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Com alho livre de vírus, a produção de Cristópolis/BA triplicou em dez anos
Foto: Agência de Notícias - Embrapa
Com alho livre de vírus, a produção de Cristópolis/BA triplicou em dez anos
Quando os produtores de alho de Cristópolis reuniram-se no I Seminário Regional do Alho, no último dia 12 de dezembro, ficaram impressionados com os resultados da tecnologia do alho livre de vírus (ALV) apresentados pelo pesquisador Francisco Vilela, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF). Implantada em 2002, a tecnologia precisou apenas de uma década para alavancar a produção de 700 toneladas/ano para aproximadamente 2000 toneladas/ano.
De acordo com Vilela, anteriormente os produtores classificavam o alho e os bulbos (cabeças) menores eram utilizados como sementes para o próximo plantio, o que prejudicava a qualidade da cultura. "Havia um ciclo vicioso e, com essa prática, o alho plantado ia se tornando cada vez pior", comenta.
Com a chegada do alho-semente livre de vírus, a equipe da Embrapa preocupou-se com o fato de que os agricultores pudessem ficar tentados em comercializá-las ao invés de plantá-las. "Como a semente do ALV era melhor do que o alho que eles colhiam, tivemos que realizar um trabalho de conscientização para evitar que aquele material fosse destinado ao comércio", relembra o pesquisador.
Hoje, após resistida a tentação e passados dez anos da tecnologia, o município baiano apresenta números impressionantes, segundo dados do IBGE. A produtividade das lavouras de alho saltou de 3 t/ha para 16 t/ha e a produção triplicou, embora a área plantada tenha reduzido de 200 ha para 120 ha.
Foi possível, ainda, observar a alta porcentagem de alho de melhor qualidade, com bulbos maiores. Se antes os produtores recebiam R$ 0,93/kg, remuneração muito abaixo da média da Bahia e do Brasil, atualmente, eles tem motivos para comemorar. Com alhos maiores e melhores, o valor pago aos produtores de Cristópolis aumentou para R$ 4,50/kg, ou seja, é 380% maior que dez anos atrás. Com essa quantia, eles ultrapassaram o valor médio pago no estado e no País e a receita do município com o alho saltou de R$ 700 mil para R$ 9 milhões por ano.
Com gestão familiar, cerca de 200 propriedades cultivam alho em Cristópolis e a produção costuma ser escoada para as regiões Norte e Nordeste. "Há também indústrias processadoras de São Paulo que vão até lá para comprar alho, já que ele sai mais barato que o alho importado e possui mais qualidade e sabor", relata o pesquisador, homenageado durante o seminário.
A Secretaria Municipal de Agricultura e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cristópolis entregaram-lhe uma placa de reconhecimento pelo trabalho que ocasionou tamanho impacto socioeconômico. "Toda a equipe dedicou muito tempo e esforço para que a tecnologia fosse bem-sucedida em Cristópolis, primeira cidade a receber o alho-semente livre de vírus. Por isso, observar que o trabalho realmente modificou a vida das pessoas é muito gratificante. Eu diria que é mais gostoso receber essa placa do que ter um artigo publicado na Nature", declara o pesquisador que acredita que o papel da Embrapa é justamente desenvolver tecnologias para a melhoria da agricultura brasileira.
Paula Rodrigues (MTB 61.403/SP)
Embrapa Hortaliças
(61) 3385-9109
paula.rodrigues@cnph.embrapa.br
Embrapa Hortaliças
Mais informações sobre o tema
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