Projeto une ciência e produtores na busca de alternativas tecnológicas para o plantio de açaizeiros
Projeto une ciência e produtores na busca de alternativas tecnológicas para o plantio de açaizeiros
A irrigação é essencial para a produtividade do açaí em terra firme/ Foto: Ronaldo Rosa
A Embrapa Amazônia Oriental iniciou um projeto para o desenvolvimento e otimização de práticas de cultivo e manejo do açaizeiro visando o aumento da produtividade em áreas de terra firme da Amazônia. Para isso, conta com o envolvimento direto de produtores comerciais, em diversos estágios e formas de cultivo, para juntos, responderem tecnicamente a diversos gargalos, tais como adubação, irrigação, espaçamento, densidade de plantas, entre outros.
A busca por alternativas tecnológicas mais assertivas só tem crescido, acompanhando o mercado do fruto em plena expansão. O consumo do açaí no Brasil aumenta em média 15% a cada ano, gerando mais de R$ 40 milhões em receita. Crescem também as áreas de plantações de açaí em terra firme, já presentes em 17 estados do país e registros no país vizinho, a Guiana Francesa, segundo dados da Embrapa.
A produção anual do açaí plantado ainda é baixa, se comparada ao extrativo, que responde por mais de 90% de toda produção do país, mas os dados reiteram o interesse cada vez maior no plantio comercial do fruto amazônico que conquistou o mundo.
Edilson Brasil, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e líder do projeto, explica que assim como crescem os números de produtores, cresce a necessidade de um pacote tecnológico atualizado, abalizado pela ciência e validado pelos produtores, para otimizar recursos e aumentar a produtividade do fruto. Brasil comenta que, para alcançar dados e soluções de maneira mais rápida e assertiva, atendendo as urgências dessa parte da cadeia, a participação de produtores, empresários que já plantam e comercializam seus frutos, é essencial. “Queremos entregar um pacote tecnológico com indicações para a profissionalização do mercado”, afirma o pesquisador.
Um dos destaques do projeto, enfatiza o cientista, é responder a esses gargalos junto aos produtores, pois vivenciam diariamente as necessidades do plantio. “Percorremos vários municípios paraenses e pudemos verificar manejos dos mais diversos, com diferenças em material genético, espaçamentos, número de açaizeiros por hectare, assim como plantios perfilhados ou de uma única planta. Em algumas propriedades encontramos tecnologias avançadas como a adubação da lavoura por meio da irrigação, a fertirrigação”, exemplificou o pesquisador.
Produtividade e menos custos
O aumento de produção e otimização de insumos, gerando mais lucro e menos custos aos produtores estão entre os principais anseios de todo empresário rural. E para o açaí não é diferente, afirma Edilson Brasil.
Desde o lançamento pela Embrapa da primeira cultivar de açaizeiro para terra firme, a Açaí BRS Pará, em 2005, ao Açaí BRS Pai D’Égua, em 2019, muitos dados foram produzidos pelos pesquisadores indicando pacotes tecnológicos para a cultura. No entanto, completa o cientista, a pesquisa tem sido demandada pelos produtores por refinamento das informações, como por exemplo, a quantidade de água e de adubo para cada fase de desenvolvimento da planta, as quais o projeto pretende responder.
Mazillene Borges, agrônoma da Embrapa e membro do projeto, participou de diversas visitas em áreas de produtores este ano e pode verificar os diferentes manejos utilizados. Ela destaca que a união da pesquisa com os produtores pode acelerar as respostas e ainda aproxima a Embrapa, e a ciência produzida pela instituição, dos reais usuários das tecnologias. “Essa aproximação nos dá a real dimensão das necessidades dos produtos e das diferenças. O apoio dos produtores que sinalizaram positivamente no compartilhamento dos dados de suas propriedades e na instalação de experimentos serão essenciais não apenas aos resultados, mas na agilidade dessas respostas” comenta.
Produtores parceiros apostam no projetoFoto: Arquivo Fazenda Real A Fazenda Sonho Real, em Tailândia (PA), é uma das parceiras do projeto. Leonardo Martins, agrônomo responsável técnico, conta que o cultivo do açaí começou em 2010, no qual foram usados a BRS Pai D’Égua e outros materiais genéticos, assim como orientações da Embrapa. De acordo com o agrônomo, com o passar dos anos, foram avaliados resultados e as experiências de outros produtores, assim como novas informações de pesquisadores e técnicos da Embrapa, resultando em novas diretrizes para alguns tratos culturais na fazenda, a exemplo do espaçamento e uso de forrageiras nas entrelinhas. A produtividade média da fazenda está em 8 toneladas de fruto por hectare. “Nossa meta é chegar a 10 ton/ha nos próximos dois anos e para isso precisamos de todas as informações possíveis para que os cultivos sejam cada vez mais profissionais e produtivos”, ponderou.
Forrageiras nas entrelinhas do açaizal |
Kélem Cabral (MTb 1981/PA)
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