades selecionadas que compõem o projeto. As oficinas têm foco em quatro eixos principais, voltados diretamente ao desenvolvimento territorial e ao turismo sustentável de base comunitária: governança; meio ambiente; turismo e hospitalidade; e comunicação. “Ao mesmo tempo em que ocorrerão as capacitações, será desenvolvido, com o apoio da empresa Agrosuisse, um levantamento de informações que permita a caracterização das paisagens alimentares, a partir de uma visão sistêmica”, conta Aluísio Goulart, analista da Embrapa Alimentos e Territórios, que lidera a iniciativa. “O intuito é contribuir com a valorização dos produtos turísticos desenhados sob a coordenação da Lab Turismo, agora baseados no patrimônio alimentar dos diferentes territórios que participam do projeto”, complementa Goulart. Conheça as experiências que integram o projeto Da Caatinga aos cânions: experiências no Complexo Arqueológico Nova Esperança A experiência oferecida pela Associação Pegadas da Caatinga é focada numa imersão na cultura e na natureza do sertão nordestino. Passando pelos sítios arqueológicos de Olho D'Água do Casado (AL) até a navegação no Rio São Francisco, o passeio explora as belezas do território, valoriza a cultura local - inspirada nas suas pinturas rupestres -, além de propiciar um almoço típico no restaurante agroecológico. Sabores e saberes na Coopcam: produção agroalimentar, agroecologia e identidades Numa área rural de Palmeira dos Índios (AL), região da Serra das Pias, os cooperados da Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa (Coopcam) recebem os visitantes, que podem conhecer a produção agroecológica e o trabalho de conservação e proteção da terra. A atividade percorre áreas de produção e agrofloresta, proporcionando a colheita de frutas típicas, como manga e jabuticaba, mesclada com o relato das histórias e cantorias locais. O almoço oferecido é preparado, principalmente, com alimentos da biodiversidade local. Caminho das Marisqueiras: saberes e sabores tradicionais de Sirinhaém (PE) No povoado de Barra do Sirinhaém, os turistas percorrem uma trilha no mangue, conhecem o dia a dia das marisqueiras e vivenciam as práticas culturais e ambientais da coleta de mariscos, como aratu, ostra, marisquinho e sururu. Ao final da experiência, são oferecidos caldinhos preparados com os mariscos coletados pelos próprios turistas, numa experiência única e sustentável, além de almoço no restaurante da comunidade. Catadoras de mangaba: saberes e sabores no povoado Pontal de Indiaroba (SE) Uma experiência que combina gastronomia e cultura num ambiente de belas paisagens tropicais é oferecida pela Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai). A fruta, patrimônio cultural imaterial e um símbolo de Sergipe, é a base de produtos como geleias, licores, doces e biscoitos. Com seus saberes, as mulheres da comunidade vêm transformando conhecimentos ancestrais em vivências memoráveis para os visitantes. Beijus, queijadas e bricelets: sabores da "cidade mãe" de Sergipe Um verdadeiro tesouro gastronômico e cultural mantém viva a tradição culinária de São Cristóvão (SE). Nessa experiência podem ser apreciadas diversas iguarias, como os beijus, as queijadinhas e os bricelets produzidos pelas beijuzeiras e doceiras da cidade sergipana, a quarta mais antiga do País. Na visita ao local, é possível conhecer as histórias locais e aprender variadas receitas, transmitidas de geração a geração por séculos.