O processo tradicional de extração do óleo de andiroba pode ter o tempo de preparo reduzido de semanas para alguns minutos com o uso de uma prensa artesanal. O equipamento, desenvolvido pela Embrapa Amapá e aprimorado pela startup Inova Manejo, não necessita de eletricidade para funcionar e exige pouco esforço físico para ser operado. A inovação foi apresentada em curso sobre boas práticas para a extração de óleo de andiroba, no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), no mês de junho. “É uma diferença de tempo muito grande. Estamos ansiosas para contar com essa prensa na próxima safra da andiroba”, disse Claudecir dos Santos. Ela integra o Grupo de Trabalhadoras Artesanais e Extrativistas (GTAE), que utiliza o óleo de andiroba na produção artesanal de sabonetes, cremes hidratantes e repelentes. Segundo Claudecir, no processo que ela aprendeu com sua avó, do cozimento das sementes até o momento em que o óleo começa a escorrer, podem se passar cerca de 30 dias. “Vai mudar muito o nosso trabalho, que é bem difícil”, conclui. Boas práticas Além do uso da prensa, um conjunto de boas práticas devem ser adotadas para garantir a qualidade do óleo. Antes de serem prensadas, as sementes devem passar por um processo de secagem para reduzir a umidade, pois o excesso de água favorece a degradação e proliferação de microrganismos. Para a secagem, é indicado um secador solar artesanal. “Monitorando as sementes com uma balança portátil, é possível saber o momento em que o teor de umidade está adequado, pois elas se tornam mais leves”, explica o pesquisador Marcelino Guedes, da Embrapa Amapá. O uso da prensa também favorece a obtenção de um óleo de melhor qualidade, além do ganho de tempo. “Como as sementes não passam pelo processo de cozimento, que eleva a temperatura, o índice de acidez do óleo é reduzido e atende aos parâmetros estabelecidos pela Anvisa”, afirma Guedes. De acordo com o pesquisador, outro fator que eleva a qualidade é que, ao ser prensado, o óleo só tem contato com o aço inox da prensa e da bandeja. “É uma superfície inerte e de fácil higienização”, afirma. O custo do equipamento gira em torno de 4 mil reais, mas pode ser minorado se a madeira de sua estrutura for coletada na própria comunidade. Originalmente, a prensa artesanal foi projetada para extração de óleo de pracaxi, mas vem sendo testada com sucesso no processamento de outras sementes, entre elas a andiroba. Método tradicional não deve ser esquecido A andirobeira é uma árvore de grande porte, nativa da Amazônia, e cada fruto, em formato de ouriço, libera de sete a nove sementes. No processo tradicional de extração do óleo, as sementes são cozinhadas, passam algumas semanas em repouso e depois são abertas. Na etapa seguinte, a massa oleosa de seu interior é amassada em formato de bola e colocada em um plano inclinado, conhecido como “bica”. Ali, de cada bola, o óleo brota em um lento processo e escorre até um recipiente. Já com a prensa artesanal, as sementes não passam pelo cozimento. Depois de limpas, secas e trituradas, a massa é colocada na prensa e o óleo é extraído em alguns minutos. Apesar do ganho de tempo e de qualidade nos parâmetros exigidos pela indústria, Guedes entende que o método tradicional não deve ser esquecido. “Já há evidências científicas as quais sugerem que, para o uso medicinal, o óleo produzido na forma tradicional pode ser melhor que o óleo extraído na prensa”, explica. Atenção com a floresta A capacitação na qual foi apresentada a prensa artesanal, em Nova Ipixuna (PA), foi uma ação do projeto Sociobioeconomia da Andiroba, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental com recursos da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas. A iniciativa busca a melhoria dos processos de manejo, coleta de sementes e práticas silviculturais da andiroba no PAEX Praialta-Piranheira. Além das boas práticas para o processamento do óleo de andiroba, o projeto busca também a sustentabilidade da espécie que fornece a matéria-prima. As andirobeiras do assentamento vem sendo inventariadas e monitoradas em sua produção. De acordo com a pesquisadora Michelliny Bentes, da Embrapa Amazônia Oriental, os primeiros dados apontam para uma distribuição irregular da espécie na floresta e ausência de indivíduos mais jovens. Em razão disso, uma das atividades do projeto será o plantio de mudas de andiroba. “Antes de tudo, deve haver o cuidado com a floresta, mediante o manejo florestal sustentável”, conclui.
Foto: Vinicius Braga
Equipamento não necessita de eletricidade para funcionar
O processo tradicional de extração do óleo de andiroba pode ter o tempo de preparo reduzido de semanas para alguns minutos com o uso de uma prensa artesanal. O equipamento, desenvolvido pela Embrapa Amapá e aprimorado pela startup Inova Manejo, não necessita de eletricidade para funcionar e exige pouco esforço físico para ser operado.
A inovação foi apresentada em curso sobre boas práticas para a extração de óleo de andiroba, no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), no mês de junho. “É uma diferença de tempo muito grande. Estamos ansiosas para contar com essa prensa na próxima safra da andiroba”, disse Claudecir dos Santos. Ela integra o Grupo de Trabalhadoras Artesanais e Extrativistas (GTAE), que utiliza o óleo de andiroba na produção artesanal de sabonetes, cremes hidratantes e repelentes.
Segundo Claudecir, no processo que ela aprendeu com sua avó, do cozimento das sementes até o momento em que o óleo começa a escorrer, podem se passar cerca de 30 dias. “Vai mudar muito o nosso trabalho, que é bem difícil”, conclui.
Boas práticas
Além do uso da prensa, um conjunto de boas práticas devem ser adotadas para garantir a qualidade do óleo. Antes de serem prensadas, as sementes devem passar por um processo de secagem para reduzir a umidade, pois o excesso de água favorece a degradação e proliferação de microrganismos. Para a secagem, é indicado um secador solar artesanal. “Monitorando as sementes com uma balança portátil, é possível saber o momento em que o teor de umidade está adequado, pois elas se tornam mais leves”, explica o pesquisador Marcelino Guedes, da Embrapa Amapá.
O uso da prensa também favorece a obtenção de um óleo de melhor qualidade, além do ganho de tempo. “Como as sementes não passam pelo processo de cozimento, que eleva a temperatura, o índice de acidez do óleo é reduzido e atende aos parâmetros estabelecidos pela Anvisa”, afirma Guedes. De acordo com o pesquisador, outro fator que eleva a qualidade é que, ao ser prensado, o óleo só tem contato com o aço inox da prensa e da bandeja. “É uma superfície inerte e de fácil higienização”, afirma.
O custo do equipamento gira em torno de 4 mil reais, mas pode ser minorado se a madeira de sua estrutura for coletada na própria comunidade. Originalmente, a prensa artesanal foi projetada para extração de óleo de pracaxi, mas vem sendo testada com sucesso no processamento de outras sementes, entre elas a andiroba.
Método tradicional não deve ser esquecido
A andirobeira é uma árvore de grande porte, nativa da Amazônia, e cada fruto, em formato de ouriço, libera de sete a nove sementes. No processo tradicional de extração do óleo, as sementes são cozinhadas, passam algumas semanas em repouso e depois são abertas.
Na etapa seguinte, a massa oleosa de seu interior é amassada em formato de bola e colocada em um plano inclinado, conhecido como “bica”. Ali, de cada bola, o óleo brota em um lento processo e escorre até um recipiente.
Já com a prensa artesanal, as sementes não passam pelo cozimento. Depois de limpas, secas e trituradas, a massa é colocada na prensa e o óleo é extraído em alguns minutos.
Apesar do ganho de tempo e de qualidade nos parâmetros exigidos pela indústria, Guedes entende que o método tradicional não deve ser esquecido. “Já há evidências científicas as quais sugerem que, para o uso medicinal, o óleo produzido na forma tradicional pode ser melhor que o óleo extraído na prensa”, explica.
Atenção com a floresta
A capacitação na qual foi apresentada a prensa artesanal, em Nova Ipixuna (PA), foi uma ação do projeto Sociobioeconomia da Andiroba, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental com recursos da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas. A iniciativa busca a melhoria dos processos de manejo, coleta de sementes e práticas silviculturais da andiroba no PAEX Praialta-Piranheira.
Além das boas práticas para o processamento do óleo de andiroba, o projeto busca também a sustentabilidade da espécie que fornece a matéria-prima. As andirobeiras do assentamento vem sendo inventariadas e monitoradas em sua produção.
De acordo com a pesquisadora Michelliny Bentes, da Embrapa Amazônia Oriental, os primeiros dados apontam para uma distribuição irregular da espécie na floresta e ausência de indivíduos mais jovens. Em razão disso, uma das atividades do projeto será o plantio de mudas de andiroba. “Antes de tudo, deve haver o cuidado com a floresta, mediante o manejo florestal sustentável”, conclui.