14/06/24 |   Agricultura familiar

Pesquisa busca preservar cultura da fava

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Foto: Luana Medeiros/UEPB

Luana Medeiros/UEPB - A fava geralmente é cultivada em consórcio com o milho, que serve de suporte para as ramas

A fava geralmente é cultivada em consórcio com o milho, que serve de suporte para as ramas

Alimento nutritivo e iguaria tradicional da culinária nordestina, a fava, ou feijão fava, é uma cultura que vem sendo cultivada principalmente por pequenos agricultores da região semiárida. Os estados do Ceará e Paraíba são atualmente os maiores produtores de fava do país. O Brasil tem hoje uma área plantada 30 mil hectares de fava. O estado da Paraíba já foi o maior produtor, com aproximadamente 12 mil hectares, até ser desbancado pelo Ceará em 2022, que passou a ter 13 mil hectares.

Pela sua importância socioeconômica e nutricional, a fava (Phaseolus lunatus L.)  é uma das culturas incluídas no Banco de Germoplasma da Embrapa. Segundo o pesquisador da Embrapa Algodão Miguel Barreiro Neto, responsável pela fava no banco de germoplasma, a cultura é cultivada por pequenos produtores da agricultura familiar de subsistência em sistemas de produção rústicos e consorciados, adaptada ao Semiárido, com características agronômicas para desenvolver-se em ambientes onde prevalece a seca e elevadas temperaturas.

Rica em proteína e ferro, a fava é um alimento de grande importância na segurança alimentar e nutricional das pequenas comunidades rurais devido a sua capacidade de adaptação às condições de clima e solo mais ampla que os feijões, contribuindo para diminuir a dependência das espécies Phaseolus e macassar.

O pesquisador explica que a manutenção da diversidade genética e da variabilidade dos cultivos é uma das estratégias mais efetivas para criar formas estáveis de subsistência por parte dos agricultores que praticam uma agricultura de baixos insumos. “Conduzida tecnicamente, a cultura pode causar grande impacto socioeconômico ao setor agrícola das regiões produtoras do Nordeste brasileiro. A geração de tecnologias para a cultura, resultará no aumento significativo da área de cultivo, da produção e produtividade, promovendo melhoria da qualidade de vida do homem do campo”, reforça.

Miguel Barreiro salienta que a fava é um cultivo de grande importância cultural e econômica para a Paraíba. “A fava é uma cultura arraigada no conhecimento dos nossos agricultores mais antigos. Ela vem sendo conduzida com essa diversidade, em parte, graças a esses agricultores. Ela também está muito ligada à nossa cultura. Em quase todos os bares paraibanos, você encontra a fava como aperitivo, onde uma porção individual pode chegar a R$ 25,00”, explica.

Paraíba tem grande variabilidade genética

A Paraíba possui uma quantidade expressiva de tipos de fava. “Campina Grande é o município com maior representatividade em fava no Brasil. A feira de Campina Grande é uma verdadeira coleção de germoplasma. Indo à feira, você encontra mais de 20 tipos diferentes de fava com valor comercial”, conta.

Apesar da variedade da fava no estado, a produtividade é em média 500 kg por hectare, com a saca chegando a R$ 1000,00, quando a produção atinge seu pico.

Estudos realizados pela equipe da Embrapa no município de Queimadas, PB mostram que a produção de fava ainda é majoritariamente baseada na agricultura de subsistência. “Na pesquisa, consideramos pontos como o tamanho das propriedades, as características do agricultor e o relacionamento dele com o meio ambiente. A pesquisa envolveu 50 produtores em Queimadas, que já foi o maior município produtor de fava da Paraíba. Verificamos que Queimadas, que possui cerca de 300 hectares de fava e toda a produção é feita em cerca de 2 hectares por produtor, no máximo. Nenhum ultrapassa essa área. Ou seja, o cultivo é feito por pequenos agricultores, em um sistema de agricultura de subsistência”, relata.

A fava não se caracteriza por ser uma cultivar de alta renda, mas sim de renda complementar e, por ser tardia, o agricultor acaba colhendo-a depois de outras culturas. Segundo Miguel, o papel da Embrapa é desenvolver um sistema de produção que alcance esses agricultores de subsistência e melhore alguns aspectos dessa cultura. “Pretendemos trabalhar no sentido de melhorar a produtividade e as qualidades culinárias da fava”, concluiu.

Banco de germoplasma da Embrapa

O melhoramento genético é uma parte essencial do trabalho da Embrapa e a manutenção dos recursos genéticos para viabilizar esse trabalho é feita por meio dos bancos de germoplama, que são materiais genéticos conservados in vivo (a campo) ou in vitro (em câmaras frias). O banco de germoplasma guarda a variabilidade genética e informações valiosas para o planeta e para a perpetuação de espécies.

O germoplasma é o elemento base dos recursos genéticos que possibilita o manejo da variabilidade genética dentro das espécies. Os bancos de germoplasma são unidades de conservação de materiais genéticos para uso imediato ou com potencial de usos no futuro, que guardam a variabilidade por meio da manutenção dos chamados “acessos”, que são pequenos lotes de sementes e mudas que entram nesses bancos.  

Os recursos genéticos vegetais consistem na diversidade de material genético contido nas variedades tradicionais e modernas cultivadas, bem como, espécies crioulas e outras plantas de espécies selvagens que podem ser usadas como alimento, ração para animais domésticos, fibras, energia, madeira, entre outros.

A Embrapa conta com de 164 bancos ativos de germoplasma no país comtemplando as mais variadas espécies de cereais, oleaginosas, fibrosas e leguminosas, hortaliças e codimentares, forrageiras, frutíferas, medicinais, aromáticas, corantes e inseticidas, ornamentais, florestais, palmeiras, raízes e tubérculos.

A Embrapa Algodão é atualmente responsável por manter os bancos de germoplasma de amendoim, gergelim, mamona e algodão, além de contar com uma vasta coleção de trabalho de fava.

 

Colaboração - Luana Medeiros - Estudante de Jornalismo/UEPB

Edna Santos (MTB/CE 1700)
Embrapa Algodão

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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