A produção brasileira de peras é pequena, apesar da existência de um grande mercado consumidor interno. No cenário atual, o Brasil importa cerca de 90% da pera consumida no país, atingindo valores de importação superiores aos obtidos com as exportações de maçãs. Dentre os fatores que desestimulam a produção nacional de peras, destaca-se a inexistência de sistemas de produção e de manejo pós-colheita minimamente estabelecidos, bem como a baixa qualidade das peras produzidas em comparação com as importadas. Diante desta realidade, buscou-se desenvolver e adaptar tecnologias que possibilitem a oferta, ao consumidor, de peras in natura de elevada qualidade sensorial e nutricional. Peras de cinco cultivares de origem europeia (Rocha, Packham’s Triumph, Bartlett, Santa Maria e Abate Fetel), provenientes da região dos Campos de Cima da Serra (RS), e colhidas em três estádios de maturação, foram caracterizadas quanto à composição química, aos atributos físicos e químicos de qualidade e à aceitabilidade. Para as mesmas cultivares, foram geradas informações relativas ao estádio de maturação ideal para a colheita, período mínimo necessário para o condicionamento por temperatura e período máximo tolerado de armazenamento refrigerado, além de informações quanto à sensibilidade à manifestação de danos mecânicos e à ocorrência de podridões em pós-colheita. Dentre os produtos gerados, destacam-se a proposta de adequação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Pera (atual Instrução Normativanº 3 de 02 de fevereiro de 2006, emitida pelo MAPA) e uma versão prévia das Normas de Classificação da Pera, vinculada ao Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura. O projeto teve duração de dois anos e proporcionou um grande avanço no conhecimento referente ao comportamento pós-colheita de peras europeias. Com os conhecimentos gerados, divulgados na forma de dias de campo, palestras e artigos técnicos e científicos, espera-se melhorar a qualidade das peras europeias produzidas no país.