Construção de uma rede de interação e aprendizagem para a transferência de tecnologia na cadeia ranícola brasileira
Construção de uma rede de interação e aprendizagem para a transferência de tecnologia na cadeia ranícola brasileira
No Brasil, a cadeia do pescado tem sido afetada pela alta perecibilidade de seus produtos. Particularmente, a carne, parte mais utilizada na alimentação humana, possui elevados teores de proteína e umidade, o que facilita o desenvolvimento de microrganismos. Apesar das diversas soluções tecnológicas disponíveis na literatura e no próprio setor produtivo, este problema continua gerando muitos riscos (gastroenterites, dores de cabeça, hipotensão arterial, palpitações, etc.) para os consumidores, além de perdas de 30% da produção total ocorrida sobretudo nos circuitos de transporte. A falta de acessibilidade a tais soluções por parte significativa do setor de pesca e aquicultura é apontada como fator fundamental da ampla permanência do problema. A proposta definida para superar o problema, mediante uma abordagem multidisciplinar e sistêmica, foi concebida não apenas para recuperar soluções tecnológicas disponíveis, mas também para proporcionar sua acessibilidade. Nesse sentido, foi constituída uma equipe composta por 40 pesquisadores e analistas de 15 organizações de pesquisa, assistência técnica e extensão rural. Sua atuação contou com a colaboração de estabelecimentos agroindustriais do setor de pesca e aquicultura. Foram realizadas diversas atividades, tais como qualificação de extensionistas em técnicas de despesca e obtenção de derivados do pescado, capacitação de produtores e comerciantes em manipulação e conservação do pescado, repasse de tecnologias a empresas de processamento de pescado e adequação de um ambiente virtual de interação. Em termos de resultados obtidos, foram presencialmente capacitados 70 extensionistas e 80 produtores em vários estados do Brasil. Foram repassadas três tecnologias a empresas de processamento de pescado. O ambiente virtual foi implantado de maneira a manter funcionando um grupo online de interação e aprendizagem e um portal eletrônico de disponibilização de informações e conhecimentos. Nesse grupo, integrado por residentes do Brasil, México, Peru, Portugal e França, foram registradas mais de 6.000 mensagens postadas, reagrupadas em 1.057 tópicos. Além disso, houve publicação de matérias em revistas, entrevistas em rádios e matéria televisiva do Globo Rural. Um manual técnico sobre a ranicultura, redigido e publicado por integrantes da equipe, foi indicado como referência para aperfeiçoar o conhecimento dos atores da cadeia ranícola. Distribuído gratuitamente, o estoque de 300 exemplares impressos desse manual foi rapidamente esgotado. Com a intensificação de sua procura, o manual foi disponibilizado no portal sob forma eletrônica. A intensificação deliberada dessas atividades na cadeia produtiva da rã se justificou pelo fato de a ranicultura ter-se mostrado bastante rentável e pouco exigente em termos de investimentos financeiros. De fato, a ranicultura tem-se revelado um negócio econômico e tecnicamente viável em pequenas propriedades e, portanto, vem se destacando como uma opção econômica aos produtores rurais e peri-urbanos que se encontram à margem das condições exigidas pela agricultura de grande escala. A capacitação de extensionistas, o treinamento de produtores e a adequação do ambiente virtual foram elementos fundamentais para a construção participativa de uma rede sócio-técnica (denominada “Pescado em Rede”) que alcançou 520 membros em 2018 e tem facilitado a assistência técnica na cadeia.
Ecossistema: Äreas Costeiras, Extremo Sul, Floresta Atlântica
Situação: concluído Data de Início: Sun Apr 01 00:00:00 GMT-03:00 2012 Data de Finalização: Fri Sep 30 00:00:00 GMT-03:00 2016
Unidade Lider: Embrapa Agroindústria de Alimentos
Líder de projeto: Andre Yves Cribb
Contato: andre.cribb@embrapa.br
Palavras-chave: rede, cadeia ranícola, transferência de tecnologia, capacitação tecnológica, difusão de informações