09/08/24 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Especialistas debatem cenário da olivicultura no Brasil e em Portugal

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Foto: Elias Rodrigues

Elias Rodrigues - Live aborda desafios dos sistemas de produção nacionais para obtenção de azeites de qualidade

Live aborda desafios dos sistemas de produção nacionais para obtenção de azeites de qualidade

O cenário da olivicultura no Brasil e em Portugal foi tema da live “Azeite de oliva: conectando territórios e gastronomia” realizada na última quarta-feira (7) pela Embrapa. Especialistas discutiram os principais desafios dos sistemas de produção nacionais para obtenção de azeites de qualidade e as ações do País na regulamentação e fiscalização do processo produtivo e comercialização. Além disso, o evento mostrou a importância dos recursos genéticos e dos territórios para o processo de caracterização, tipificação e certificação de azeites portugueses.

O objetivo foi “tratar, principalmente, da relação que a agricultura tem com os territórios e com a alimentação, que é um tema muito caro para a Embrapa Alimentos e Territórios, Unidade da Embrapa que conecta toda a relação da produção de alimentos com a tipificação, com as características que os territórios levam para esses alimentos”, explicou o chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, Ricardo Elesbão

O pesquisador da Embrapa Clima Temperado Jair Costa Nachtigal apresentou uma linha do tempo sobre a olivicultura no Brasil, desde 1800, e abordou os desafios da produção de oliveiras no País. Também indicou como desenvolver e recomendar boas práticas para a produção de oliveiras. Ele acredita que há ainda muita tecnologia a ser desenvolvida e que é possível expandir a produção para outras áreas. “Cabe a nós aprendermos com quem tem mais experiência e já passou por fases que estamos passando agora, evitar alguns erros, buscando a associação com os territórios e as identidades”, ressaltou. 

A legislação brasileira que regulamenta a comercialização de azeite foi abordada pela  auditora fiscal federal agropecuária Helena Pan Rugeri, coordenadora-geral de Qualidade Vegetal (CGQV) do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). As ações de fiscalização do Mapa incluem programas nacionais de qualidade de produtos de origem vegetal e de prevenção e combate à fraude.

Em 2021, fiscalizações no mercado interno indicaram um índice de conformidade de 63%. Em 2024 o índice até agora é de 46% Com relação à fiscalização na importação com amostragem de produtos, em 2023, houve 58% de conformidade em laboratórios oficiais do Mapa e 96% em laboratórios credenciados. “Isso demonstra o trabalho da fiscalização na assertividade das ações”, de acordo com a fiscal. As fraudes são  rapidamente avisadas aos consumidores por alertas do programa PNFraude. Na última comunicação feita este ano 10 marcas foram retiradas do mercado.

A atuação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Olivicultura e do Azeite Brasileiros (INCT OABras) foi tema da apresentação de Humberto Bizzo, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos e vice-coordenador do INCT OABras. Ele mostrou a atuação do Instituto, que é composto por 18 instituições, com parceiros da Espanha, Itália e Uruguai. Os núcleos temáticos incluem sistemas de produção, fitopatologia, química e metabolômica, agroindustrialização e produção de azeite de oliva, análise sensorial, e coprodutos. 

Já os professores José Alberto Cardoso Pereira e Nuno Miguel de Sousa Rodrigues, do Centro de Investigação de Montanha (Cimo), ligado ao Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Portugal, apresentaram o Instituto e os trabalhos desenvolvidos. O país produz oliveiras de norte a sul, mas de forma diferenciada, de acordo com Pereira, diretor científico do Cimo. O cultivo ocupa 6% do território português. Em 2023 foram cultivados 330 mil hectares e extraídas 158 mil toneladas de azeite. A primeira região produtora é a do Alentejo, com 80% da produção.

Nuno Rodrigues falou sobre os produtos que estão sendo desenvolvidos para produção de derivados de azeitona. Ainda expôs eventos realizados sobre o processo de extração de azeite e degustação de produtos para a comunidade, especialmente estudantes, vivenciar a experiência e também para ampliar o consumo, além de incentivar o turismo, com roteiros de visitas a oliveiras centenárias.

Oficina de iniciação à prova de azeite

Os professores do Cimo também coordenaram uma oficina de iniciação à prova de azeite e harmonização na manhã do dia 7, para chefs de cozinha de Maceió, representando os seguintes estabelecimentos: Akuaba, Divina Gula, Jardim Secreto, Le Brulé, Nalva, Piccola Villa e Sur Ante. Participaram da atividade, ainda, pesquisadores e analistas da Embrapa Alimentos e Territórios.

O chef Paulo Farias, do Divino Gula, disse que é preciso promover mais desses eventos. “Precisamos cada vez mais dessa interação. Eu acredito que falta muito conteúdo nesse sentido, pra mão de obra, principalmente aqui em Alagoas, focado no Nordeste”, relatou. A diretora da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel Alagoas), Véga Vergetti, falou da oportunidade desse aprendizado. “Aprender não só o que é o azeite, como se cultiva e aprender também a experimentar. Experimentar, saber da qualidade do azeite e essa interação com os chefs de cozinha também é muito importante”, enfatizou.

Reunião técnica fortalece parcerias entre o Cimo e a Embrapa 

Na manhã de 8 de agosto, os professores do Cimo participaram de uma reunião técnica na Embrapa Alimentos e Territórios para discutir questões estratégicas de pesquisa e desenvolvimento. O encontro reforçou os laços entre as instituições e destacou novas oportunidades de cooperação.

Durante a reunião, Pereira apresentou uma visão abrangente do Cimo, que conta com cerca de 300 membros, incluindo 100 pesquisadores. Ele destacou que aproximadamente 60% dos estudantes de doutorado da instituição são brasileiros, evidenciando a forte ligação do Cimo com o Brasil.

A apresentação abordou as principais linhas de pesquisa do centro, que incluem estudos sobre abelhas, cadeias alimentares de produção, fertilidade do solo em áreas de montanha, valorização de resíduos de base biológica e o desenvolvimento de processos e produtos naturais. Pereira também ressaltou a relação estreita do Cimo com instituições científicas brasileiras, mencionando os 56 protocolos de cooperação com universidades do País, com ênfase na parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que possibilita a dupla diplomação para estudantes.

Elesbão destacou as conexões entre as linhas de pesquisa da Embrapa e do Cimo, especialmente em áreas como identificação de produtos típicos, exploração de nichos de mercado e valorização das vocações gastronômicas regionais. Segundo Elesbão, "a Embrapa já desenvolveu diversas iniciativas semelhantes às mencionadas pelos colegas do Cimo, e identificamos várias oportunidades para colaboração e intercâmbio de conhecimentos, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento de produtos e à promoção dos agricultores locais".

Certificação e Indicações Geográficas - Um dos tópicos abordados durante a reunião foi a certificação de origem geográfica, tema de grande relevância tanto na Europa quanto no Brasil. Na Europa, existem mais de 3.300 Indicações Geográficas (IGs) registradas, incluindo produtos alimentares, vinhos e bebidas. Estes sistemas de certificação, que na Europa são a Denominação de Origem Protegida (DOP), a Indicação Geográfica Protegida (IGP) e a Especialidade Tradicional Garantida (ETG), são essenciais para garantir a qualidade e a autenticidade dos produtos regionais. Portugal, por exemplo, possui 191 IGs registradas, distribuídas entre 140 DOPs e 51 IGPs, englobando vinhos, azeites, queijos, entre outros. Esses registros refletem a diversidade e a riqueza dos produtos portugueses.

No Brasil, o sistema de certificação está em expansão, com 103 IGs reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) até o momento. Essas são classificadas como Indicação de Procedência (IP), que se relaciona à tradição e notoriedade de uma região, e Denominação de Origem (DO), que vincula as características do produto ao meio geográfico de onde provém. As IGs brasileiras estão espalhadas por diversas regiões, reforçando a diversidade e a riqueza cultural do País.

A reunião técnica entre os representantes do Cimo e da Embrapa Alimentos e Territórios não só fortaleceu as relações institucionais como também apontou para novas possibilidades de colaboração, especialmente na área de certificação de produtos, com o objetivo de promover o desenvolvimento local e regional, de acordo com Elesbão.

Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Alimentos e Territórios

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Irene Lôbo (MTb 11.354/DF)
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