A aparente pujança da produção de leite na região sudeste do estado do Pará, com elevado crescimento nos últimos vinte anos, não reflete a precariedade sobre a qual está alicerçada seus sistemas de produção tradicionais. A pecuária de leite no estado é caracterizada por apresentar sistemas produtivos pouco especializados, com modelo ineficiente de criação animal e baixo retorno econômico. O paradigma de produção extrativista existente provoca baixa produtividade e degradação ambiental, relegando à bovinocultura de leite o posto de atividade marginal, na qual não se produz riquezas, impacta o meio ambiente e desgasta demasiadamente o trabalhador. Em um local onde se busca alimentar os rebanhos exclusivamente a pasto, os problemas na condução das fazendas leiteiras estão relacionados à degradação das pastagens, à falta de alimento na época seca, à falta de rigor no controle sanitário, à falta de controle no manejo reprodutivo, à falta higiene na ordenha e à fraca base genética para produção de leite. Neste contexto, é notório que o conhecimento tradicional e a cultura regional, aliadas a falta de incentivo, escassez de informação e falta de acompanhamento técnico perpetuam a situação apresentada. Para reverter o cenário existente, foi criado um projeto de transferência de tecnologia em bovinocultura de leite para o sudeste do estado do Pará com o objetivo de capacitar multiplicadores e demonstrar a viabilidade de sistemas de produção de leite com base em pastagens, através de ferramentas que buscam especificamente: capacitação de técnicos e produtores; apresentação de soluções em alimentação, reprodução e sanidade animal; apresentação de alternativas de suplementação volumosa para seca; melhoria da base genética leiteira; divulgação de boas práticas de ordenha; levantamento do custo/benefício da adoção de tecnologias; levantamento do mercado lácteo e impacto social. A proposta buscará a parceria com instituições ligadas ao setor rural e produtores referência da região do entorno de Marabá, visando selecionar agentes de mudança para que sejam multiplicadores das ações do projeto. O projeto está dividido em cinco planos de ação (PA), o PA1 – Gestão – criará um comitê gestor que distribuirá o orçamento e atividades de acordo com a cronologia das ações do projeto, cabendo ainda acompanhar as atividades, reconduzir processos, cobrar relatórios e avaliar os impactos gerados. A transferência de tecnologias se dará através do PA2 – Boas práticas em bovinocultura de leite –, pela realização de cursos de capacitação, dias de campo, criação de unidades de aprendizagem tecnológica (UAT) e desenvolvimento de materiais técnico-científicos dissertativos. Os temas principais a serem abordados nessas atividades estão relacionados à pastagem, nutrição animal, manejo reprodutivo e sanitário, higiene de ordenha e melhoramento genético. Além do PA2, no PA3 – Levantamento produtivo, econômico e financeiro – será balizado os custos/benefícios das mudanças sugeridas, dando credibilidade ao processo de transferência de tecnologia e justificando a adoção das tecnologias propostas no projeto, este PA estará incumbido de gerar índices que demonstrem, ou não, a viabilidade econômica dos sistemas de produção apresentados nas UAT. O PA4 - Captação e mercado do leite - avaliará a característica e a capacidade do mercado lácteo regional. Por fim, o PA5 – Comunicação e informação – estará encarregado de dar publicidade às atividades do projeto, levar a imagem da Embrapa ao setor produtivo, dar apoio aos eventos e contribuir na publicação dos materiais de cunho técnico-científicos produzidos. Com a iniciativa proposta espera-se que seja demonstrada a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental da adoção de novas tecnologias. Espera-se impactar com o aumento de 20% na produção dos produtores atendidos, com a geração de indicativos de redução de sazonalidade da produção e com a mudança de paradigma de produção existente no sudeste do estado do Pará