A cevada pode ser utilizada como cereal de duplo-propósito objetivando-se a produção de forragem precoce e grãos que podem ser também utilizados na forma de feno e silagem. Solos ácidos limitam o desenvolvimento da cevada sendo que, neste tipo de solo, ocorre a solubilização do alumínio trivalente (Al3+) que é responsável por reduzir o crescimento radicular e diminuir a absorção de nutrientes e água. Embora o pH do solo possa ser corrigido, esta correção pode ocorrer apenas em uma pequena faixa da superfície do solo. Assim, uma prática eficiente é o uso combinado da correção do pH do solo juntamente com cultivares tolerantes ao Al3+. A cevada, além de ser altamente sensível ao Al3+, apresenta baixa variabilidade genética para esta característica e, desta forma, o uso de plantas geneticamente modificadas (por transgenia e/ou cisgenia) deve ser considerado. Um importante mecanismo de tolerância ao Al3+ em plantas é a exsudação de ácidos orgânicos pelo sistema radicular que, uma vez exsudados, ligam-se ao Al3+ presente no solo reduzindo ou anulando sua toxicidade. Dois genes que codificam transportadores de ácidos orgânicos já foram utilizados para a obtenção de plantas geneticamente modificadas (GM) de cevada, sendo uma linha obtida pela transformação com o gene TaALMT1 de trigo (transgene) sob comando do promotor da ubiquitina (ubi) de milho e outra com o gene HvAACT1 da própria cevada (cisgene) também sob comando do promotor ubi. Até o momento, não há registro na literatura da obtenção de uma única linha GM de cevada expressando o transgene e o cisgene conjuntamente e, além disso, a melhoria da tolerância ao Al3+ nas linhas expressando TaALMT1 ou HvAACT1 foi relatada apenas em regime de contenção. Assim, o objetivo geral deste projeto é obter maior tolerância a solos ácidos em cultivares de cevada adaptadas ao Brasil pelo aumento da expressão do transgene TaALMT1 e do cisgene HvAACT1 e avaliar a percepção de uso destas plantas para alimentação animal junto a cadeia produtiva. O projeto conta com a colaboração de pesquisadores da Embrapa Trigo, da Embrapa Gado de Leite e do CSIRO Agriculture and Food (Austrália).